Etiópia - Dezenas de pessoas morreram e centenas foram detidas nas manifestações maciças contra o governo da Etiópia organizadas durante todo o fim de semana na região de Oromia, informou ontem a imprensa local.
Milhares de pessoas se manifestaram em várias cidades da região durante o fim de semana para mostrar seu descontentamento com as contínuas detenções e abusos contra opositores, ativistas e políticos que apoiam a independência da Oromia.
As concentrações foram convocadas de forma espontânea nas redes sociais e alcançaram grande apoio, o que fez com que a polícia decidisse reprimir os manifestantes com gás lacrimogêneo e munição real, o que gerou uma nova onda de protestos.
Diante do aumento da tensão, o governo etíope decidiu interromper as comunicações e cortou o acesso às principais redes sociais e serviços de mensagem, que ainda funcionam de forma errática.
Os oromo vêm protestando há meses pelo que consideram uma perseguição injustificada por parte das autoridades etíopes e, até o momento, mais de 400 pessoas morreram desde o início das manifestações, segundo estimativas da organização Human Rights Watch (HRW).
Plano urbanístico
Os protestos começaram no início de dezembro do ano passado, após a aprovação de um plano urbanístico para expandir a capital Adis-Abeba, o que poderia colocar em perigo as terras de cultivo dos oromo, um povo tradicionalmente agrícola e seminômade, mas o governo acabou voltando atrás e cancelou esse projeto.
As autoridades etíopes asseguraram em diversas ocasiões que os manifestantes têm "conexão direta" com grupos terroristas estrangeiros, em alusão à Frente de Libertação Oromo (OLF, sigla em inglês), um movimento separatista que vem lutando há décadas pela independência da região de Oromia.
O governo etíope detém intelectuais e figuras proeminentes entre os oromo de forma periódica, já que teme que sua influência política possa encorajar a população a se rebelar contra a administração.
Protestos similares aconteceram em abril de 2014 e também terminaram com mortes, feridos e detenções maciças de manifestantes.
A lei Antiterrorista etíope permite o uso o uso ilimitado da força pelas autoridades contra os suspeitos de atos terroristas, incluindo a prisão preventiva de até quatro meses, que frequentemente é acompanhada de tortura.
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