Abandonados

Telefones públicos estão esquecidos na cidade

Outrora muito utilizados, hoje a maioria está depredada, e quase ninguém é visto utilizando os aparelhos que ainda funcionam; achar cartões também é difícil

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46

[e-s001]Eles estão pelas ruas, mas quase ninguém os vê. Os telefones públicos, apelidados carinhosamente de orelhões, andam esquecidos. Foi-se o tempo em que diante dele fazia-se fila. E quem esperava pela vez logo acabava sabendo um pouco da vida do outro. Com a popularização dos celulares, eles perderam seu espaço na vida dos brasileiros e talvez, por isso, estejam em situação cada vez mais precária nas ruas e avenidas de São Luís, quando na verdade ainda são muito úteis e dão “aquela força” em situação de emergência.

Soraia Nunes tem um dos smartphones mais modernos da atualidade, mas graças a um orelhão ela conseguiu voltar para casa na noite de domingo, dia 7. Ela estava em um bar, na companhia de um amigo, e os celulares dos dois descarregaram. Na hora de ir embora, eles não tinham como pedir um táxi e foram informados por uma das garçonetes que o orelhão que fica na porta do estabelecimento funcionava e bastava ligar para uma das cooperativas que eles atendiam o chamado. “Ligamos do orelhão e o táxi chegou em menos de 10 minutos. Ainda bem, porque havia faltado energia no bar e nós não teríamos como recarregar as baterias dos nossos celulares”, conta.

Lançado em 1972 em todo o país, projetado pela arquiteta chinesa radicada no Brasil, Chu Ming Silveira, os orelhões foram inicialmente lançados em São Paulo e Rio de Janeiro. Mas, com o passar do tempo e a chegada dos celulares, os orelhões passaram a se tornar obsoletos para muita gente. As companhias telefônicas pararam de investir na instalação de novos e de uns anos para cá diminuiu o número de telefones públicos.

[e-s001]Precariedade
Os poucos que ainda resistem ao tempo estão precários. Na Avenida Marechal Castelo Branco, no São Francisco, restou apenas a cabine de um dos orelhões existentes ao longo da via. Na Rua Hemetério Leitão, no mesmo bairro, há seis orelhões. Três deles estão rodeados de mato e até lixo se acumula no poste em que eles estão instalados. Os outros três têm as cabines pichadas e danificadas pela ação do sol e da chuva. Na Avenida Coronel Colares Moreira, no Renascença II, há mais um orelhão do qual restou apenas a cabine.

Apesar do estado de conservação precário, os seis orelhões da Rua Hemetério Leitão ainda funcionam, mas quase ninguém usa. “Quem mais mexe nesses orelhões são as crianças, que passam pela rua e ficam brincando. Faz muito tempo que não vejo ninguém parando para fazer uma ligação, mesmo”, conta Francisco Bezerra, que trabalha em um estabelecimento comercial da via.

Com a diminuição da procura pelos telefones públicos, caiu também a venda de cartões para ligação. Hoje, é muito difícil encontrar um local que ainda venda os cartões telefônicos, e pensar que houve um tempo em que tinha gente que carregava mais fichas do que moedas, porque no início da operação dos aparelhos as ligações eram feitas com fichas e não cartões. Quem trabalhava na rua, então, toda hora precisava ligar para a empresa ou até para casa. Nas viagens, não podia faltar a ficha de DDD. E quando o orelhão era muito usado, ficava cheio de ficha,s e a pessoa não conseguia mais efetuar ligações até que o funcionário da empresa de telefonia passasse para recolhê-las.

Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Maranhão tinha, em janeiro de 2015, 24.732 orelhões. Desses, 16.142 estavam disponíveis para uso e 8.590 estavam em manutenção. Já São Luís tinha 3.661 orelhões espalhados pela cidade, 2.652 deles disponíveis para uso. Do total na capital, 1.009 estavam em manutenção. O Estado tentou conseguir dados mais atualizados, mas até o fechamento desta página não obteve retorno.

SAIBA MAIS

Gratuitas

As ligações locais para telefones fixos realizadas nos orelhões da Oi em 15 estados, entre os quais o Maranhão, não estão sendo cobradas desde abril de 2015. A medida é resultado do trabalho da Agência Nacional de Telefonia (Anatel) no monitoramento dos patamares mínimos de disponibilidade dos telefones públicos da concessionária em sua área de atuação.

Na medição realizada em 31 de março de 2015, a concessionária Oi não atingiu os patamares mínimos de disponibilidade nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe. A disponibilidade da planta de orelhões deve ser de no mínimo 90% em todas as Unidades da Federação e de no mínimo 95% nas localidades atendidas somente por orelhões (acesso coletivo).

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