Manifestação

Com peixes mortos, pescadores fecham BR no Bacanga

Há mais de um ano a comporta da barragem caiu; com peixes morrendo sem oxigênio, quem vive da pesca fez um protesto

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46

[e-s001]Desde o começo da semana, milhares de peixes morreram nas águas do Rio Bacanga, e na manhã de sexta-feira, 19, amanheceram mais deles boiando na superfície. Revoltados, pescadores e moradores da região recolheram a maior quantidade que puderam e fecharam um trecho da avenida com eles. A medida visava chamar a atenção dos governantes para a situação. No fim da tarde de quinta-feira, 18, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Infraestrutura (Sinfra), havia declarado que as obras da Barragem do Bacanga, na Avenida dos Portugueses, em São Luís, finalmente teriam continuidade, o que não impediu a manifestação dos pescadores.

Sem sua principal comporta, que desabou em setembro de 2015, esta não é a primeira vez em que aparecem peixes mortos na barragem, mas, segundo os pescadores, é a primeira em que animais de grande porte são atingidos. Em dezembro do ano passado, por exemplo, houve uma grande mortandade na região, mas apenas pequenas tainhas e outros peixes menores subiram às águas. Dessa vez, surgiram pescadas e camorins com até mais de 10 quilos e tainhas de mais de cinco quilos. “Tamparam a comporta e estamos morrendo junto com os peixes do lago do Bacanga”, afirmou o pescador Pedro Gomes Reis.

Sem reparo
Pedro Reis lembrou que já faz mais de um ano que a comporta da barragem caiu e desde então, a Sinfra simplesmente fechou tudo com pedras, deixando apenas um pequeno espaço para o escoamento de água. A Barragem do Bacanga controla o fluxo de água entre o rio de mesmo nome e o mar. O cabo de aço que sustentava a comporta se rompeu em 17 de setembro de 2015. A enorme porta de aço afundou no rio. No mesmo dia, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Exército fizeram vistorias no local e articularam um plano de ação para possíveis inundações.

Pedro Gaspar, morador da beira do rio, no bairro Sá Viana há mais de 46 anos, conta que a situação nos últimos meses é a pior que já viu em todos esses anos, e que não apenas ele, mas todos os moradores ribeirinhos já não aguentam mais a situação.

Ele conta que o que ainda contribui para a mortandade, além do fato de a água não estar fluindo naturalmente na barragem, é a grande quantidade de esgotos que é jogada no leito do rio, mesmo havendo uma estação de tratamento ali perto.

[e-s001]Comportas
Segundo a Sinfra, as novas comportas da Barragem do Bacanga já foram solicitadas para uma empresa paulista e estão em processo de fabricação, devendo chegar à capital maranhense nos próximos dias. “Estamos no aguardo da chegada desta peça para que os serviços prossigam com o andamento regular e possamos ir para outra etapa do planejamento. Enquanto isso, as equipes dão continuidade aos serviços de manutenção das bases”, explica o secretário de Estado da Infraestrutura, Clayton Noleto.

Além das comportas, a Sinfra explicou que existe uma demanda por parte das pessoas que trafegam ou trabalham na área da barragem que se referem, em sua maior parte, a problemas estruturais. São fissuras, rachaduras, desgastes nas estruturas de ferro e concreto, falta de calçamento para pedestres, acúmulo de lixo e matagal, entre outros. O planejamento é que toda a área da barragem seja revitalizada.

Sobre a mortandade dos peixes, a Sinfra explicou que os stop logs estão sendo acionados normalmente, com vistas a promover a troca de oxigenação da água, mas está trabalhando conjuntamente com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para que sejam avaliadas as medidas a serem tomadas.
A Avenida dos Portugueses foi liberada no início da tarde de sexta-feira, mas os peixes jogados na via continuaram no local.

SAIBA MAIS

A Comporta tipo Stop Log destina-se a instalações em canal aberto em plantas de tratamento de esgoto, instalações de irrigação, instalações hidráulicas e usinas geradoras hidroelétricas. O fechamento deslizante é formado por vários logs (portas) que encaixam um acima do outro na estrutura. Adicionando ou removendo logs, o modelo permite controlar o fluxo de um canal.

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