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Aumenta quantidade de casos de zoonoses na Ilha de São Luís

Presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, seccional do Maranhão, Renan Nascimento Moraes, diz que muitas crianças têm adquirido zoonoses graves, principalmente leishmaniose

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
Cachorro que vive na rua pode ser um transmissor de zoonoses
Cachorro que vive na rua pode ser um transmissor de zoonoses (CAO08071601H)

Há pelo menos cinco anos que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de São Luís funciona de forma precária. Não realiza mais coleta e exames de animais, pesquisas entomológicas alusivas às zoonoses de interesse público, como calazar, raiva, dengue, doença de Chagas, dentre outros, e suas atividades ficaram limitadas ao controle da raiva animal, através de campanhas de vacinação. O próprio prédio onde funcionava o CCZ sofreu deterioração com o tempo e acabou por ser desocupado no ano passado. O órgão passou então a funcionar de forma temporária em um anexo de uma unidade de saúde, no bairro Coroado.

Nesse tempo em que o CCZ está funcionando de forma precária, a quantidade de casos de zoonoses só tem aumentado. O presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, seccional do Maranhão (Anclivepa/MA), Renan Nascimento Moraes, diz que uma pequena visita a hospitais infantis de alta complexidade no estado, como o Materno Infantil, pode revelar a quantidade de crianças que tem adquirido zoonoses graves, principalmente a leishmaniose, conhecida popularmente como Calazar. Além disso, na Ilha de São Luís tem sido registrado um aumento considerável no número de raiva humana desde 2011. “Os números têm aumentado muito. Os animais estão no meio social e a falta de saneamento os atinge e também as crianças”, afirma.

Segundo o veterinário, apenas sua clínica tem atendido cerca de 15 animais, por semana, que apresentam diagnóstico para leishmania. Outras doenças também têm apresentado alto índice de infecção, tais como endoparasitas, ectoparasitas e raiva.

Instalações

O Centro de Controle de Zoonoses, que funcionou por duas décadas na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), saiu das instalações da instituição de ensino por causa de uma série de impasses com a Secretaria Municipal e Saúde. Em agosto de 2015, por meio de nota, a Uema afirmou que o CCZ deixou de exercer suas funções, não mais atendendo à população naquilo que lhe compete. Isso fez com que as pessoas procurassem o hospital veterinário da instituição, pensando que este poderia fazer o serviço do Centro.

A Uema também afirmou que havia a necessidade de expansão da estrutura do Curso de Medicina Veterinária, prevista justamente para a área onde estava o CCZ, e apresentou outro terreno, ainda dentro do Campus, para a mudança. A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) resolveu então retirar o CCZ da Uema e começou a montar o prédio em outra região, na Estrada de Ribamar.

Nova sede

De acordo com a Semus, os serviços de construção da nova Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) de São Luís, como será chamada, já estão sendo finalizados. A nova sede deve funcionar com cinco canis, cada um com capacidade para até 20 cães; e quatro gatis, acolhendo até 10 gatos. A área vai abrigar os animais enquanto estiverem em tratamento veterinário. Sendo de rua, serão castrados e colocados para a adoção, conforme nova orientação do Ministério da Saúde.

A nova UVZ não terá serviço de captura dos animais. O serviço de recolhimento será feito em caso de doença constatada e abandono do animal doente. Com a nova estrutura, o serviço de vacinação em domicílio e o controle de zoonoses, como a raiva e calazar, serão intensificados. As equipes da unidade de vigilância vão promover ainda ações educativas, informando as comunidades sobre procedimentos básicos de cuidados com o animal, além de orientação sobre prevenção e tratamentos em caso de suspeita de doenças que possam ser transmitidas ao homem.

Mais

No ano passado, as atividades do CCZ ficaram limitadas ao controle da raiva animal, motivadas pelo Plano de Contingência da Raiva, sendo este conduzido pelo Ministério da Saúde. Nesse momento, foi definida a ocorrência de duas campanhas de vacinação antirrábica anuais na região metropolitana por recomendação de instância superior.

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