Guerra

Aleppo tem intensos ataques antes de ofensiva do regime sírio

Dois centros de socorristas voluntários foram atingidos; segundo ONG, ao menos 27 pessoas morreram nos bombardeios

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
(Membros da Defesa Civil resgatam crianças após ataque aéreo na cidade síria de Aleppo )

Síria - As bombas voltaram a cair na sexta-feira,23, sobre os bairros rebeldes de Aleppo, onde intensos ataques aéreos do regime sírio e seu aliado russo causaram mortes e destruição como prelúdio de uma ampla operação terrestre. Até agora, ao menos 27 civis morreram, informou a organização Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), atribuindo os ataques a "helicópteros e aviões de guerra russos".

Os bombardeios se sucedem de forma incessante, relata o jornalista da AFP presente na parte rebelde de Aleppo. Os prédios estão totalmente destruídos e não há como socorrer os habitantes, mesmo que equipes de resgates insistam em fazê-lo desesperadamente, usando as próprias mãos para socorrer os soterrados.

Dois centros dos chamados "capacetes brancos" (os voluntários da oposição síria) foram atingidos pelos bombardeios e um deles ficou totalmente destruído.

A onda de ataques contra a parte da cidade onde vivem 250 mil habitantes acontece quando os chefes da diplomacia russa e americana devem se reunir em Nova York para abordar o restabelecimento de uma trégua no país, depois da que foi interrompida na segunda.

Esse cessar-fogo, que durou uma semana, foi acordado entre Rússia e Estados Unidos, com a anuência do governo de Damasco. No entanto, ONGs registraram mais de 90 civis mortos no período.

Aleppo sob ataque
Dividida desde 2012 entre um setor pró-governamental e outro nas mãos dos insurgentes, Aleppo é um alvo estratégico neste conflito que já deixou mais de 300 mil mortos em cinco anos e meio de guerra.

O exército de Bashar al-Assad, que cerca a parte rebelde de Aleppo há dois meses, quer se apoderar da totalidade da antiga capital econômica da Síria.

Na quinta-feira,22, foi anunciado o início de uma ofensiva terrestre contra o setor insurgente. O exército pediu aos habitantes que se afastem das posições rebeldes e assegurou aos civis que se quiserem abandonar essas zonas na direção do setor pró-governamental não serão detidos.

"Começamos as operações de reconhecimento e os bombardeios aéreos e de artilharia", informou uma fonte militar de alto escalão. "Podem durar horas ou dias antes se iniciarmos a operação terrestre, cujo desenvolvimento dependerá do resultado dos ataques e da situação em terra", acrescentou.

Outra fonte militar em Damasco destacou que "o objetivo da operação é estender as zonas de controle do exército". "O número de combatentes [do regime] permite começar uma operação terrestre porque chegaram muitos reforços a Aleppo", disse ainda.

"O que está acontecendo é que Aleppo está sendo atacada e todas as partes retomaram as armas", declarou na véspera, em Nova York, o enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.

O país vive em guerra há cinco anos e já registrou mais de 290 mil mortes neste período.

Restabelecer trégua
A reunião de emergência realizada na quinta,22, pelo Grupo Internacional de Apoio à Síria terminou sem um acordo para restabelecer o cessar-fogo.

Os chanceleres russo, Serguei Lavrov, e americano, John Kerry, que apoiam lados opostos na guerra, se reuniram na sexta-feira,23, em Nova York para debater o tema. O último cessar-fogo foi entre os dias 12 e 18 de setembro, num acordo anunciado por Estados Unidos e Rússia e aprovado pelo governo sírio.

Apesar disso, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, 92 civis morreram nas áreas onde vigorou o acordo.

Os EUA apoiam os rebeldes moderados e curdos que lutam na Síria, além de liderar a coalização internacional que bombardeia alvos do Estado Islâmico no país. A coalização liderada pelos EUA defende o fim do regime do presidente Bashar al-Assad.

A Rússia, por sua vez, é aliada do governo sírio. Mas tanto a Rússia quanto os EUA têm um alvo em comum: os extremistas do Estado Islâmico. O EI perdeu um terço de seus territórios, conquistados em 2014: agora controla apenas 20% do Iraque e 35% da Síria, um total de 150.000 km² habitados por 4,5 milhões de pessoas.

Ajuda humanitária
Em um apelo sem precedentes, a ONU solicitou ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que permita distribuir os alimentos bloqueados na fronteira turco-síria, ressaltando que alguns perderão a validade na próxima segunda-feira.

Apesar da violência, a ONU enviou um comboio humanitário a uma zona rebelde cercada na periferia de Damasco. As Nações Unidas realizaram este envio dois dias depois do bombardeio contra um comboio humanitário que matou vinte pessoas.

O Pentágono responsabilizou a Rússia por este ataque, embora o chefe do Estado-Maior inter-exércitos dos Estados Unidos, Joseph Dunford, não tenha informado se as bombas eram provenientes de um avião do regime sírio ou de seu aliado russo.

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