União Europeia

Dirigente da UE questiona tipo de reformas após saída britânica

Jean-Claude Juncker reconhece que o bloco está vulnerável; para ele, não existem propostas sobre quais mudanças exatamente são necessárias para salvaguardar a integração europeia; primeiro-ministro eslovaco assumiu presidência rotativa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
(Jean-Claude Juncker reconhece que o bloco está vulnerável)

Bruxelas - O chefe do Executivo da União Europeia demonstrou frustração com os pedidos de reformas para reinventar o bloco após a saída do Reino Unido, dizendo que não existem propostas sobre quais mudanças exatamente são necessárias para salvaguardar a integração europeia.

Os comentários de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, ressaltam a posição vulnerável em que a UE se encontra após o referendo que resultou na desfiliação britânica do que ainda é um bloco de 28 nações, e que lançou dúvidas sobre seu futuro.

"Temos que explicar de novo a pauta de reformas que está em curso", disse Juncker durante uma coletiva de imprensa na Eslováquia. "Estamos lutando com a burocracia. Estamos modernizando a economia europeia - união digital, união em energia, aprofundamento do mercado interno, união dos mercados de capital, união bancária."

"Todos estão dizendo 'precisamos de mais reformas'. Ninguém está dizendo que tipo de reformas iríamos precisar além daquelas que já estão em curso, incluindo algumas iniciativas que adotamos no campo da dimensão social do mercado interno."

Juncker falava em uma coletiva conjunta com o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, que assumiu a Presidência rotativa da UE na sexta-feira até o final do ano que vem. "Não direi que nada tem que mudar. Mas as coisas que estão indo nas direções certas não mudarão", afirmou Juncker.

Fico, que no dia 16 de setembro irá presidir uma cúpula com todos os líderes da UE, exceto o britânico, está pedindo a devolução de mais poderes para as capitais nacionais em detrimento da Comissão.

Apelo dos partidos

Os líderes de governos da UE estão determinados a refrear o apelo dos partidos eurocéticos de direita que têm capitalizado o descontentamento crescente com uma tendência de longa data à integração, incentivada por Bruxelas e vista por muitos como algo que mina a soberania nacional.

Fico também disse que Alemanha, França e outros Estados do oeste do bloco poderiam ditar o futuro. Alguns membros do oeste dizem que a UE deveria aprofundar a integração em áreas como a zona do euro depois que a saída britânica tiver sido consumada.

Muitos líderes governamentais da UE citam o desemprego e a imigração como áreas vitais para se lidar de maneira a fortalecer a credibilidade do grandioso projeto de união europeia pós-Segunda Guerra Mundial para as 500 milhões de pessoas do bloco.

Saída do Reino Unido

O presidente da França, François Hollande, disse na sexta-feira, 1º, que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) não pode ser "atrasada" nem "cancelada", já que a decisão foi adotada livremente por seus cidadãos em referendo.

Hollande se reuniu na sexta-feira com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, à margem dos atos de comemoração do centenário da Batalha do Somme, da I Guerra Mundial, na qual franceses e britânicos combateram juntos contra as tropas alemãs.

Em declarações para a imprensa após a reunião, Hollande considerou que há britânicos que "começaram a entender" as vantagens que implica estar dentro da União Europeia e, por isso, se mostrou convencido de que partidários da Brexit estão mudando de posição.

No entanto, segundo sua opinião, "a decisão está tomada e não pode ser atrasada nem cancelada". "É preciso assumir as consequências", afirmou.

Hollande reiterou que, uma vez recebida a notificação do próximo primeiro-ministro do Reino Unido que substituirá Cameron se abrirá uma fase de negociações não superior a dois anos, embora tenha afirmado que "quanto mais rápido for, melhor".

Posteriormente, "será dado um status ao Reino Unido, que não seguirá na UE, mas que poderá, sob certas condições a serem negociadas, continuar vinculado ao mercado único", afirmou.

Frase

"Estamos lutando com a burocracia. Estamos modernizando a economia europeia - união digital, união em energia, aprofundamento do mercado interno, união dos mercados de capital, união bancária"

Jean-Claude Juncker

Chefe do Executivo da União Europeia

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