Sem serviço

Recuperação da Barragem do Bacanga não foi retomada

Segundo pescadores da região, operários não são vistos com frequência no local; em 17 de setembro do ano passado o cabo de aço que sustentava a única comporta em funcionamento se rompeu e mortandade de peixes tem se tornado comum

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46
Obra na Barragem ainda não foi retomada e, sem comportas, peixes têm morrido por falta de oxigenação
Obra na Barragem ainda não foi retomada e, sem comportas, peixes têm morrido por falta de oxigenação (Barragem)

As obras da Barragem do Rio Bacanga, em São Luís, estão paradas. É o que afirmam os pescadores da região. O serviço de substituição das comportas foram iniciados no fim de 2015. Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), a nova peça foi encomendada a uma empresa de São Paulo e ainda não chegou à capital. Na sexta-feira, dia 19, peixes voltaram a ser encontrados mortos no leito do rio, o que provocou protesto da comunidade pesqueira, que interditou a Avenida dos Portugueses. Um dia antes da manifestação, o Governo do Estado havia informado que as obras seriam retomadas.

No dia 17 de setembro do ano passado, o cabo de aço que sustentava a única comporta em funcionamento na Barragem do Bacanga se rompeu, devido à falta de manutenção da estrutura.
Imediatamente após a queda da comporta, o Governo do Estado iniciou uma operação emergencial para evitar que as áreas próximas fossem alagadas. Uma barreira de pedras foi erguida para evitar a inundação pela maré e o retorno da água do lago formado pela barragem.

Em seguida, foram anunciadas as obras de substituição das comportas, que aconteceriam em três etapas. A primeira é o bloqueio do canal, que deve utilizar 100 carradas de pedras. Depois será feito o resgate e manutenção da comporta e, finalmente, a desobstrução e construção da segunda comporta da barragem, que está desativada e totalmente obstruída há pelo menos 10 anos.

Obras paradas
Mas, segundo o pescador Fernando Almeida, as obras estão paradas. “Não é todo dia que eu vejo operário trabalhando aqui na barragem. Às vezes, fica uma semana inteira sem aparecer ninguém aqui. Desse jeito a obra vai demorar ainda mais a ficar pronta. Ela começou no ano passado. E a gente precisa que ela seja concluída porque estamos tendo prejuízo com a morte dos peixes”, comentou.

Quem também afirmou que a obra está parada é o pescador Evandro da Silva. “Apareceu gente aqui por causa do protesto que a comunidade fez quando os peixes morreram e disseram que vão concluir as obras, mas já tem um tempo que não vejo gente trabalhando aqui. Desse jeito vão morrer mais peixes”, disse.

Protesto
Na quinta-feira, dia 18, o Governo do Estado, por meio da Sinfra, declarou que as obras da Barragem do Bacanga, na Avenida dos Portugueses, teriam continuidade. Na manhã de sexta, dia 19, milhares de peixes morreram e amanheceram mortos e boiando na superfície do Rio Bacanga. Revoltados, pescadores e moradores da região cataram a maior quantidade de animais que puderam e fecharam um trecho da avenida. A medida visava chamar a atenção dos governantes para a situação.

Sem sua principal comporta, que desabou em setembro, de 2015, esta não é a primeira vez em que aparecem peixes mortos na barragem, mas, segundo os pescadores, é a primeira em que animais de grande porte são atingidos. Em dezembro do ano passado, por exemplo, houve uma grande mortandade na região, mas apenas pequenas tainhas e outros peixes menores subiram às águas. Dessa vez, surgiram pescadas e camorins com até mais de dez quilos, e tainhas de mais de cinco quilos, segundo os pescadores que participaram do protesto.

A Sinfra informou que está substituindo as comportas do local e que a nova peça foi solicitada junto a uma empresa paulista, de renome neste segmento, e deve chegar à capital nos próximos dias. A substituição é necessária devido aos problemas com a comporta antiga, que perdeu funcionalidade e está desgastada pelo tempo, causando prejuízos ao pleno andamento das atividades de represamento do volume das águas. Com a nova comporta, o nível da água terá melhor controle. A estrutura possui mais de 30 anos de atividade e não recebia manutenção regular.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) deve divulgar em até 48 horas o laudo da análise das amostras da água coletada para averiguar a causa da mortandade de peixes no lago da barragem do Bacanga, em São Luís, ocorrida na sexta-feira, dia 19.

SAIBA MAIS

No fim da década de 1960 com o surgimento do Porto do Itaqui, houve a necessidade de diminuir a distância entre o porto e o centro da capital, de 50 para 8 quilômetros. Entre 1966 e 1967, o projeto de criação da Barragem do Bacanga foi feito pelo governador José Sarney, iniciado em 1969 e finalizado em 1970 pela empresa Mendes Junior. Vários objetivos foram levantados no decorrer do processo de construção, entre eles, diminuir a distância entre o porto e a cidade, sanear as casas do alagado a beira do rio e dar um lago à cidade. Inicialmente a barragem tinha dez comportas, seis pequenas, três médias e uma grande. Posteriormente, algumas delas foram fechadas e em setembro do ano passado, uma delas afundou no rio. As portas funcionam para fazer o manejo do rio para o mar e vice-versa. A falta de manutenção constante à barragem e suas comportas e o intenso fluxo de veículos sobre ela todos os dias contribuíram para prejudicar a estrutura.

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