Tensão

Coreia do Norte está preparado outro teste nuclear, afirma Seul

Ministro da Defesa sul-coreano disse ontem que Pyongyang está pronto para detonar bomba atômica; na sexta-feira, o regime comunista realizou mais um teste nuclear com uma ogiva incorporada em um míssil; Conselho de Segurança da ONU poderá impor sanções

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
(DITADOR COREIA )

Pyongyang - A Coreia do Norte está pronta para realizar a qualquer momento um novo teste nuclear, afirmou ontem o ministério da Defesa sul-coreano, três dias depois de Pyongyang ter detonado sua bomba atômica mais potente até hoje.

Na sexta-feira,9, o regime realizou seu quinto teste nuclear em Punggye-ri (nordeste). "Um novo teste (nuclear) pode ser realizado em um dos túneis (...) Os preparativos foram finalizados", disse a jornalistas o porta-voz do ministério, Moon Sang-Gyun.

O funcionário se recusou a dar maiores detalhes, argumentando questões de segurança, mas disse que as forças militares estavam prontas para responder a qualquer eventualidade, como "novos testes nucleares, lançamentos de mísseis balísticos ou provocações por terra" por parte da Coreia do Norte.

Pyongyang realizou seu primeiro teste nuclear em 2006 em um primeiro túnel, e os outros quatro em um segundo túnel. Em um comunicado no qual apresentou seu quinto teste como a resposta necessária à ameaça nuclear americana, um porta-voz do ministério das Relações Exteriores norte-coreano havia anunciado no domingo (11) que Pyongyang desenvolveria sua dissuasão "em qualidade e quantidade".

O governo norte-coreano afirmou ter testado na sexta-feira uma ogiva nuclear que pode ser incorporada a um míssil. A miniaturização das cargas é um dos aspectos chave de todo programa nuclear militar, já que a dissuasão depende da capacidade de projeção das bombas.

Os especialistas estimaram que a energia desprendida do quinto teste foi de dez quilotons, quase o dobro do teste de oito meses atrás. "O êxito milagroso" do programa nuclear norte-coreano significa que o Norte "tem entre suas garras" as bases americanas do Pacífico, mas também o continente americano, comemorou nesta segunda-feira o jornal do partido único no poder, "Rodong Sinmun".

Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU decidiu trabalhar em uma nova resolução para impor sanções a Pyongyang.

Medidas fortes

A Coreia do Norte, condenada por desenvolver um programa nuclear balístico, está sujeita a cinco blocos de sanções, que não conseguiram minar a vontade do regime isolacionista de desenvolver uma arma atômica.

Sung Kim, representante especial para a Coreia do Norte do Departamento de Estado americano, explicou no domingo no Japão que Washington e Tóquio tentavam obter da comunidade internacional "a medida mais forte possível" para responder a Pyongyang.

O responsável deu a entender que os Estados Unidos podem adotar novas sanções unilaterais diante do "comportamento provocador e inaceitável dos norte-coreanos". Sung Kim deve chegar nesta segunda-feira a Seul, onde se reunirá na terça (13) com seu colega sul-coreano, Kim Hong-Kyun.

Washington, informou a agência sul-coreana Yonhap, também quer mobilizar dois bombardeiros estratégicos B-1B para sobrevoar a Coreia do Sul. As Forças Armadas americanas na Coreia do Sul explicaram que esta operação foi adiada em um dia, para hoje, devido ao mau tempo, embora tenham se recusado a informar que tipo de avião será utilizado.

"Esta missão tem por objetivo reforçar o compromisso americano de apoiar seu importante aliado após o teste nuclear norte-coreano", declarou um porta-voz à AFP. Washington realizou missões similares após os testes nucleares anteriores da Coreia do Norte.

Os Estados Unidos também planejam enviar no próximo mês o porta-aviões a propulsão nuclear "USS Ronald Reagan" e cinco destróieres às águas territoriais sul-coreanas, no âmbito de um exercício naval conjunto, acrescentou a Yonhap.

O porta-voz das forças americanas na Coreia do Sul se negou a confirmar estas informações. As tropas americanas estão presentes na Coreia do Sul desde a guerra de 1950-1953, que terminou com um armistício, sem um tratado de paz.

Inundações

Ao menos 133 pessoas morreram e 395 estão desaparecidas em consequência das inundações que afetam o nordeste da Coreia do Norte desde o início do mês, segundo um novo balanço da ONU divulgado nesta segunda-feira em Seul. O balanço anterior, que datava de quinta-feira, era de 60 mortos.

Além disso, 107 mil pessoas foram retiradas das áreas próximas ao rio Tumen, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), que citou como fonte o governo norte-coreano. O rio Tumen serve, em parte de seu curso, como fronteira natural entre Coreia do Norte, de um lado, e China e Rússia, do outro.

De acordo com o balanço da OCHA, mais de 35 mil casas e 8.700 edifícios públicos foram danificados ou destruídos pelo aumento do nível do rio, provocado por fortes chuvas.

Um total de 16 mil hectares de cultivos estão inundados e ao menos 140 mil pessoas precisam de ajuda urgente, segundo o comunicado, datado no domingo, mas que foi recebido nesta segunda-feira.

Na falta de infraestruturas e equipamentos adequados, a Coreia do Norte é particularmente vulnerável aos desastres naturais, principalmente as inundações causadas, sobretudo, pelo desmatamento das colinas.

Durante o verão de 2012, as inundações e deslizamentos de terra provocados pelas chuvas torrenciais deixaram 169 mortos, 400 desaparecidos e 212 mil deslocados, e arrasaram 650 km² de terras cultivadas, segundo os meios de comunicação oficiais norte-coreanos.

Inundações e fortes chuvas foram algumas das causas da grande fome que deixou centenas de milhares de mortos entre 1994 e 1998 na Coreia do Norte, um dos países mais isolados do mundo.

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