Guerra na Síria

Aleppo sofre pior ''catástrofe humanitária'' da guerra síria, diz ONU

Ataques dos últimos dias mataram pelo menos 320 civis; leste de Aleppo é alvo de bombardeios do governo com o apoio da Rússia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45

Aleppo - A parte leste de Aleppo, alvo de bombardeios do governo sírio com o apoio da Rússia, vive a pior "catástrofe humanitária" na guerra da Síria, advertiu nesta quinta-feira (29) o chefe humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU), Stephen O'Brien.

"O leste de Aleppo, neste momento, não está à beira do precipício. Está em uma terrível queda no abismo impiedoso e implacável de uma catástrofe humanitária como nenhuma das que vimos na Síria", disse O'Brien, no início de um discurso perante o Conselho de Segurança.

Segundo ele, os ataques dos últimos dias mataram pelo menos 320 civis, sendo mais de 100 eram crianças, e feriram ao menos 756.

Na quarta-feira ao amanhecer, os dois principais hospitais do leste de Aleppo ficaram fora de serviço, um devido a um ataque aéreo e o outro por um disparo de artilharia, segundo a Syrian American Medical Society (SAMS), uma ONG médica com sede nos Estados Unidos.

Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), ao menos dois pacientes morreram e dois membros da equipe médica ficaram feridos nos ataques, classificados de "crime de guerra" pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Ataques
A Rússia disse prosseguirá com a campanha de bombardeios aéreos em apoio às forças militares do presidente Bashar al-Assad, apesar dos reiterados apelos dos Estados Unidos pelo fim dos ataques contra os bairros rebeldes em Aleppo.

"Moscou prosseguirá sua operação aérea em apoio à luta antiterrorista das Forças Armadas sírias", declarou a jornalistas Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

Os voluntários sírios, conhecidos como “capacetes brancos”, resgataram uma menina de 5 anos dos escombros de um prédio que foi atingido por um bombardeio, na cidade de Aleppo, informou o Bom Dia Brasil nesta quinta. A menina passa bem, mas os pais dela, que estavam no prédio, não resistiram. Outras duas famílias que estavam no imóvel também morreram.

Proposta de pausa
Rússia chegou a propor uma pausa de 48 horas para que a ajuda humanitária pudesse chegar à região de Aleppo. Porém, os Estados Unidos pedem para que a pausa se prolongue por sete dias, o que os russos não aceitam.

"Esse prazo [uma semana] é totalmente suficiente para que os grupos terroristas possam conseguir munição, descansar seus combatentes e reagrupar suas forças", afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov.

Já o secretário de Estado americano, John Kerry, alertou nesta quinta-feira à Rússia que os Estados Unidos estão prestes a suspender as discussões sobre o conflito na Síria devido aos ataques na cidade de Aleppo.

"Acho que estamos a ponto de suspender as negociações porque é irracional, no atual contexto, com os bombardeios acontecendo, ficar sentado aqui, tentando encarar as coisas seriamente", comentou Kerry.

"Não há noção ou indicação de um propósito sério diante do que está acontecendo agora", afirmou em coletiva na capital americana.

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