Na tarde do dia 29 de agosto o telhado do mercado do bairro Vicente Fialho, em São Luís, desabou. O incidente se deu por volta das 14h. No momento da queda, não havia ninguém embaixo da estrutura, que abrigava os boxes onde são comercializados frutas, verduras e gêneros alimentícios. A reportagem de O Estado voltou à feira, cerca de 20 dias depois, para constatar que bem pouco foi feito para resolver a situação, para desespero dos feirantes que se sentem abandonados pelo poder público, mesmo tendo que pagar, todos os dias, uma taxa para a administração da feira.

Jocilene Lopes é uma das que está tendo que trabalhar embaixo do sol quente, desde que que o teto se foi. Ela conta que na última segunda-feira, dia 12, ficou o dia inteiro na feira, esperando, pois iriam colocar umas tendas para aliviar o sofrimento do povo. Ela aguardou, aguardou e o pessoal apareceu para colocar apenas duas cobertas, que não chegaram a cobrir nem metade do espaço.

O resultado é que Jocilene segue debaixo do sol, vendendo seu peixe, que já sai praticamente frito, por conta do calor, para as mãos do consumidor. “A gente está perdendo é cliente, porque quem vai comprar alguma coisa no sol”, afirma a mulher.

E mesmo quem conseguiu ficar embaixo das cobertas, não está bem acomodado, é o caso de Euzilene Rodrigues, que reclama do calor que faz embaixo da tenda. Ela revela, que chega um certo período, principalmente na tarde, que não adianta nem mesmo as tendas. “É difícil trabalhar com o calor, o sol bate e esquenta muito”, destaca a feirante.

E a situação é pior ainda, porque a maioria dos produtos vendidos na feira é altamente perecível, tanto que cansados de esperar alguma solução, eles improvisaram coberturas com pedaços de lonas e paus.

A feira

A feira do bairro Vicente Fialho já existe há mais de 30 anos e é uma das 27 que deveria ter sido reformadas pela Prefeitura de São Luís, após uma determinação judicial. No entanto, nenhum serviço foi feito pelo poder público municipal no local, conforme denúncia dos feirantes.

A última reforma, teria sido apenas uma pintura, a troca do piso e o jateamento das estruturas de ferro do telhado, para eliminar a ferrugem. “Caiu porque estava tudo velho. Não tinha mais condições de se manter em pé”, disse Euzilene Rodrigues.

O mercado já foi administrado pelos feirantes, mas há alguns anos a gestão do espaço foi transferida para a Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento (Semapa).

Reformas

A reforma das feiras e mercado de São Luís, incluída a do Vicente Fialho, já havia sido determinada pela Justiça. No dia 11 de agosto de 2015, a juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública, Luzia Madeiro Neponucena, deu seu parecer à ação civil proposta pelo Ministério Público Estadual (MP) obrigando a Prefeitura a reformar e adequar as feiras e os mercados da capital.

Na ocasião, a magistrada deu prazo de 72 horas para que o Município informasse o cumprimento e início das determinações judiciais, além de 60 dias para enviar o programa de reforma para o devido acompanhamento e fiscalização. Estipulou, ainda, multa diária de R$ 15 mil, em caso de descumprimento.

27 feiras e mercados de São Luís entraram na lista da juíza, que também determinou o prazo de 120 dias para o início da reforma e adequação dos logradouros. O objetivo era acabar com as irregularidades descritas nos laudos da Vigilância Sanitária Estadual e do Conselho Regional de Engenharia (Crea), citados no processo movido pelo MP.

Semapa

A Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento (Semapa) informou que iniciou o processo para reforma da feira do Vicente Fialho e que está em fase de conclusão dos projetos arquitetônico, hidráulico e elétrico necessários para o início das obras.

A secretaria reforçou ainda que, além da revitalização do telhado, a recuperação da feira da Vicente Fialho vai contemplar também o revestimento das bancas, reparos no piso e outras melhorias. A Semapa esclareceu ainda que realizou a limpeza do local e providenciou tendas temporárias para os feirantes até a conclusão da obra.

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