Violência

Vídeo mostra homem sendo morto pela polícia em Charlotte

Imagens foram feitas por Rakeya, mulher de Keith Lamont Scott; protestos violentos pressionam a polícia, que se recusa a divulgar vídeo; após uma série de confrontos, o governador da Carolina do Norte, Pat McCrory, decretou estado de emergência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
( Keith Lamont Scott já no chão, após ser baleado por policiais em Charlotte )

(Foto: Reprodução/MSNBC)

Carolina do Norte - Um vídeo que mostra o momento em que Keith Lamont Scott foi morto por um policial em Charlotte, na Carolina do Norte, foi exibido na sexta,23, pela emissora NBC. As imagens foram registradas pela mulher de Keith, Rakeyia.

A polícia se recusa a divulgar os vídeos filmados pelas câmeras presas aos uniformes dos policiais, alegando que isso poderia interferir nas investigações.

Manifestantes saíram às ruas de Charlotte nas últimas três noites para exigir a divulgação das imagens e a punição dos policiais envolvidos. Houve violência e um homem foi baleado e morto durante os protestos.

No vídeo, é possível ver viaturas cercando o carro de Keith, enquanto Rakeyia grita para que eles não atirem e pede que não quebrem a janela do veículo. Ela diz que o marido não está armado, que teve um traumatismo craniano e acabou de tomar seu medicamento. Pouco depois ela grita “Keith, não faça isso” várias vezes, aparentemente porque o homem não estava obedecendo às ordens dos policiais para sair rapidamente.

As imagens não mostram Keith sendo baleado, mas é possível ouvir o barulho de diversos disparos. Rakeyia corre para se aproximar e, ao ver o marido já no chão, pergunta "vocês atiraram nele?", e grita que “é melhor que ele não esteja morto”, brigando com os policiais e pedindo que alguém chame uma ambulância.

Os três policiais que abordaram Keith, pouco depois das 16h em um estacionamento, estavam no local para procurar outro homem que tinha um mandado de prisão. Eles alegam que, ao chegar, viram Keith saindo e voltando para dentro de seu carro com uma arma na mão. A família nega que ele tivesse uma arma e diz que ele estava lendo um livro enquanto esperava um de seus sete filhos sair da escola.

O policial acusado de atirar, Brentley Vinson, também é negro. Ele não usava uniforme, apenas um colete da polícia, e por isso não tinha uma câmera registrando a abordagem. Os outros dois policiais que o acompanhavam, porém, estavam uniformizados. São as imagens das câmeras deles que a polícia se recusa a divulgar. Vinson faz parte do Departamento de Polícia de Charlotte-Mecklenburg desde 2014 e foi afastado durante as investigações.

Emergência
Após uma série de confrontos entre manifestantes e policiais, o governador da Carolina do Norte, Pat McCrory, decretou na quinta-feira estado de emergência em Charlotte. Integrantes da Guarda Nacional foram enviados à cidade. No mesmo dia morreu em um hospital Justin Carr, um negro de 26 anos que se encontrava em estado "crítico" após ser baleado durante uma das manifestações.

A prefeita de Charlotte, Jennifer Roberts, decretou um toque se recolher a partir da zero hora de sexta, mas centenas de pessoas não obedeceram à determinação. Apesar disso, ela disse que manterá a ordem por diversos dias, sempre entre meia-noite e 6h da manhã.

Suspeito - A polícia de Charlotte informou na sexta-feira,23, que deteve um suspeito no caso do manifestante baleado na cidade de Charlotte, nos Estados Unidos, durante os protestos de quarta-feira,21, pela morte de um negro em uma ação da polícia. Carr morreu nesta quinta-feira,22, no hospital. O suspeito se chama Rayquan Borum.

Centenas de pessoas desafiaram, na última noite, o toque de recolher que entrou em vigor a partir de meia-noite (hora local) após os distúrbios registrados esta semana pela morte do afro-americano Keith Lamont Scott .

Percebendo que os manifestantes, que protestavam de forma pacífica, não tinham intenção alguma de deixar as ruas, a polícia optou por esperar. Por volta da 1h30 (hora local), a maioria das pessoas tinha deixado o protesto.

Na quarta, centenas de manifestantes saíram às ruas da cidade pela segunda noite consecutiva após Scott ser morto por um policial na terça. O governador da Carolina do Norte declarou estado de emergência na cidade por conta de distúrbios. O chefe da polícia, Kerr Putney, informou que 44 pessoas foram detidas na noite de quarta.

O confronto começou após uma vigília que começou pacificamente em homenagem a Scott. Após terem sido cercados por uma multidão e se refugiarem em um hotel, policiais dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha.

"Não podemos tolerar a violência. Não podemos tolerar a destruição de propriedades e não toleraremos os ataques contra nossos policiais que acontecem neste momento", afirmou o governador Pat McCrory ao canal CNN.

Morte de Keith Scott
Os manifestantes estão convencidos de que Scott foi vítima de um erro flagrante. Scott foi morto na noite de terça-feira. Segundo as autoridades, ele estava armado e se negava a abaixar uma arma de fogo quando foi morto. O agente que disparou contra ele foi suspenso e aguarda os resultados de uma investigação administrativa.

Os parentes negaram que a vítima estivesse armada e afirmaram que portava apenas um livro que lia enquanto esperava que um filho seu saísse da escola.

O chefe da polícia explicou que o agente que atirou, Brentley Vinson, não tinha uma câmera pessoal instalada em seu uniforme, mas que outros agentes que se encontravam no local possuíam o equipamento.

Guarda Nacional
Charlotte era patrulhada nesta quinta-feira por militares da Guarda Nacional, enviados para conter os manifestantes que protestam contra a morte deScott. "Centenas" de membros suplementares das forças da ordem tentaram impedir, nesta quinta-feira, os saques e confrontos registrados nas noites precedentes.

"Temos agora os recursos que nos permitem proteger a infraestrutura e ser mais eficientes", disse em entrevista coletiva o chefe da polícia desta cidade da Carolina do Norte, Kerr Putney.

A tensão racial aumentou nos Estados Unidos nos últimos dois anos por uma sucessão de abusos e atos de violência da polícia, que terminaram com a morte de homens negros, desarmados na maioria dos casos.

O presidente Barack Obama ligou na quarta-feira para os prefeitos de Charlotte e de Tulsa, Oklahoma, onde na sexta-feira passada,16, um policial matou outro afro-americano que estava desarmado.

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