Tragédia

Criança morre e outra tem 60% do corpo queimado em incêndio

Menino de 6 anos teve 95% do corpo queimado, não resistiu aos ferimentos e morreu no interior do estado; outro garoto respira com ajuda de aparelhos

Com informações do Conselho Indígena Missionário

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
Focos de incêndios na região do município de Grajaú captados pelos satélites do INPE
Focos de incêndios na região do município de Grajaú captados pelos satélites do INPE (incêndio)

SÃO LUÍS - M.G Tenetehar/Guajajara, de 6 anos, morreu nesta segunda-feira (12) vítima de queimaduras sofridas no incêndio que consome há semanas a Terra Indígena Bacurizinho, município de Grajaú, interior do estado. M.G estava com N.S Tenetehar/Guajajara, uma outra criança de 11 anos que está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Rafael, em Imperatriz, com 60% do corpo queimado.

De acordo com o Conselho Indígena Missionário (Cimi), os garotos saíram da aldeia Pedra para caçar e, já no interior da mata, perceberam a rápida chegada das chamas. Tentaram fugir, mas as labaredas os tinham cercado. Sem alternativa, N.S teve de correr pelo fogo para pedir socorro na aldeia. M.G permaneceu parado esperando a ajuda. Alguns outros Guajajara ouviram os gritos de N.S e foram ajudá-los. Ambos foram levados de moto ao pronto-socorro de Grajaú e de lá transferidos para Imperatriz.

M.G, que teve 95% do corpo queimado, não resistiu e morreu. N.S segue em estado grave, se alimenta por sondas, está entubado e respira com a ajuda de aparelhos. Os garotos pertenciam ao mesmo grupo familiar. "O fogo subiu na mata perto da aldeia semana passada. Tinha até apagado, então no sábado os meninos foram caçar", conta José Vir de Sousa Tenetehar/Guajajara, pai de N.S e avô de M.G. Foi cogitada a possibilidade de transferir a criança sobrevivente para São Luís, mas os médicos descartaram temendo que o garoto não resista.

Para Gilderlan Rodrigues da Silva, do Cimi Regional Maranhão, o trágico episódio revela o tamanho do descaso governamental com os incêndios envolvendo as terras indígenas no estado: "Todo o ano nós temos os incêndios e parece não haver um plano de ação e, sobretudo, de prevenção. A cada ano nos deparamos com uma tragédia nova, as mesmas dificuldades, ineficiências e desculpas. Para nós essa morte entra nessa conta, uma conta cujos recursos diminuem para os povos indígenas e aumentam para o agronegócio", criticou.

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