BR-135

Nova tragédia na BR-135 volta gerar revolta em deputados na Assembleia

No domingo, oito pessoas que estavam em um carro de passeio usado para fretamento morreram após o veículo colidir frontalmente com um caminhão de lixo

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
(BR-135 tem sido motivo de críticas)

A ocorrência de mais uma tragédia na BR-135, justamente no trecho em que se arrastam desde setembro de 2012 obras de duplicação da rodovia – entre o Estreito dos Mosquitos e a cidade de Bacabeira – reacendeu na Assembleia Legislativa o debate sobre o atraso na conclusão do serviço.

No domingo, oito pessoas que estavam em um carro de passeio usado para fretamento morreram após o veículo colidir frontalmente com um caminhão de lixo, que tentava fazer uma ultrapassagem no Campo de Perizes.

Esta é a segunda ocorrência de maior repercussão na rodovia. Em março, a bailarina Ana Duarte foi assassinada no trecho da BR-135 dentro da Ilha de São Luís, quando reduziu a velocidade do seu veículo por conta da buraqueira.

“Nós somos todos covardes. Não temos sido competentes para pressionar devidamente o Governo Federal a concluir essa obra”, afirmou o deputado César Pires (PEN), citando entre os “culpados”, além da União, os deputados estaduais e federais e os senadores maranhenses, além do Governo do Estado.

O parlamentar citou, além da falta de duplicação, outros problemas da via.

“Até quando, dessa tribuna aqui, nós vamos continuar na lamentação? Não tem sinalização horizontal também nesses 17 quilômetros, não tem sinalização vertical nesses 17 quilômetros, não tem acompanhamento da Polícia Rodoviária Federal nesses 17 quilômetros. Serão precisos mais mortos para que a gente possa vir aqui fazer cara de mercador, ou tentar fazer média para a imprensa por sensibilidade, quando na verdade nós também somos culpados disso?”, questionou.

Lixo

Ao destacar que o acidente ocorreu em meio a uma série de irregularidades e imprudência, o deputado Cabo Campos (DEM) classificou o trecho da BR-135 de “lixo”.

“Oito vidas de uma só vez. Vidas que cruzaram com uma caçamba carregada de lixo. Um verdadeiro lixo que é a BR-135, principal via de acesso terrestre a capital maranhense”, disse.

Sem citar um culpado específico para a tragédia, ele insinuou que a responsabilidade é do governo federal.

“Agora do que vai adiantar apontar o dedo para os culpados? Aliás, quem são os culpados? O motorista da caçamba que fugiu com medo? O motorista do carro atingido, que pôs ali oito passageiros quando o limite é 5? Será que apontar os culpados alivia a dor? A reposta é só uma: não. Mas todo mundo nesse plenário sabe quem é o culpado”, ressaltou.

Para o deputado Wellington do Curso (PP), a classe política tem caído em descrédito com a população maranhense por não conseguir garantir a obra.

“A história se repete nessa BR, e nós, que também somos culpados por isso, vamos caindo no descrédito, por não conseguir dar as respostas necessárias para a população”, declarou.

MAIS

Logo após o assassinato da bailarina Ana Duarte, o DNIT reforçou as equipes de recuperação emergencial da BR-135 no trecho dentro da Ilha de São Luís. O ritmo da duplicação, no entanto, segue muito lento. Apesar disso, o órgão garante que as obras não estão paradas.

Braide propõe que Exército assuma obra

O deputado Eduardo Braide (PMN) revelou ontem a O Estado que apresentará um requerimento que, se aprovado em plenário, possibilitará o encaminhamento de um pedido formal ao Ministério dos Transportes para que a obra de duplicação seja delegada Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército Brasileiro.

O parlamentar decidiu fazer esse encaminhamento após uma reunião com o comandante do 24º Batalhão da Infantaria Leve (BIL), tenente-coronel Azevedo, ainda na semana passada, antes da tragédia.

“Ele me disse que o Exército tem todas as condições e efetivo para executar essa obra. Apresentaremos um requerimento para que seja encaminhada essa solicitação ao Ministro dos Transportes, para que ele possa fazer essa mudança. Tenho o maior apreço pela iniciativa privada, mas com essa situação da BR-135 não dá mais para conviver”, destacou.

Segundo Braide, o que mais chama atenção no caso é que, apesar da lentidão na obra, não há atrasos no pagamento das medições.

“Antes de fazer essa sugestão, eu tive a preocupação de verificar se havia algum pagamento em atraso para esse consórcio de empresas que está executando a duplicação. E a grande surpresa é que não há nenhum pagamento em atraso. Portanto, está faltando fiscalização e, mais do que isso, está faltando boa vontade por parte das empresas que venceram a licitação””, comentou.

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