Guerra

''Não desistimos do povo sírio'', diz Kerry após desavenças com Rússia

EUA suspenderam negociação de paz em conjunto com a Rússia; ''Continuaremos buscando uma cessação de hostilidades'', afirmou o secretário de Estado norte-americano; ele critica o uso "deplorável" que Assad fez de gás cloro e bombas-barril

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44
(Com sangue no rosto e coberta de pó, menina reage assustada ao ser socorrida)

Washington - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, criticou a Rússia ontem pela "decisão irresponsável e profundamente imprudente" de apoiar o presidente da Síria, Bashar al-Assad, e disse que os esforços para acabar com a guerra síria devem continuar, apesar da decisão dos EUA de suspenderem as conversações com Moscou.

"Quero deixar claro que não estamos desistindo do povo sírio e que não estamos abandonando a busca pela paz", disse Kerry em um discurso feito em Bruxelas. "Continuaremos buscando uma cessação das hostilidades significativa, sustentável, aplicável em todo o país, e isso inclui manter aeronaves de combate sírias e russas no solo em áreas designadas".

Na segunda-feira, 3, os EUA suspenderam as conversas que vinha tendo com a Rússia sobre a implementação de um acordo de cessar-fogo na Síria, acusando Moscou de não cumprir a parte que lhe cabe do acordo detendo os combates e fazendo com que a assistência humanitária chegue a comunidades sitiadas.

Kerry disse que os EUA irão trabalhar para criar as condições para a retomada das conversas de paz e acrescentou que Rússia e Síria "sabem exatamente o que precisam fazer".

Ele sustentou que a Rússia fez "vista grossa" para o uso "deplorável" que Assad fez de gás cloro e bombas-barril e insinuou que estão optando por uma política de terra arrasada ao invés da diplomacia.

"Onde criam um deserto, chamam isso de paz", afirmou, citando o historiador romano Tácito. Kerry disse que, se a Rússia fosse séria a respeito da paz, teria que se comportar de forma diferente daquela que demonstra atualmente na Síria.

Enfrentamentos

Rebeldes sírios e forças leais ao ditador Bashar al-Assad intensificaram ontem seus enfrentamentos na cidade de Aleppo, no norte de Síria. Áreas controladas pelo regime sírio foram atingidas nesta terça-feira por foguetes lançados por rebeldes, deixando ao menos seis mortos e 47 feridos, segundo a mídia estatal.

Um dos locais atingidos foi a Faculdade de Ciências da Universidade de Aleppo. O ataque deixou dois estudantes mortos, segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que tem sede no Reino Unido.

Aleppo é uma das maiores cidades da Síria e uma das principais frentes de batalha da guerra civil atualmente. Controlada por grupos rebeldes, alguns dos quais apoiados pelos EUA, a cidade se encontra sitiada pelas forças do regime sírio.

Nas áreas controladas por grupos insurgentes, as tropas do regime sírio realizam uma ofensiva atacam a cidade pelo sul para tentar retomar áreas controladas por rebeldes. Rebeldes disseram ter conseguido repelir nesta terça um ataque do regime contra um bairro em disputa;

A ofensiva das tropas leais a Assad é acompanhada por bombardeios das forças aéreas da Síria e da Rússia.

A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que 270 mil pessoas estejam cercadas em Aleppo. Segundo o Observatório, ao menos 420 pessoas morreram e mil ficaram feridas na cidade, principalmente nas áreas controladas pelos rebeldes, desde o fracasso de um cessar-fogo promovido pelos EUA e pela Rússia há algumas semanas. Hospitais e postos de saúde da cidade têm sido atacados frequentemente.

Mais

A Rússia informou ontem que sua embaixada em Damasco havia sido bombardeada no dia anterior. Segundo nota da chancelaria do país, dois foguetes atingiram o prédio da embaixada e um foguete caiu perto do complexo residencial. O ataque, que não deixou feridos, foi atribuído à filial síria da rede terrorista Al Qaeda.

A chancelaria russa disse também que o ataque é resultado das políticas dos Estados Unidos e de seus aliados, as quais "intensificam a matança na Síria".

Frase

"Quero deixar claro que não estamos desistindo do povo sírio e que não estamos abandonando a busca pela paz"

John Kerry

Secretário de Estado norte-americano

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