Iraque

700 mil civis devem fugir de Mossul em ofensiva contra EI

Para acolhê-los, Acnur está montando 11 campos de refugiados; ofensiva do exército iraquiano pretende recuperar a cidade em poder do Estado Islâmico; estima-se que na cidade de Mossul, no norte do Iraque, vivem entre 2,2 e 2,5 milhões de pessoas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
( Após recuperar cidade próxima (Shirqat), Exército do Iraque fará ofensiva contra Mossul)

Iraque - A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) disse ontem que está preparando os últimos detalhes para poder acolher até 700 mil pessoas que devem fugir de Mossul, no norte do Iraque, após a ofensiva do exército iraquiano, que pretende recuperar a cidade ocupada pelo Estado Islâmico (EI).

Estima-se que nessa cidade vivem entre 2,2 e 2,5 milhões de pessoas, e o Acnur considera que, após o ataque de reconquista da cidade, cerca de 700 mil civis devem fugir dos combates.

Para acolhê-los, a Acnur está montando 11 campos de refugiados, alguns dos quais já estão prontos, enquanto outros ainda estão em fase de planejamento, já que a ONU não conta com terrenos disponíveis para construí-los.

"Precisamos de grandes quantidades de terreno. E isso não é fácil de conseguir, porque muitas são terras particulares", disse em entrevista coletiva Brudo Geddo, representante da Acnur no Iraque.

Além disso, o funcionário internacional lembrou que o tempo pressiona, já que é muito difícil construir um campo e a ofensiva do exército pode ocorrer nas próximas semanas.

É por isso que a Acnur também está colocando barracas em lugares próximos a Mossul, enquanto constroem os campos, para montar alojamentos de emergência onde será possível acolher os primeiros deslocados.

"A ideia é que os acampamentos acolham os deslocados por um longo período e que as barracas funcionem como alojamentos de emergência", explicou Geddo.

Sem recursos

De todas as formas, o maior problema é a falta de recursos financeiros, já que do total de US$ 196 milhões solicitados pela Acnur para fazer frente a esta emergência, a entidade só conseguiu 33%. "E isso considerando que o êxodo já começou", lamentou Geddo.

De acordo com os dados da Acnur, desde maio, quando foi confirmado que o exército iniciaria uma ofensiva para retomar a cidade das mãos dos jihadistas, mais de 65 mil pessoas fugiram de Mossul e foram acolhidas pela entidade.

"Necessitamos do dinheiro agora, não vai adiantar se os doadores começarem a fornecer recursos quando a crise já estiver na tela da televisão", advertiu Geddo.

O representante da Acnur no Iraque opinou que a tomada da cidade não será fácil e que teme que os jihadistas do EI usem os civis como "escudos humanos".

No entanto Geddo disse estar esperançoso de que a tomada de Mossul será o prelúdio do fim do EI e que os iraquianos poderão desfrutar de um longo período de paz e estabilidade.

Frase

"Precisamos de grandes quantidades de terreno. E isso não é fácil de conseguir, porque muitas são terras particulares"

Brudo Geddo

Representante da Acnur no Iraque

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