Na boca do forno

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45

Pouco antes de maio, a tradicional feira de petróleo Rio Oil & Gas — que se realiza de dois em dois anos — sofreu uma onda de cancelamentos nas reservas. Além da crise do próprio setor, o ambiente econômico no Brasil estava contaminado pelo quadro político, que se deteriorava rapidamente. A chamada mudança de expectativas ocorreu com o afastamento de Dilma Rousseff e houve uma reversão, com mais expositores do que o esperado para a feira, que acontecerá agora, de 24 a 27 de outubro, em dois pavilhões do Riocentro. O temário do congresso que acontece em paralelo também se enriqueceu, com o setor de petróleo na eminência de uma transformação no Brasil tão importante quanto a de 1997.
O súbito interesse tem a ver com o que se passa na Petrobras. Além da definição do que a companhia pretende efetivamente fazer nos próximos cinco anos, novos atores estão assumindo áreas que antes a estatal nem deixava que chegassem perto. É o caso da rede de gasodutos, dos campos maduros — com produção em declínio — em terra e no mar, das termelétricas. Grandes fundos internacionais voltaram a sondar o Brasil, buscando informações sobre o que está para mudar na legislação.
Até a Rio Oil & Gas, é possível que a Câmara dos Deputados aprove o projeto de lei que desobriga a Petrobras de ser a operadora única dos futuros campos do pré-sal e da participação compulsória nos consórcios vencedores das licitações para exploração desses blocos. Outros ajustes estão na agenda, como as exigências de conteúdo local nos investimentos do setor. Regras mais realistas estão sendo aguardadas. A indústria ainda espera a prorrogação do regime especial de tributação (Repetro), que na prática livra de impostos os investimentos. Com os preços do petróleo em torno de US$ 50 o barril, investimentos taxados em 20% dificilmente se concretizarão. E alguns estão na boca do forno, aguardando tal definição.
A Rio Oil & Gas terá, pela primeira vez, um fórum internacional voltado para a nova geração de profissionais do setor. Participarão apenas os que têm até 35 anos.

Enxergando bem
Nos últimos 12 meses, o varejo do mercado óptico em geral encolheu 22%. A maior queda se deu na venda de óculos de sol e outros apetrechos. Muita gente perdeu emprego, ficou sem plano de saúde, adiou consultas regulares ao oftalmologista ou postergou a troca de óculos de grau. Mas o impacto negativo sobre a indústria tem sido menos terrível do que o sofrido pelo varejo. Uma das líderes na produção de lentes de grau (marcas Varilux, Transitions e Cryzal), a francesa Essilor espera crescer este ano no Brasil, surpreendentemente. E a razão está na inauguração de uma segunda fábrica em Manaus, onde passou a produzir lentes de policarbonato, antes importadas. A diferença de preços entre as de policarbonato e as de resina caiu para 25%. Antes chegavam a custar de 40% a 400% a mais.
O policarbonato é um tipo de lente que, nos EUA, é obrigatório para crianças (pais têm de assinar uma declaração se responsabilizando se optarem por outra lente). A Essilor é uma multinacional com controle acionário pulverizado. Um em cada quatro empregados é acionista (no Brasil, essa relação ainda é de um para cinco). Os EUA respondem por metade da receita do grupo, mas o mercado brasileiro já aparece entre os três primeiros lugares nos diferentes tipos de lentes que eles produzem. E o potencial para crescer é grande, pois acredita-se que 30% dos brasileiros com deficiência visual ainda não usam óculos.

Nas quintas lisboetas
Na certidão de nascimento ele seria Andrzej Franciszek Spitzman Jordan. Mas isso se tivesse ficado em Varsóvia, na sua terra natal (na verdade, nasceu em uma cidade que hoje pertence à Ucrânia, pois as fronteiras “andaram” por ali logo após a Segunda Guerra Mundial). Teve sorte de a família conseguir fugir da Polônia ocupada pelos nazistas e acabou parando por estas bandas, onde se criou e passou a ser simplesmente André Jordan. O pai, Henryk, concebeu o famoso Edifício Chopin — homenagem ao grande músico e compositor polonês —, vizinho do Copacabana Palace, na Avenida Atlântica.
André levou adiante o trabalho do pai. Aos 83 anos, mantém-se ativo nos negócios. Jordan foi incorporador de empreendimentos de peso em Portugal, como a célebre Quinta do Lago, no Algarve. Agora lançou a segunda fase do Belas Clube Campos, em Lisboa. A região anteriormente era tomada por quintas de fim de semana e, por isso, está cercada de áreas verdes. Há alguns anos ficava de fato no campo, mas hoje está na Grande Lisboa, com acesso rápido ao centro por estradas modernas. Os bancos não podem financiar empreendimentos imobiliários em Portugal ou na Espanha até que o mercado se reequilibre, mas o Belas é classificado como projeto em andamento: 650 famílias já vivem lá. As propriedades (casas e apartamentos) custam de € 400 mil a € 600 mil. Como sabe que muitos brasileiros andam interessados no mercado português, Jordan abriu uma loja temporária no Rio.
Ele sente orgulho de cada um desses empreendimentos. E, meio emocionado, olhando para trás, sente que fez seu papel para reafirmar que “o nazismo não venceu”.

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