Caos na saúde

Médicos denunciam falta de condições de atendimento no Socorrão I, em SL

Hospital, que é uma das principais instituições de saúde de referência em urgência e emergência na capital, enfrenta diversos problemas; esta semana faltou soro para os pacientes e vaga no pós-operatório cirúrgico

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46
Socorrão I está passando por situação difícil com falta de materiais, segundo a Associação de Médicos
Socorrão I está passando por situação difícil com falta de materiais, segundo a Associação de Médicos (Socorrão I)

A falta de soros, antibióticos e vagas para realizar cirurgias são os principais motivos que levaram os médicos do Hospital Djalma Marques (Socorrão I), em São Luís, a recorrerem às autoridades competentes em busca de soluções. Na última quarta-feira (27), o Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA) encaminhou denúncia ao Ministério Público. A Associação de Médicos dos Socorrões (AMeS), tentou registrar Boletim de Ocorrência na Polícia Civil para resguardar os profissionais de plantão diante da falta de condições de trabalho.

Em entrevista a O Estado, Érico Cantanhede, presidente da Associação de Médicos dos Socorrões explicou a situação em que se encontra o Socorrão I. De acordo com o cirurgião, o hospital vem enfrentando vários problemas que tem interferido diretamente no atendimento oferecido aos pacientes.

Lotação
O principal desses problemas, conforme explicou, é a superlotação e falta de vagas até mesmo para realizar cirurgias. Com a desativação dos setores de neurocirurgia, pediatria e serviços menos no Socorrão II, em São Luís, e a desativação – por parte do Estado - dos serviços de neurocirurgia no município de Pinheiro, o Socorrão I está recebendo todas essas demandas.

Hoje, o hospital tem cinco salas de cirurgia, sendo que uma está em reforma. O resultado de tudo isso é que os pacientes são internados para a cirurgia e depois que o procedimento é realizado, não há vagas disponíveis na sala de recuperação pós-anestésica. Então, o paciente fica ocupando a sala de cirurgia e não se consegue operar outras pessoas.

Segundo o presidente da associação, a situação caótica se tornou rotineira. “Ontem [quarta-feira], durante o dia, chegou um paciente baleado na cabeça e não tinha vaga para realizar a cirurgia. Com muito esforço, a equipe conseguiu remover um dos pacientes para outro setor e pudemos fazer a cirurgia desse paciente”, lembrou o médico.

Falta de recursos
Ainda de acordo com Érico Cantanhende, com frequência faltam materiais no hospital. “Não tinha soro também. A ortopedia infantil foi suspensa por falta de material. Todo dia está acontecendo isso aqui. Alguém precisa fazer alguma coisa”, afirmou.

Desesperados com a falta de vagas para cirurgia e de materiais, os médicos decidiram registrar um Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Civil. Mas, ao chegar ao Plantão Central, no Parque do Bom Menino, foram informados que a delegacia foi transferida para a Vila Palmeira.

Como não poderiam se deslocar até esse ponto, mais distante, eles decidiram fazer um BO online. Mas a ocorrência não se enquadrava nas opções disponíveis. Por fim, os médicos notificaram a direção do hospital acerca da situação em que este se encontrava.

Denúncia
A falta de materiais também foi motivo de intervenção do Conselho Regional de Medicina. Segundo o presidente do CRM-MA, Abdon Murad, foi encaminhada denúncia sobre a falta de vários materiais e a falta de vagas à Promotoria de Defesa da Saúde, no dia 27.

Essa é mais uma das denúncias já encaminhadas ao Ministério Público (MP). A Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Saúde já ajuizou sete ações públicas pedindo que a Prefeitura melhore o atendimento oferecido. A maioria dessas ações é referente aos dois principais hospitais de urgência e emergência da capital, os Socorrões.

Nós, profissionais, estamos saindo doentes do hospital e sem perspectivas, porque essa situação de falta de material e de vaga já está fazendo parte da rotina da instituição”Érico Cantanhede, presidente da Associação de Médicos dos Socorrões

A mais antiga ação data de 1999, requerendo que o Município fizesse melhorias no Hospital Municipal
Djalma Marques, o Socorrão I, localizado no centro de São Luís. A mais recente é de 2015, que requer ainda melhorias no Hospital Municipal de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura, o Socorrão II, localizado na Cidade Operária.

Melhorias na rede municipal de saúde foram percebidas, como a reforma do Hospital da Criança. Mas alguns problemas ainda persistem, como é o caso das macas em corredores no Socorrão I.

Ainda neste ano, foi realizada a operação “Maca Zero”, que em abril deste ano transferiu 60 pacientes que estavam internados em macas nos corredores da unidade para a Santa Casa de Misericórdia. Três meses depois, a realidade é a mesma.

SAIBA MAIS

O Socorrão I recebe, em média, 12 mil atendimentos mensais em urgências clínicas, cirúrgicas, ortopédicas, neurológicas e neurocirúrgicas de pacientes da capital e interior do estado.

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