Alimentação

Refrigerante é o sexto alimento mais consumido por jovens

Pesquisa com estudantes de 12 a 17 anos mostra que frutas nem aparecem na lista de 20 itens mais consumidos; 56,6% fazem refeição em frente à TV

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
(refrigerante)

BRASÍLIA

Entre os 20 alimentos mais consumidos pelos adolescentes brasileiros, os refrigerantes estão entre os seis primeiros, à frente das hortaliças, e as frutas sequer aparecem na lista. Os dados são do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica) realizado pelo Ministério da Saúde e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que aponta ainda índice de 8,4% de obesidade entre meninos e meninas de 12 a 17 anos.
O Erica reúne dados de cerca de 75 mil estudantes de 12 a 17 anos. São alunos de 1.247 instituições públicas e privadas de 124 municípios, todos eles com mais de 100 mil habitantes. O estudo é uma parceria do Ministério da Saúde com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O estudo apontou que a dieta dos adolescentes brasileiros é caracterizada pelo consumo de alimentos tradicionais, como arroz (82,0%) e feijão (68,0%), e ingestão elevada de bebidas açucaradas (56,0%) e alimentos ultraprocessados, como refrigerantes (45%), salgados fritos e assados (21,88%), e biscoitos doces e salgados, sendo o refrigerante o sexto alimento mais referido (45,0%). Esse padrão associa-se à elevada inadequação da ingestão de cálcio, vitaminas A e E e ao consumo excessivo de ácidos graxos saturados, açúcar livre e sódio – mais de 80% consomem sódio acima dos limites máximos recomendados (5 gramas por dia).
A prevalência do consumo de frutas foi baixa, e esse grupo de alimentos ficou entre os 20 mais consumidos somente entre os meninos de 12 a 13 anos (18,0%). O café (64,0%) ficou entre os cinco alimentos mais consumidos somente na região Norte. O feijão foi o segundo alimento mais consumido nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A região Sul apresentou a maior prevalência de consumo de refrigerantes (51,0%). As hortaliças (54,0%) configuraram entre os cinco alimentos mais consumidos somente na região Centro-Oeste.
O Erica também mostrou que 17,1% dos adolescentes de 12 a 17 anos estão com sobrepeso. Já 8,4% dos jovens avaliados estão obesos, sendo meninos com maior porcentagem 10,8% e meninas 7,6%.

Comportamento alimentar

O Erica verificou, também, que 56,6% dos adolescentes fazem refeições “sempre ou quase sempre” em frente à TV. Índice é mais elevado entre alunos de escolas públicas. Maior tempo assistindo TV foi significativamente associado ao menor consumo de frutas e verduras e maior consumo de proporções de salgadinhos, doces e bebidas e elevado teor de açúcar. As meninas consumiram com maior frequência “sempre ou quase sempre” refeições e petiscos em frente às telas (TV, vídeo games e computadores). Em relação à prevalência, 73,5% dos adolescentes passam duas ou mais horas por dia em frente às telas. Hábito mais frequente entre meninos, alunos de escola particular e do Sul. O percentual de adolescentes que “sempre ou quase sempre” assistem TV enquanto realizam as principais refeições variou de 48%, no Norte, a 62%, no Centro-Oeste. Menos da metade (48,5%) diz que “sempre ou quase sempre” toma café da manhã.

Portaria traz diretrizes para alimentação saudável

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, assinou ontem uma portaria que traz as diretrizes para promoção da alimentação saudável nas unidades da pasta em todo o país. A proposta é estender essas regras aos demais órgãos e entidades do governo federal. Ele apresentará proposta para mudança legislativa a ser aplicada às escolas públicas e privadas.
Segundo o ministro, a portaria pas­sa a valer para todas as unidades do Ministério da Saúde. O objetivo é estender as diretrizes aos demais órgãos do Governo. “As refeições pagas com recursos da pasta e ofertadas em todas as unidades vinculadas devem seguir o protocolo de Alimentação Saudável”, afirma Barros. Segundo o ministro, atualmente, os pacientes com comportamento de risco, que abrange obesidade, sedentarismo, alcoolismo e tabagismo, são o grande desafio da saúde brasileira. “É preciso investir em saúde preventiva. É melhor para a população e onera menos o orçamento do Sistema Único de Saúde”, ressalta.
A portaria que define as Diretrizes para Promoção da Alimentação Adequada e Saudável abrange tanto as refeições disponibilizadas no restaurante da pasta quanto nas cantinas e as refeições dos eventos realizados pelo órgão. A maior parte da oferta deve ser de alimentos dos seguintes grupos: cereais, raízes e tubérculos, verduras e legumes, frutas, castanhas e outras oleaginosas, leite e derivados, carnes, ovos e pescados. Também fica proibida a venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o consumo. l

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