Depoimento

Presidente filipino é acusado de matar homem e ordenar assassinatos

Ex-membro de esquadrão da morte acusa Rodrigo Duterte de mortes; ele teria matado investigador a tiros e ordenado o assassinato de quase mil

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45

Filipinas - Um ex-membro de um esquadrão da morte nas Filipinas acusou ontem o presidente Rodrigo Duterte de ordenar o assassinato de centenas de pessoas quando era prefeito de Davao e de ter matado a tiros um representante do Ministério da Justiça.

As acusações foram por Edgar Matobato, que fazia parte do esquadrão da morte de Duvao, durante depoimento a uma comissão parlamentar de inquérito no Senado, em Manila. Segundo ele, nos 20 anos em que Duterte foi prefeito da cidade, seu esquadrão matou, por ordem do político, cerca de mil pessoas.

O Senado do país do Sudeste Asiático analisa atualmente as execuções por esquadrões da morte, que cresceram de forma massiva depois que Duterte tomou posse como presidente, em junho deste ano. Segundo a polícia, elas já resultaram na morte de mais de 3.100 pessoas.

Duterte ganhou a eleição presidencial em maio com a promessa de, entre outras coisas, agir com firmeza contra a criminalidade relacionada à droga no país e executar traficantes.

O Parlamento Europeu condenou a atual onda de execuções extrajudiciais e assassinatos nas Filipinas. Os deputados reivindicaram nesta quinta-feira, em Estrasburgo, uma investigação dos casos, assim como uma política que respeite os direitos humanos.

"Como galinhas"
Matobato ainda afirmou que os membros do grupo de extermínio em Davao – composto principalmente por policiais e ex-rebeldes comunistas – abatiam suas vítimas "como galinhas", jogando na maioria das vezes seus corpos numa pedreira. Outras vítimas foram jogadas no mar e uma delas teria sido devorada viva por crocodilos.

Por encomenda de Duterte ou de altos funcionários da polícia o esquadrão executou, entre 1988 e 2013, supostos "criminosos, estupradores, traficantes e ladrões". Entre as vítimas estavam, de acordo com Matobato, um amigo da irmã de Duterte, que era guarda-costas de um rival local assim como adversário do filho de Duterte, Paolo, atual vice-prefeito de Davao.

Matobato afirmou que chegou a testemunhar quando Duterte matou a tiros um investigador do Departamento de Justiça. Arrependido, o pistoleiro decidiu se entregar ao Ministério da Justiça filipino, aderindo a um programa de proteção a testemunhas.

O porta-voz de Duterte, Martin Andanar, rejeitou as alegações, afirmando que a Comissão Nacional de Direitos Humanos do país já examinou as acusações "há muito tempo atrás", mas que nunca houve um indiciamento.

Outro porta-voz presidencial anunciou que o governo vai realizar sua própria investigação. O filho do presidente disse que Matobato é louco e que suas declarações foram baseadas em "puros boatos".

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