Alta dos alimentos

Feijão, leite e manteiga elevam o custo da cesta básica em São Luís

No mês passado, os produtos somaram R$ 368,49 na capital maranhense, alta de 2,32% em relação ao mês anterior

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
Feijão teve aumento em todas as capitais pesquisadas
Feijão teve aumento em todas as capitais pesquisadas (feijão)

Em junho de 2016, a cesta básica em São Luís custou R$ 368,49, um aumento de 2,32% em relação a maio e segue sendo a sétima capital com menor custo entre as 27 pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No primeiro semestre do ano, a cesta acumulou taxa de 12,52%.

Dos 12 itens pesquisados, metade teve alta nos preços: feijão carioca (46,52%), leite integral (8,01%), manteiga (3,78%), farinha de mandioca (1,38%), café em pó (0,74%), e arroz agulhinha (0,63%); já a outra metade apresentou recuo: tomate (-9,22%), banana (-5,86%), óleo de soja (-2,97%), carne bovina de primeira (-1,05%), pão francês (-1,00%) e açúcar refinado (-0,61%).

O feijão carioca foi o item da cesta que teve a maior variação no mês de junho. Os motivos são múltiplos. Problemas na safra, ocasionados pela seca prolongada nas principais regiões produtoras do Nordeste, redução da área plantada em detrimento de outras culturas mais rentáveis, como a soja, reduziram a oferta do grão e elevaram o preço.

Pela pesquisa do Dieese, houve aumento de preço do leite e da manteiga pelo terceiro mês consecutivo. O problema no setor lácteo é porque a oferta do leite segue baixa, mantendo acirrada a competição da indústria pela matéria-prima, devido ao período de entressafra, e aos altos custos de produção. Assim, com a diminuição da oferta, o preço do leite e dos derivados – como a manteiga – seguiu em alta no varejo.

O Dieese apontou ainda que o preço do quilo do tomate continuou reduzido. Isso se deve à elevada oferta frente à demanda desaquecida, além da baixa qualidade do fruto devido às condições climáticas desfavoráveis.

Cesta x salário mínimo

Em junho, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 92 horas e 7 minutos, superior à jornada calculada para maio, de 90 horas e 2 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 8% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em junho, 45,52% dos vencimentos para adquirir os mesmos produtos que, em maio, demandavam 44,48%.

Custo aumentou em 26 das 27 capitais pesquisadas

Em junho, o custo do conjunto de alimentos básicos aumentou em 26 das 27 capitais do Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As maiores altas ocorreram em Florianópolis (10,13%), Goiânia (9,40%), Aracaju (9,25%) e Porto Velho (8,15%). A única diminuição aconteceu em Manaus, -0,54%.

São Paulo foi a capital que registrou o maior custo para a cesta (R$ 469,02), seguida de Porto Alegre (R$ 465,03) e Florianópolis (R$ 463,24). Os menores valores médios foram observados em Natal (R$ 352,12) e Rio Branco (R$ 358,88).

Entre janeiro e junho de 2016, todas as cidades acumularam alta. As maiores variações foram observadas em Goiânia (25,59%), Aracaju (23,22%) e Belém (19,13%). Os menores aumentos ocorreram em Manaus (4,41%), Curitiba (6,31%) e Florianópolis (9,24%).

Com base na cesta mais cara, que, em junho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

Em junho de 2016, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.940,24, ou 4,48 vezes mais do que o mínimo de R$ 880,00. Em maio, o mínimo necessário correspondeu a R$ 3.777,93, ou 4,29 vezes o piso vigente.

101 horas

Em junho, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 101 horas e 09 minutos, maior do que a jornada calculada para maio, de 97 horas.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em junho, cerca de metade dos vencimentos (49,98%) para adquirir os mesmos produtos que, em maio, demandavam 47,93%.

Comportamento dos preços

Em junho, três alimentos tiveram aumento em todas as capitais: feijão, leite e manteiga. Houve predominância de alta no café em pó, arroz e batata, pesquisada na região Centro-Sul. Já o óleo de soja e o tomate tiveram o valor reduzido na maior parte das cidades.

O feijão seguiu em alta, com variações positivas em todas as capitais. As taxas verificadas para o tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo, foram expressivas: variaram entre 16,48%, em Macapá, e 106,96%, em Aracaju. O feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, aumentou um pouco menos: 12,92%, em Curitiba, 13,83%, em Porto Alegre, 20,54%, no Rio de Janeiro, 25,72%, em Vitória e 29,72%, em Florianópolis.

O clima influenciou na qualidade do grão e, com isso, o preço no varejo subiu desde o início do ano. A cultura do feijão também perdeu espaço para a soja e houve diminuição da área plantada. Em junho, os aumentos foram maiores e o Brasil passou a importar feijão na tentativa de suprir a demanda. No entanto, quase nenhum outro país produz feijão carioquinha. Por fim, a safra irrigada, que começa em julho, pode começar a normalizar a oferta.

O valor do leite aumentou em todas as cidades, devido ao período de entressafra e aos altos custos de produção. As maiores elevações ocorreram em Florianópolis (26,54%), Porto Alegre (19,05%), Campo Grande (15,95%), Palmas (15,23%) e Curitiba (15,19%). As menores taxas foram observadas em Aracaju (0,27%), Manaus (0,30%), Belém (0,43%) e Boa Vista (0,79%).

O preço da manteiga também subiu em todas as capitais, com destaque para Campo Grande (23,90%), Macapá (22,64%) e Goiânia (17,52%). As indústrias de laticínios disputaram o pouco leite ofertado no mercado, o que elevou ainda mais o preço dos derivados lácteos.

O preço da batata seguiu em alta em 10 das 11 cidades do Centro-Sul, onde o produto é pesquisado. As variações oscilaram entre 5,22%, em Brasília, e 49,04%, em Florianópolis. A única redução foi observada em Cuiabá (-3,98%). O clima segue diminuindo a produtividade das colheitas da batata, o que manteve a trajetória altista verificada nos últimos meses.

O valor do arroz aumentou em 23 cidades, com destaque para Porto Velho (10,46%) e Rio Branco (9,94%); ficou estável em Florianópolis e Recife e; diminuiu em Salvador (-1,95%) e Manaus (-1,04%). A baixa oferta foi ocasionada pela redução da produção, retenção dos estoques por parte dos orizicultores, com o objetivo de elevar o preço, e pela demanda firme das indústrias produtoras de arroz, o que resultou na alta do preço do quilo no varejo.

O café em pó teve o preço elevado em 23 capitais, com variações entre 0,69%, em Belém e 5,24%, em Maceió. As reduções foram registradas em Belo Horizonte (-1,39%), Brasília (-0,59%), Goiânia (-0,52%) e Palmas (-0,19%). Clima desfavorável, diminuição da produtividade e negociações lentas no mercado de café elevaram o preço do pó no varejo.

O preço do óleo de soja diminuiu em 23 cidades, com retrações que variaram entre -6,28%, em Florianópolis, e -0,28%, em Vitória. O valor ficou estável em São Paulo e aumentou em Belém (0,23%), Salvador (0,83%) e Rio Branco (3,13%). A valorização do real diante do dólar e as chuvas que beneficiaram a colheita de soja reduziram o valor do grão no mercado interno.

O tomate teve o valor reduzido em 23 cidades. As maiores quedas foram registradas em Salvador (-26,01%) e João Pessoa (-24,31%). Já as altas foram observadas em Porto Alegre (14,85%), Florianópolis (14,41%), Rio Branco (1,43%) e Campo Grande (1,33%). Demanda retraída, grande quantidade ofertada e frutos manchados pelo clima reduziram o preço do tomate.

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