Violência

Ataque em hospital deixa pelo menos 70 mortos no Paquistão

Mais de 100 pessoas também ficaram feridas na explosão em Quetta; advogado assassinado havia sido levado ao hospital onde ocorreu ataque; imagens de televisão mostraram cenas de caos, com pessoas em pânico fugindo em meio aos destroços

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46
(Homens choram ao lado de corpo após atentado que atingiu hospital paquistanês)

Quetta - Um ataque suicida com bombas deixou pelo menos 70 mortos e 112 feridos em um hospital de Quetta, no oeste do Paquistão, ontem. O principal grupo talibã do país, o Tehreek-e-Taliban Paquistão (TTP), assumiu a autoria do ataque, segundo a rede americana CNN.

"Há muitos feridos, então o número de mortos pode subir", afirmou Rehmat Saleh Baloch, ministro da Saúde da província de Balochistão, segundo a agência France Presse.

A explosão ocorreu por volta de 9h30 no horário local (2h30 no horário de Brasília), em um momento em que muitos advogados e jornalistas se concentravam no hospital após o assassinato do presidente do colégio de advogados da província do Balochistão. Bilal Anwar Kasi foi morto a tiros por um grupo de homens não identificados.

Imagens de televisão mostraram cenas de caos, com pessoas em pânico fugindo em meio aos destroços à medida que a fumaça tomava conta dos corredores do hospital, segundo a Reuters. A France Presse relatou que os corpos ficaram espalhados em meio a muito sangue e cacos de vidro.

O chefe do governo de Balochistão, Sanaullah Zehri, afirmou ao canal de televisão Geo que se trata de um ataque suicida "planejado", que contava com o atentado contra o advogado e a chegada de outros profissionais ao hospital para ser realizado. Após a explosão, foi declarado estado de emergência em todos os hospitais da cidade.

Autoria

O grupo Jamaat-ur-Ahrar, facção da milícia afegã Taleban, assumiu a autoria do ataque. É o mesmo grupo que, em março deste ano, explodiu um parque na cidade de Lahore durante a Páscoa —ao menos 70 pessoas morreram e 300 ficaram feridas, a maioria crianças.

Sobrevivente do ataque, o advogado Abdul Latif afirmou à agência Reuters que chegara ao hospital para expressar seu luto pela perda do colega, mas não sabia que "iria ver os corpos de dezenas de outros advogados" mortos e feridos logo após chegar.

Com 1,1 milhão de habitantes, Quetta é a capital da província do Baluchistão, e fica no oeste do país, próxima à fronteira com o Afeganistão. A região é palco de conflitos com grupos insurgentes e tensões sectárias, e já foi uma base do Taleban no passado. Nas últimas semanas, a cidade viu crescer o número de assassinatos de advogados.

Anwar ul Haq Kakar, porta-voz do governo da província, disse que o ataque suicida parecia ter como alvo os advogados que expressavam luto a Kasi. "Aparenta ser um ataque planejado." O ministro do Interior da província, Sarfraz Bugti, denunciou a ação como "um ato terrorista".

O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, condenou o ataque. "Ninguém pode perturbar a paz na província, paz que foi restaurada graças a incontáveis sacrifícios das forças de segurança, polícia e o povo do Baluchistão", afirmou.

O chefe da principal associação de advogados do Paquistão, Ali Zafar, classificou o atentado como "um ataque à justiça". Ele afirmou que advogados irão respeitar um período de três dias de luto, no qual não irão comparecer aos tribunais.

Frase

"Ninguém pode perturbar a paz na província, paz que foi restaurada graças a incontáveis sacrifícios das forças de segurança, polícia e o povo do Baluchistão"

Nawaz Sharif

Primeiro-ministro paquistanês

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