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Com quatro meses de atraso, governo nomeia novo diretor do Inpe

Entre os desafios de Ricardo Galvão está a definição do rumo do programa espacial brasileiro

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45

Brasília - Após quatro meses de atraso, o novo diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) foi oficializado ontem. Trata-se de Ricardo Galvão, presidente da Sociedade Brasileira de Física, membro do conselho da Sociedade Europeia de Física e ex-diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. A nomeação foi publicada na edição de ontem do "Diário Oficial da União".

Um dos principais desafios de Galvão deve ser lidar com a reposição de funcionários administrativos, que estão se aposentando em uma taxa mais rápida que a de novas contratações.

Outro deve ser a definição do rumo do programa espacial brasileiro, que sofreu grande revés em 2003 com a explosão três dias antes do lançamento do Veículo Lançador de Satélites (VLS), do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão ( CLA), quando 21 trabalhadores civis morreram.

A demora na oficialização da mudança de comando trouxe um clima de insegurança à instituição, segundo alguns pesquisadores. O mandato do agora ex-diretor, o engenheiro Leonel Perondi, teria terminado em maio, quatro anos após assumir o cargo, em 2012.

O processo de escolha do novo diretor se iniciou em janeiro, com a formação de um comitê responsável por enviar uma lista tríplice ao MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), ao qual o Inpe é vinculado. Membros e ex-dirigentes da instituição reclamaram da demora na nomeação.

Desprestígio

O ex-diretor do Inpe Gilberto Câmara, especialista em geoinformática, especulou que o atraso possa ter a ver com um possível desprestígio do ministro do MCTIC, Gilberto Kassab (PSD), frente à Casa Civil, do ministro Eliseu Padilha (PMDB).

"Vivemos uma situação de limbo. O MCTIC anunciou o novo diretor, mas essa nomeação não sai. Parece um pouco de descaso com a ciência e a tecnologia", afirmou. "A explicação é que o governo não anda".

Para o pesquisador Acioli de Olivo, o motivo pode ter sido a falta de apoio parlamentar. "Eles estão atendendo ao interesse da base aliada –e não tem como aparelhar o Inpe."

"A demora também pode se dever às mudanças de ministro, foram três nos últimos meses. Também há um rito, um escrutínio do candidato escolhido", disse o ex-diretor Leonel Perondi.

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