Washington - As propostas comerciais de Donald Trump, como a aplicação de tarifas a importações de China e México, poderiam implicar na destruição de mais de quatro milhões de empregos no setor privado dos Estados Unidos e provocar uma recessão em 2019, segundo um estudo divulgado ontem pelo Peterson Institute.
"Conjuntamente China e México representam um quarto do comércio internacional de bens e serviços dos EUA. Uma guerra comercial como a que propõe Trump provavelmente jogaria os EUA em uma recessão e custaria quatro milhões de empregos", afirmou Marcus Noland, economista do Peterson Institute for International Economics (PIIE), um centro de estudos liberal de Washington.
Noland ressaltou a aguda interconexão da economia americana com as de China e México, ao citar a importância chinesa na cadeia de valor dos iPhone e das vendas aeronáuticas, assim como da indústria automotiva com o vizinho do sul.
O candidato republicano à presidência disse e repetiu que, se chegar à Casa Branca, imporia tarifas de 45% aos produtos chineses e 35% aos mexicanos.
O estudo prevê, no cenário mais adverso, que as medidas de Trump provocariam represálias destes dois países, que dariam lugar a uma guerra comercial com graves consequências econômicas.
Os setores mais prejudicados seriam o aeronáutico, o automotivo, o agrícola e o de plásticos.
"Embora a política comercial proposta por Hillary Clinton (candidata democrata) também tenha potencial negativo, a política de Trump seria horrivelmente destrutiva", acrescentou Adam Posem, presidente do PIIE na apresentação do relatório.
"Seu enfoque de encorajar uma guerra comercial e proteger juros especiais que não são competitivos seriam desastrosos para o bem-estar econômico dos EUA", completou.
A questão comercial se transformou em um dos eixos da campanha eleitoral, com ambos candidatos mostrando sua oposição ao recentemente pactuado Tratado Transpacífico, entre os EUA e 11 países da Bacia do Pacífico.
No entanto, as propostas de Trump são muito mais agressivas, entre as quais prometeu devolver aos EUA muitos dos postos de trabalho que se transferiram a outros países como consequência da globalização.
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