Negócios

Empresa em família: exemplos de sucesso no Maranhão

Donos de empreendimentos comprovam que dividir a administração de negócios com familiares gera bons resultados, se houver profissionalismo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
(familias)

Quem não quer estar perto de quem se ama e confia? Na hora de montar uma empresa não é diferente. Trabalhar com o pai, irmão, filho, primo pode ser bem mais cômodo, mas, se a família não souber limitar as relações pessoais e profissionais, o que era para ser agradável se transforma em um grande problema.

De acordo com a coordenadora do curso de Administração da Estácio São Luís, Sheyla Farias, muitas empresas formadas por núcleos familiares acabam misturando as relações e levando para dentro de casa os problemas administrativos e vice-versa. “Montar uma empresa em família significa que você terá de trabalhar com pessoas que são próximas e que você tem carinho. Mesmo com isso, é preciso ter disciplina, respeitar a hierarquia. A administração de uma empresa com parentes deve ser como em uma empresa normal, cada um desempenhando as suas tarefas”, relata Sheyla Farias.

Quando se consegue enxergar esses limites, estar perto da família pode ser uma grande vantagem na hora de administrar a empresa. Para a especialista, esse tipo de negócio tende a despertar mais empenho, pois o crescimento influencia diretamente no núcleo familiar. “A vantagem da empresa em família é que o interesse que dê certo é maior e, portanto, as pessoas passam a se dedicar mais. Só em estar rodeado por quem você gosta e confia, já é bastante estimulante e ajuda nesse processo”, conta Sheyla Farias.

Um exemplo disso é a família que criou, há 94 anos, o grupo J. Gonçalves, responsável pelo Centro Elétrico, que hoje possui mais de 300 funcionários, 5 mil metros quadrados de área de vendas, 10 mil metros quadrados em estoques e 20 mil clientes ativos. Segundo José Gonçalves dos Santos, diretor comercial da empresa, o segredo do sucesso foi justamente ter discernimento para separar a casa do trabalho. “Reuniões comerciais são sempre na empresa. Quando colocamos o pé para fora daqui, viramos apenas uma família. Não tratamos sobre nada relacionado à empresa dentro de casa”, afirma.

Ele conta, ainda, que a relação com o negócio começou desde criança, quando apenas ia à empresa para brincar. Com o tempo, foi amadurecendo o desejo de participar do negócio e, aos 15 anos, começou a trabalhar formalmente no Centro Elétrico. “Comecei como vendedor. Para me aperfeiçoar, cursei Direito e Administração e com o passar dos anos fui crescendo dentro da empresa. Foi algo bastante natural, sem que tenha havido qualquer tipo de pressão familiar”, relembra.

Gerações
A Gentil Negócios também é um exemplo de empresa que deu certo. Especializado na gestão de franquias e varejo, o grupo foi criado em 2010 após o amadurecimento de uma história de empreendedorismo iniciada ainda na década de 80. Hoje, três gerações da família estão envolvidas na representação e expansão no Nordeste de marcas como O Boticário, Quem Disse Berenice e Swarovski.

“A primeira geração fundou a empresa, a segunda geração, nós, os irmãos [Glauber, Glícia e Glênia Gentil], assumimos a frente e, agora, a terceira geração já está se envolvendo também. Não tem como não acabar acompanhando, pois desde cedo você já começa a se familiarizar com tudo”, relata Glauber Gentil, diretor financeiro da Gentil Negócios.

Filipi Gentil, filho de Glicia Gentil, é o primeiro da nova geração a se envolver com os negócios da família. Diferente das gerações anteriores, além da herança natural e do interesse pessoal, agora se exige formação e preparação especial. “Até a segunda geração se entrou por gravidade. Agora, da terceira, se espera ainda mais profissionalismo e, desde cedo, conhecer de maneira clara as regras”, explica Glauber. E para conduzir esse processo sucessório o Grupo investiu cerca de R$ 1 milhão na contratação de uma das maiores empresas de consultoria corporativa do mundo.

A busca por uma consultoria especializada é um opção para evitar os conflitos naturais que fazem parte da vida empresarial e do lar. Para a especialista Sheyla Farias, é preciso ter em mente que não se pode prosseguir com um negócio que vá acabar criando inimizade entre os parentes e provocando prejuízos financeiros para a família. l

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.