Guerra

Moradores de áreas sitiadas na Síria esperam pela ajuda prometida

Conflito deixou mais de 300 mil mortos desde março de 2011, conforme balanço da OSDH; trégua foi alcançada após semanas de discussões entre EUA e Rússia; para poder enviar ajuda a Aleppo, militares russos instalaram um ponto de observação móvel

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45

Síria - As regiões sitiadas na Síria esperavam ontem com impaciência os prometidos comboios de ajuda humanitária, que seguem bloqueados, apesar de uma significativa redução da violência após a trégua negociada pelas grandes potências.

Desde a entrada em vigor da suspensão das hostilidades, na noite de segunda-feira (12), os combates praticamente cessaram entre o regime e os rebeldes em todos os fronts de batalha, com exceção de tiros esporádicos, segundo ativistas, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) e a ONU.

A trégua foi alcançada após semanas de discussões entre Washington e Moscou, que apoiam respectivamente a rebelião e o regime. O objetivo é favorecer a retomada das negociações entre o regime e os rebeldes para colocar fim ao conflito que desde março de 2011 deixou mais de 300 mil mortos, entre eles mais de 87 mil civis, além de milhões de deslocados, segundo um novo balanço do OSDH.

Por enquanto, a trégua deve permitir que a ajuda humanitária chegue a centenas de milhares de civis cercados em vinte cidades e localidades, a grande maioria pelas forças de segurança.

Um responsável do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) descartou a possibilidade de que a ajuda pudesse ser distribuída ontem.

"Com base no que ouvimos em terra, é muito pouco provável que ocorra hoje [ontem]", disse à AFP David Swanson, porta-voz da OCHA em Gaziantep, Turquia.

Caminhões à espera
"O desafio para nós é garantir que todas as partes mantenham a mesma posição", disse, pedindo maior segurança. Swanson disse que 20 caminhões com rações de alimentos para 40 mil pessoas aguardavam na fronteira turca. "Quando nos derem autorização, poderemos nos movimentar".

"A ajuda não será entregue apenas em Aleppo, onde mais de 250 mil pessoas não recebem ajuda das Nações Unidas desde julho. A ONU na Síria quer levar ajuda a outras zonas cercadas ou de difícil acesso", afirmou.

Na véspera, o emissário da ONU, Staffan de Mistura, pediu garantias para os motoristas dos caminhões.

Para poder enviar ajuda a Aleppo, militares russos instalaram um ponto de observação móvel na rota do Castello, um eixo de acesso vital ao norte da segunda cidade síria que une a região com a fronteira turca, de onde esta ajuda é proveniente, segundo as agências de notícias russas. Na falta de ajuda, a cidade ao menos viveu sua segunda noite de calma consecutiva.

'Nenhum civil morto'
O OSDH disse que, apesar de algum disparo esporádico, nenhum civil morreu na província de Aleppo desde o início da trégua.

A suspensão das hostilidades é aplicada de forma efetiva. "Se continuar assim, será um desenvolvimento muito positivo que economizaria mortes, violência e êxodo", declarou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório.

A trégua foi apresentada como a da "última oportunidade" pelo secretário de Estado americano, John Kerry, que negociou o acordo com seu colega russo, Serguei Lavrov.

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