Migrantes

EUA atingem meta de receber 10 mil refugiados sírios em um ano

Oitava maior cidade dos Estados Unidos, San Diageo recebeu 626 refugiados sírios desde 1º de outubro do ano passado, mais que qualquer outra cidade do país; os refugiados geralmente são encaminhados para cidades onde têm familiares ou amigos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
(Nadim Fawzi Jouriyeh, 49,conversa com jornalistas em escritório de organização para migrantes na Jordânia)

San Diego - Nadim Fawzi Jouriyeh participou de uma cerimônia no domingo, 28 de agosto, em Amã, na Jordânia, para celebrar o fato de os Estados Unidos ter atingido sua meta de receber 10 mil refugiados sírios em um programa de acolhida traçado um ano atrás.

Na quarta-feira, 31, o ex-operário da construção e sua família estavam no supermercado, comprando frango assado, leite e limões para consumir em sua casa nova, nos arredores de San Diego. Jouriyeh, 47, sua mulher, de 42 anos, e os quatro filhos do casal, entre 8 e 14 anos, não demoraram a sentir-se acolhidos.

"A América é um país lindo", disse ele, falando com a ajuda de um tradutor árabe no escritório do Comitê Internacional de Resgate em El Cajon, subúrbio de San Diego que vem atraindo iraquianos e, mais recentemente, sírios fugindo da guerra.

"O povo da América e o modo como eles tratam as pessoas são muito simpáticos. Quando você anda na rua, todo mundo sorri para você. Mesmo que não nos conheçam, as pessoas sorriem."

San Diego, a oitava maior cidade dos Estados Unidos, recebeu 626 refugiados sírios desde 1º de outubro do ano passado, mais que qualquer outra cidade do país. Várias cidades menores acolheram grande número de sírios, incluindo Erie, Pensilvânia (205), Toledo, Ohio (109) e Boise, Idaho (108).

Refugiados

A Califórnia e Michigan estão empatados como os Estados que receberam mais refugiados sírios, seguidos pelo Arizona, Texas e Illinois. As cidades com grande número de sírios refugiados incluem Chicago (469); Glendale, Arizona (384), Troy, Michigan (325) e Dallas (293).

Os refugiados geralmente são encaminhados para cidades onde têm familiares ou amigos ou onde já existe uma comunidade de imigrantes que compartilha sua cultura, disse David Murphy, diretor executivo em San Diego do Comitê Internacional de Resgate, uma de nove organizações que ajudam refugiados a assentar-se nos Estados Unidos.

Em El Cajon, cidade de 100 mil habitantes, algumas das lojas na rua comercial principal ostentam cartazes em árabe. Há comerciantes, caixas de bancos e professores que falam árabe.

Murphy explicou que um imigrante caldeu iraquiano se radicou em El Cajon três décadas atrás, deslanchando um efeito "bola de neve" que resultou na presença de uma comunidade grande de língua árabe. A cidade vem recebendo iraquianos há anos, mas os sírios são relativamente recentes.

"É difícil saber como eles vão se dar aqui. Eles ainda não vivem aqui há tempo suficiente para abrir negócios ou qualquer coisa assim", disse Murphy.

Jouriyeh, que deixou a escola depois da 9ª série em sua cidade natal, Homs, para trabalhar, abandonou sua cidade devastada pela guerra em 2014 em direção à Jordânia. Os bombardeios diários assustavam seus filhos, e o governo sírio retomara a cidade. Jouriyeh ficou três dias sem poder sair de casa porque era perigoso demais sair para trabalhar.

O trajeto até a fronteira da Jordânia, que normalmente levaria duas horas, demorou três dias para ser coberto, enquanto a família buscava evitar barreiras na estrada, fogo cruzado e a possibilidade de ser presa. Jouriyeh disse que cerca de 80 pessoas de seu comboio foram mortas no caminho.

Após uma verificação em profundidade da Organização Internacional de Migração e dos departamentos americanos de Estado e Segurança Interna, realizada na Jordânia, ele chegou a San Diego.

Os EUA anunciaram que alcançaram sua meta de reassentar 10 mil refugiados sírios no ano fiscal de 2016 na segunda-feira, a noite em que Jouriyeh chegou a San Diego, mais de um mês antes do final do prazo. O programa de reassentamento dos EUA é voltado aos refugiados mais vulneráveis, incluindo os que estão doentes ou que foram sujeitos a violência ou tortura.

Sírios

Cerca de 5 milhões de sírios abandonaram seu país desde 2011. A maioria deles luta para sobreviver em condições difíceis nos países vizinhos, incluindo a Jordânia, onde vivem quase 660 mil refugiados sírios.

A atuação futura dos EUA em matéria dos refugiados sírios pode estar vinculada à política. O candidato presidencial republicano, Donald Trump, disse na quarta-feira que, se for presidente, suspenderá a chegada de sírios, descrevendo-os como potencial ameaça à segurança.

Jouriyeh disse que suas prioridades são encontrar trabalho, matricular seus filhos na escola e encontrar moradia permanente. Ele não disse se gostaria de voltar à Síria algum dia. "Esperamos que nossos filhos estudem e possam ter um bom futuro aqui", ele disse.

Os dias dele e de sua mulher estão sendo ocupados por tarefas como abrir uma conta bancária e conseguir um telefone. O Comitê Internacional de Resgate oferece aulas de inglês e cidadania e orientações para a procura de trabalho.

Quando a família estava fazendo suas compras de supermercado na quarta-feira, um vendedor sírio que chegou aos EUA em 2010 se apresentou a Jouriyeh e perguntou sobre a viagem. Os dois bateram papo por alguns minutos e então cada um seguiu seu caminho.

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