Ameaça

Coreia do Norte confirma que realizou um novo teste nuclear

Teste coincide com celebrações do 68º aniversário do regime comunista; Obama classifica teste nuclear na Coreia do Norte como ''grave ameaça''; sob o comando do ditador Kim Jong-un, o país acelerou o desenvolvimento de seu programa nuclear e de mísseis

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
Barak Obama classifica teste nuclear na Coreia como ''grave ameaça''
Barak Obama classifica teste nuclear na Coreia como ''grave ameaça'' (Obama classificou teste nuclear realizado pela Coreia do Norte como 'grave ameaça')

Pyonyang - A televisão estatal da Coreia do Norte anunciou a realização do quinto teste nuclear bem-sucedido na sexta-feira,9, que coincide com as celebrações do 68º aniversário do regime comunista de 1948.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniu na sexta para analisar a situação. A detonação atômica foi realizada "com sucesso", disse a apresentadora Ri Chun-hee, responsável por relatar os grandes anúncios do regime, em uma breve transmissão especial da TV estatal KCTV.

“Nossos cientistas conduziram uma detonação de uma ogiva nuclear em teste no norte do país. O partido enviou uma mensagem de felicitações para a realização do teste bem-sucedido”, informou ainda a televisão estatal.

O teste nuclear foi realizado na base de Punggye-ri, no nordeste do país, o mesmo lugar onde a Coreia do Norte detonou bombas atômicas em 2006, 2009, 2013 e em janeiro deste ano. Sob o comando do ditador Kim Jong-un, de 32 anos, a Coreia do Norte acelerou o desenvolvimento de seu programa nuclear e de mísseis, apesar de sanções da ONU, que foram endurecidas em março e isolaram ainda mais o país, segundo a Reuters.

O teste da sexta-feira permitiu a Pyongyang alcançar seu objetivo: miniaturizar uma ogiva nuclear para conseguir armar um míssil, de acordo com a France Presse.

O novo teste atômico é uma "medida de resposta aos EUA e a nossos inimigos que nos sancionaram, negando nosso status de orgulhosa potência nuclear e criticando nossas ações baseadas no direito à autodefesa", expressou a locutora. "Vamos continuar reforçando nossas capacidades para impulsionar nossa força nuclear", concluiu.

No teste nuclear de janeiro, a Coreia do Norte assegurou ter usado uma bomba de hidrogênio, algo que os especialistas puseram em dúvida, enquanto na detonação desta sexta-feira a televisão estatal do país comunista não fez alusão ao tipo de explosivo.

Hora antes, a Coreia do Sul confirmou que o terremoto de magnitude 5,3 causado de forma artificial na Coreia do Norte corresponde ao quinto teste nuclear do regime vizinho, e afirmou que a explosão foi mais potente que em vezes anteriores.

“Avaliamos que a Coreia do Norte realizou seu maior teste nuclear até o momento, já que teria alcançado os 10 quilotons, segundo nossas primeiras estimativas”, disse um porta-voz do Ministério da Defesa de Seul.

As Forças Armadas sul-coreanas criaram uma equipe inicial de medidas de resposta e neste momento analisam o ar em diversas áreas na busca de restos de radioatividade para conhecer mais detalhes, segundo o porta-voz.

A presidência do país emitiu um comunicado no qual também confirmou que a Coreia do Norte realizou seu quinto teste nuclear.

Repercussão
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) considerou o teste "uma flagrante violação de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU".

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que as provocações terão "consequências sérias". Ele classificou ainda o teste nuclear realizado pela Coreia do Norte como "uma grave ameaça" à "segurança regional e estabilidade internacional".

"Os Estados Unidos condenam o teste nuclear de 9 de setembro nos termos mais fortes possíveis como uma grave ameaça à segurança regional e à paz e estabilidade internacional", afirmou Obama, em uma declaração emitida pela Casa Branca.

A presidente sul-coreana, Park Geun-hye, também condenou o teste e considerou que o ato é um "desafio contra a comunidade internacional”, segundo o comunicado.

Park, que neste momento visita o Laos, adiantou que a Coreia do Sul buscará junto com outros países impor sanções "muito mais fortes" contra a Coreia do Norte e recorrer a todos os meios possíveis para obrigá-la a renunciar ao desenvolvimento de armas nucleares.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o teste nuclear é uma "descarada violação" das resoluções do Conselho de Segurança. "Conto com o Conselho de Segurança para que permaneça unido e tome as ações apropriadas", disse ele.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, disse que "o teste nuclear norte-coreano "é absolutamente inaceitável". Tóquio "apresenta um sério protesto contra a Coreia do Norte e condena (este teste) da forma mais enérgica". Abe declarou ainda que o programa nuclear de Pyongyang "se transformou em uma séria ameaça à paz e à segurança da comunidade internacional".

A China também vai protestar formalmente contra o teste nuclear, segundo a Associated Press. O embaixador de Pyongyang em Pequim será chamado para prestar esclarecimentos.

O Brasil também se manifestou condenado o teste. "O Brasil considera inaceitável que arsenais atômicos continuem desempenhando um papel importante em doutrinas militares", afirmou a Chancelaria em comunicado.

Ditos lançamentos, segundo o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, "minam" o regime internacional de desarmamento nuclear, "enfraquecem" a credibilidade do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e "prejudicam os esforços" para a entrada em vigor do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares.

Tremor
O Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS) confirmou que um tremor de magnitude 5,3 abalou a região de Pyunggye-ri, onde a Coreia do Norte realiza suas provas atômicas, por volta de 0h30 GMT de sexta-feira (21h30 Brasília de quinta, 8).

"Trata-se de fato de uma explosão" e ocorreu na superfície, "mas não podemos determinar de que tipo é", informou o organismo. "Foi situada na zona onde a Coreia do Norte realizou testes nucleares no passado".

Mais

O presidente americano, Barack Obama, anunciou na sexta-feira,9, que os Estados Unidos estudarão, junto a seus aliados na ONU, novas sanções contra a Coreia do Norte. O país reivindicou a realização do seu quinto teste nuclear.

O chefe de estado americano denunciou uma "ameaça para a paz internacional". "Nós chegamos a um acordo para trabalhar com o Conselho de Segurança da ONU e a comunidade internacional para aplicar rigorosamente as medidas existentes impostas em resoluções precedentes e tomar medidas significativas suplementares, principalmente novas sanções", advertiu Obama, em um comunicado da Casa Branca.

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