A situação da Santa Casa de Misericórdia ganhou um novo capítulo na manhã de ontem. Em parceria com o Ministério Público do Maranhão (MP), comissões da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Maranhão (OAB-MA) estão iniciando uma campanha para garantir o funcionamento do hospital filantrópico, que enfrenta uma grave crise financeira.
Os presidentes das comissões de Direito à Saúde, Hélio Maia, e de Direitos Difusos e Coletivos, Marinel Dutra de Matos, fizeram uma visita ao hospital na manhã de ontem para se reunir com o provedor da instituição e tomar conhecimento de como está funcionando o hospital.
A visita foi apenas o primeiro passo para uma ação em conjunto com o MP. As duas instituições lançarão uma campanha de arrecadação de material hospitalar, alimentos não perecíveis e recursos financeiros, por meio de uma conta bancária específica para a causa.
Além disso, os organizadores dessa ação recorrerão à Justiça para garantir apoio à causa, com o encaminhamento de cestas básicas aplicadas como penas alternativas em alguns casos, por exemplo. A proposta é que seja realizada também uma audiência pública para fomentar a discussão sobre o assunto na sociedade civil.
Crise
Após a demissão de 89 funcionários e o lançamento de uma campanha de arrecadação de materiais, a Santa Casa de Misericórdia de São Luís segue em situação crítica. Há vários anos o hospital enfrenta uma crise financeira por causa do repasse insuficiente de recursos.
Segundo o provedor da Santa Casa, o médico Abdon Murad, a manutenção do hospital no modelo atual de repasses está insustentável, pois os valores dos procedimentos encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não têm reajuste há 14 anos.
Atualmente, a Santa Casa de Misericórdia de São Luís tem uma dívida com fornecedores de pelo menos R$ 1,1 milhão. Os débitos forçaram a direção da unidade a demitir 89 funcionários no dia 12 e lançar uma campanha para arrecadar luvas, gaze, atadura gessada e alimentos.
Doações
Aos poucos, as doações chegam ao hospital e são depositadas na recepção. Uma das pessoas que fizeram questão de contribuir com a causa foi a autônoma Regina Oliveira dos Santos, que já precisou dos serviços da unidade e ontem retribuiu todo o cuidado recebido quando mais precisou.
Comovida e preocupada com um possível fechamento do hospital, ela pediu doações a comerciantes do bairro onde mora, Vila Embratel, para levar à unidade de saúde. “Eu já precisei fazer várias cirurgias aqui e agradeço a Deus por isso. Quero que todo mundo se comova para que não fechem a Santa Casa. Pedi para todo mundo na Vila Embratel e vim trazer com o maior prazer. No que eu puder, vou ajudar porque se a Santa Casa fechar vai ser difícil”, disse Regina Oliveira dos Santos.
As doações para a Santa Casa estão sendo recebidas no próprio hospital, em três setores diferentes, em horário comercial: administração, aos cuidados de Adriana França, almoxarifado, com Jane Diniz, e internação, com Elisabete Ribeiro. Segundo Abdon Murad, a unidade precisa de praticamente tudo, mas alguns materiais como medicamentos, são muito caros e demandam um acompanhamento mais específico para a compra. Por isso, ele pediu apenas luvas, gase, atadura gessada e alimentos.
SAIBA MAIS
A data de fundação da Santa Casa de Misericórdia de São Luís do Maranhão é controversa. O padre Antonio Vieira teria se referido a ela em uma carta de 1653. Para Mário Meireles, a Irmandade da Misericórdia em São Luís teria sido criada por volta do ano de 1623.
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