Reino Unido

Theresa May assume cargo de premiê após renúncia de Cameron

Ela é a segunda mulher a assumir o posto de premiê do Reino Unido; ex-ministra irá negociar o afastamento do Reino Unido da União Europeia; o ex-primeiro-ministro David Cameron desejou à sua sucessora sorte nas negociações

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
(Theresa May, que assumiu ontem o posto de premiê, cumprimenta a rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham)

Londres - A conservadora Theresa May, de 59 anos, assumiu ontem o posto de premiê do Reino Unido após a rainha Elizabeth II aceitar o pedido de renúncia de David Cameron. Vencedora da disputa pela liderança do Partido Conservador, May se tornará a segunda mulher a assumir o cargo de premiê após Margaret Thatcher.

Vista em Westminster como uma negociadora firme, ela irá negociar o afastamento do Reino Unido da União Europeia. Ela deve ficar no cargo até 2020. “Planejo liderar no mesmo espírito de David Cameron”, afirmou May logo após o encontro com a rainha. Ela prometeu forjar "um papel audacioso" para o seu país fora da UE -- a aprovação da saída em referendo foi o motivo da renúncia de Cameron.

"Agora que vamos deixar a União Europeia, vamos construir um novo papel audacioso e positivo no mundo", declarou May diante da residência oficial de Downing Street, após receber de Elizabeth II a arefa de formar um novo governo.

May também prometeu proteger a "união" do Reino Unido e trabalhar "para todo mundo". Em declaração antes de seguir ao encontro da rainha, Cameron desejou a May sorte nas negociações sobre a saída do país da União Europeia.

Ele afirmou que a sucessora fornecerá a liderança "forte" e "estável" que o país necessita. "Foi a honra da minha vida servir a nosso país como primeiro-ministro", declarou ao lado da mulher, Samantha, e dos três filhos (Nancy, Florence e Arthur).

Durante a sua última participação na sessão na Câmara dos Comuns, nesta manhã, Cameron sugeriu que o Reino Unido permaneça próximo da União Europeia. "Meu conselho para a minha sucessora, que é uma negociadora brilhante, é de que devemos tentar ficar o mais próximo da União Europeia, para termos os benefícios do comércio, da cooperação e da segurança", declarou.

Cidadãos

Cameron disse que o governo tem trabalhado duro para garantir que cidadãos da União Europeia possam continuar no Reino Unido, segundo a Reuters. Perguntado por um parlamentar se cidadãos da UE podem ter direitos de moradia revogados ou ser deportados quando o Reino Unido deixar o bloco, Cameron disse que há "absolutamente nenhuma chance disto acontecer".

"A única circunstância que posso conceber um futuro governo tentando desfazer esta garantia, seria caso cidadãos britânicos em outros países europeus não tenham seus direitos respeitados. Então eu acho que é importante ter reciprocidade."

O presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker pediu à nova primeira-ministra britânica Theresa May que inicie logo as negociações com a a União Europeia sobre a Brexit. "O resultado do referendo no Reino Unido criou uma nova situação à qual o Reino Unido e a União Europeia devem responder em breve. Estou impaciente para trabalhar estreitamente com a senhora e saber quais são suas intenções quanto a este tema", afirmou Juncker em seu Twitter.


Trajetória
Filha de um vigário da Igreja Anglicana, Theresa May nasceu em 1 de outubro em 1956, em Eastbourne, sul da Inglaterra. Ela estudou geografia na Universidade de Oxford, onde conheceu seu marido, Philip May, com quem é casada há 36 anos – o casal não tem filhos.

Antes de ingressar na carreira política, May trabalhou no Bank of England, chefiou a European Affairs Unit e foi consultora financeira da Association for Payment Clearing Services.

Em 1997, ela foi eleita para o Parlamento. Em 2002, se tornou a primeira mulher a ser presidente do Partido Conservador. Desde 2010, May está à frente do Ministério do Interior, pasta que, entre 2010 e 2012, dividiu com o Ministério para a Mulher e Igualdade.

Considerada uma das vozes modernizadoras da legenda conservadora, May apoia a igualdade de sexos e o casamento gay, embora em 2002 tenha votado contra conceder a essa minoria o direito de adoção.

May é conhecida por ter um posicionamento crítico à imigração. Entre seus planos estão "recuperar o controle do número de europeus que entram" no país, e ela não garante que os imigrantes de países da UE que vivem no Reino Unido possam ficar em território britânico assim que for implementado a Brexit.

Os conservadores a definem como "uma mulher extremamente difícil", que recebeu elogios por deportar o clérigo radical Abu Qatada e por se negar a extraditar aos EUA o pirata cibernético Gary McKinnon, que invadiu os computadores do Pentágono.

May recebeu críticas por sua falta de carisma e por descumprir sua promessa de reduzir a cada ano em 100 mil o número de imigrantes nas ilhas britânicas.

Apesar de sua postura de oposição à Brexit durante a campanha do referendo, ela se mostrou disposta a respeitar a vontade dos cidadãos: "Brexit significa Brexit. Não haverá um segundo referendo, nem tentativas de permanecer na UE", garantiu.

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