Hymenaea

Operação da PF na Sema provoca tensão no Governo

Marcelo Coelho, secretário do Meio Ambiente, chegou a ser procurado por agentes da PF numa emissora de TV; ele concedeu entrevista negando participação em crimes

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
Marcelo Coelho negou ter sido procurado pela Polícia Feeral
Marcelo Coelho negou ter sido procurado pela Polícia Feeral

A Operação Hymenaea, deflagrada na manhã de ontem pela Polícia Federal (PF) e que cumpriu mandados de busca e apreensão na Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), provocou tensão à cúpula do Governo do Estado.

Isso porque nas primeiras horas de ontem agentes da Polícia Federal, em veículo descaracterizado, fizeram buscas ao secretário de Estado do Meio Ambiente, Marcelo Coelho.

O secretário chegou a ser procurado pelos policiais nas sedes de duas emissoras de televisão. Ele tinha uma entrevista marcada para o jornal Bom Dia Maranhão, da TV Difusora, mas faltou.

Marcelo Coelho – que já havia sido anunciado pela bancada do telejornal ao longo do primeiro bloco -, desmarcou a entrevista às 7h35, minutos antes da chegada da PF à TV Difusora, sob a justificativa de “motivos particulares”. Uma assessora do secretário estava na sede da emissora a sua espera. Ela acompanharia a entrevista.

A tensão aumentou no Executivo, porque das 7h da manhã, até o meio dia, horário em que o secretário reapareceu, a informação que circulava nos bastidores era de que ele estaria foragido da Justiça.

Veículo descaracterizado da Polícia Federal esteve no pátio da TV Difusora à procura do secretário
Veículo descaracterizado da Polícia Federal esteve no pátio da TV Difusora à procura do secretário

A polícia informou posteriormente, contudo, que não havia nenhum mandado de prisão preventiva ou temporária contra o gestor público.

Em entrevista coletiva convocada pela comunicação da Sema às 12h, Coelho afirmou que estava viajando e negou que havia uma entrevista marcada para o telejornal da afiliada ao SBT.

“Eu não tinha entrevista marcada na Difusora, quem tinha era o superintendente daqui”, afirmou.

Marcelo Coelho também rechaçou ter sido alvo da operação da Polícia Federal. “Dizer que eu fui foragido? Se eu não estou respondendo nada, se não tem nenhum mandado de prisão contra mim. Eu não respondo a nenhum processo na minha vida”, completou.

O jornalista Olavo Sampaio, da bancada do jornal Bom Dia Maranhão, assegurou em seu perfil, em rede social, que havia sim uma entrevista marcada com Coelho.

“Polícia Federal veio à sede da TV Difusora, atrás do secretário de Estado do Meio Ambiente. Ele seria o nosso entrevistado no Bom Dia Maranhão”, disse e completou: “O secretário alegou problemas pessoais para se ausentar. Em seguida, a PF veio a Difusora em busca dele”.

Notificação – Após a polêmica envolvendo o membro do primeiro escalão do Governo Flávio Dino, a Polícia Federal admitiu ter ido atrás do secretário Marcelo Coelho na sede da TV Difusora. A justificativa dada foi de que os agentes teriam – em cumprimento a decisão judicial -, de comunicar Coelho dos mandados de busca e apreensão na pasta.

A operação da PF ocorreu em conjunto com o Ibama e Ministério Público Federal (MPF), e teve por objetivo combater grupo criminoso ligado à extração e à comercialização de grandes quantidades de madeira ilegal, provenientes da Terra Indígena Caru e da Reserva Biológica do Gurupi.

Mais de 300 policiais federais, apoiados por servidores do Ibama e por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Brasília e do Rio de Janeiro, deram cumprimento a 77 medidas judiciais, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 10 mandados de prisão temporária, 56 mandados de busca e apreensão, bem como à suspensão da certificação de 44 empresas madeireiras no Maranhão, Rio Grande do Norte e no Ceará.

Mais

A organização criminosa desbaratada ontem pela Polícia Federal atuava com a extração ilegal de madeiras em reservas indígenas e teria movimentado valores da ordem de R$ 60 milhões.

Governo afirma que nenhum servidor foi preso

O Governo do Estado, por meio de nota da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), afirmou que nenhum funcionário da pasta foi alvo de pedido de prisão referente à operação da Polícia Federal (PF) realizada ontem.

Na nota, o Executivo admite que agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão na secretaria comandada por Marcelo Coelho, mas ponderou também que não havia pedido de prisão contra o secretário.

“O secretário saiu em viagem cedo da manhã para Codó, onde participaria do Encontro Regional de Gestão Governamental. Quando soube do acontecido imediatamente retornou à capital”, destaca trecho da nota.

No documento, o Governo do Estado informa que “Coelho nada tem a ver com a problemática [sic] e que luta diuturnamente em prol do meio ambiente”. Destaca também que a operação em questão é nacional e oriundo de processos existentes desde a gestão passada, informação essa não confirmada pela Polícia Federal.

Outra nota, encaminhada pelo Governo por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE) afirma que a o órgão já pediu as informações da operação junto à PF e reiterou a disponibilidade do Governo do Maranhão no fornecimento de informações, bem como, se necessário, a adoção de providência disciplinares junto a servidores eventualmente envolvidos e/ou citados na investigação.

A PGE também reforça a não existência de pedido de prisão contra Coelho e afirma que contribuirá com as investigações da PF.

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