Crise financeira

Em crise, Santa Casa demite 89 e calcula dívida em R$ 1,1 milhão

Além do enxugamento da folha salarial, unidade de saúde enfrenta ainda atrasos no repasse dos pagamentos a fornecedores de produtos em geral; cirurgias estão sendo remarcadas por falta de material

Thiago Bastos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
O pescador Francisco das Chagas não conseguiu ser internado ontem
O pescador Francisco das Chagas não conseguiu ser internado ontem (O pescador Francisco das Chagas não conseguiu ser internado ontem )

A direção da Santa Casa de Misericórdia demitiu ontem 89 funcionários sob a alegação de cortes no repasse de verbas oriundas do Sistema Único de Saúde (SUS). Além do enxugamento da folha salarial, a crise em uma das unidades de saúde mais procuradas do Estado também passa por atrasos no pagamento a fornecedores de produtos, como medicamentos e materiais em geral.

Atualmente, de acordo com a direção da unidade hospitalar, mesmo com convênio com a Prefeitura de São Luís, a Santa Casa possui uma dívida avaliada em R$ 1,1 milhão por falta de quitação de serviços, como luz e água. “ Trata-se de uma crise sem proporções. Foi inevitável que houvesse esta medida”, disse o provedor da Santa Casa, Abdon Murad.

A Santa Casa possui 303 funcionários, entre técnicos administrativos, de enfermagem e médicos. Procedimentos cirúrgicos estão sendo cancelados ou remarcados por falta de material. “ Muitas cirurgias não estão obedecendo as datas anteriormente marcadas porque não temos como fazer o procedimento sem material”, informou Murad.

O pescador artesanal Francisco das Chagas Aguiar, de 55 anos, veio da cidade de Lago Verde, distante 189 quilômetros de São Luís, para se submeter a uma cirurgia de hérnia na Santa Casa. No entanto, ao chegar à unidade de saúde, na tarde de ontem, foi informado que não poderia se internar. "Apenas me disseram que não poderiam fazer nada, nem me internar. Agora ficou difícil. A gente já vem para São Luís com muita dificuldade e ainda fica dependendo dos outros”, afirmou.

A dona-de-casa Isabel Bastos Alves, de 53 anos, moradora da Vila Embratel, em São Luís, marcou há mais de um mês uma cirurgia na Santa Casa para a retirada de mioma no útero. Ao se encaminhar à unidade, ontem à tarde, recebeu a informação de que o procedimento não seria feito. “ Não sei o que fazer e a quem recorrer. A situação é muito grave da saúde por aqui”, disse.

Cortes

Apesar da situação grave, o provedor da Santa Casa informou que com os cortes na folha salarial haverá maior possibilidade de manutenção da unidade de saúde. “ A gente toma essa medida não porque quer, mas por obrigação. Pensando no bem-estar das pessoas”, afirmou Abdon Murad.

O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Maranhão (SindSaúde) repudiou a decisão da Santa Casa em demitir funcionários. De acordo com a entidade, o hospital corre risco de fechamento. “ Não há como manter aquele local. O que está sendo feito é apenas uma medida emergencial, para estender o fim da unidade”, disse a presidente do SindSaúde, Dulce Sarmento.

A técnica de Enfermagem Raimunda Amorim, de 42 anos, moradora do Turu, foi uma das funcionárias demitidas ontem da Santa Casa. Ela trabalhava no hospital desde 1994. “ Nem sei o que vou fazer da minha vida agora”, disse.

Números

R$ 1,1 milhão é a dívida atual estimada da Santa Casa

89 foi o número de servidores demitidos da unidade

Frases

“ A gente toma este tipo de medida não porque quer, mas por obrigação”

Abdon Murad

Provedor da Santa Casa

“ Nem sei o que vou fazer da minha vida agora”

Raimunda Amorim, 42 anos

Técnica de Enfermagem demitida da Santa Casa de Misericórdia

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