Lava Jato

Citação de ministro abre crise entre o STF e a Procuradoria da República

Envolvimento de Dias Toffoli em delação de empresário revoltou o colega Gilmar Mendes, que agora quer investigação dos próprios investigadores da Lava Jato

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46
Dias Toffoli foi citado em delação premiada da Lava Jato
Dias Toffoli foi citado em delação premiada da Lava Jato

O vazamento de informações na delação premiada de Léo Pinheiro que envolvem o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), estão provocando uma crise entre a Suprema Corte e o Ministério Público Federal (MPF), de acordo com informações da coluna de MoniCa Bergamo, na Folha de S.Paulo. Os magistrados estão diante de "algo mórbido que merece a mais veemente resposta", disse o ministro Gilmar Mendes.

Segundo Mendes, os investigadores induzem os delatores a dar a resposta desejada. "Não é de se excluir que isso (citação a Toffoli pela OAS) esteja num contexto em que os próprios investigadores tentam induzir os delatores a darem a resposta desejada ou almejada contra pessoas que, no entendimento deles, estejam contrariando seus interesses", disse à coluna.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, defendeu ontem uma investigação sobre os próprios investigadores da Operação Lava Jato e disse que os procuradores da República precisam calçar "sandálias da humildade".

Janot suspendeu delação em que minsitro é citado
Janot suspendeu delação em que minsitro é citado

“Você não combate o crime cometendo crime. Ninguém pode se entusiasmar, se achar o ó do borogodó, porque vocês [imprensa] dão atenção a eles. Cada um vai ter o seu tamanho no final da história. Então, um pouco mais de modéstia. Calcem as sandálias da humildade. O país é muito maior do que essas figuras eventuais e cada qual assume sua responsabilidade”, disse o ministro, em referência aos investigadores e aos vazamentos de depoimentos.

Nas críticas, o ministro lembrou da Operação Satiagraha, que levou à condenação do delegado Protógenes Queiróz por vazamento de informações sigilosas.

Na segunda-feira (22), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou a suspensão das negociações do acordo de delação premiada de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e de outros executivos da empreiteira. Janot e outros investigados teriam se incomodado com o vazamento dos assuntos tratados no pré-acordo da delação.

É a primeira vez que o procurador-geral determina a suspensão de um acordo de delação desde o início da Lava-Jato, em 2014.

O Ministério Público Federal (MPF) acredita que houve quebra de confidencialidade, uma das cláusulas do pré-acordo feito há duas semanas. Entre os procuradores, porém, a decisão de Janot em relação à delação de Pinheiro é vista como um ato político. Se não agisse para para evitar que a Lava Jato atinja ministros, Janot estaria comprando uma briga grande com o STF.

Mais

A revista Veja publicou, na edição do último fim de semana, reportagem que aponta uma suposta citação ao ministro do STF Dias Toffoli, que teria sido mencionado pelo presidente da OAS, Léo Pinheiro, nas negociações com procuradores do Ministério Público de uma eventual delação premiada. De acordo com a reportagem, o empreiteiro teria enviado técnicos para verificar um problema na casa do ministro e depois indicado uma empresa para reparar o dano. À revista, o ministro afirmou que pagou pelo conserto e não tem relação de intimidade com Pinheiro. A reportagem também mostrou mensagens de celular entre executivos da OAS com menções a Toffoli.

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