Trabalho social

Professor luta pela cidadania

Adriano Guerra Pontes, professor de jiu-jitsu e muay thai

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
(professor)

SILVIA MOSCOSO
Editora de Cidades

Adriano Guerra Pontes luta pela construção de um mundo melhor. Já foi dependente de drogas, andava pela vida sem rumo. Hoje, com 32 anos, está recuperado, tem família e se dedica aos outros. Aqueles que também se envolveram com drogas e se tornaram párias. Ele contribui há pouco mais de um ano com o bem-estar e a saúde física e mental de crianças e adolescentes carentes no município de Humberto de Campos, no litoral norte do Maranhão.
Formando em Educação Física e amante dos esportes, Adriano Pontes formou, desde que chegou à cidade, turmas para ensinar jiu-jitsu e muay thai. São cerca de 150 alunos, que assistem a aulas gratuitamente, com direito a lanche, equipamentos e roupas adequadas. O projeto social “Lutando pela Vida”, cuja logomarca é um coração de luva de boxe em posição de luta, visa promover o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes em vulnerabilidade social.
O grupo já concorreu em várias competições de jiu-jitsu na cidade, na região e em Caxias. Agora, se prepara para o Mundial, que ocorrerá em 2017 na cidade de São Paulo (SP). O único passaporte para frequentar as aulas do professor Adriano Pontes é estar estudando em uma escola convencional e ter boas notas. Para ele, basta ter alunos e um local para as aulas, o lanche e os quimonos. “O que me impulsiona é o amor pelo que faço. Levanto cedo todos os dias com a mente voltada para o bem. Estive à frente de outro projeto semelhante a este em Humberto de Campos e obtive bons resultados”, conta.
Adriano Pontes é de Porto Velho (RO) e chegou a Humberto de Campos com a esposa, que foi transferida para a cidade. Ele já esteve em Maricoré, no Amazonas, onde dava aulas de esportes para crianças e adolescentes em vulnerabilidade social. Em Humberto de Campos, quer abrir novas turmas, de luta olímpica e vale-tudo. Depende de ajuda, mas ele continua fazendo planos que visam afastar crianças e jovens das drogas.
Problemas
Embora tenha boa aceitação na comunidade humbertoense, o projeto corre risco por falta de recursos. Não há patrocinador, apenas doadores de lanches, fardas e instrumentos para as aulas. Não há ajuda municipal, estadual ou federal. Na maioria das vezes, o professor tira dinheiro do próprio bolso. E sempre tem um pedido para “encaixar” mais um nas aulas. O bom comportamento dos alunos passa de “boca em boca” e as mães procuram vagas na escolinha. “Eles deixam o fascínio pelas ruas e passam a amar o esporte e a estudar com afinco para não ter notas baixas e perder as aulas de esporte. Pensam em ser campeões”, diz Eurislene Moraes, a mãe de Pedro, 13 anos, que há meses se dedica aos estudos e ao esporte sem preocupar a família.
Para Eurislene Moraes, as aulas do professor Adriano chegaram em boa hora, pois a cidade cresceu e com o crescimento vieram as mazelas. “A droga é o medo de toda mãe. E com as aulas de jiu-jitsu a gente sabe que os filhos estão ocupando a mente e o corpo com coisa boa”, comenta. O treinamento acontece todos os dias no fim da tarde em uma sala alugada por Adriano, que também trabalha com crianças que necessitam de estímulos para coordenação motora.“O humanismo do professor Adria­no Pontes chama a atenção de todos. Ele fez e faz tudo com ajuda de poucas pessoas. Mas isso não desestimula ele. Está sempre buscando aprimorar as aulas e orientar melhor os meninos”, diz mãe de Pedro. l

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