Turismo em baixa

Pontos turísticos de São Luís estão em estado precário

Visitas pelos principais cartões-postais da cidade revelam cenários nem sempre convidativos; entre os problemas estão a sujeira, ocupação irregular por moradores de rua, depredação e falta de conservação do patrimônio histórico

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47

[e-s001]Em plena temporada junina, uma das altas estações no Maranhão, o Centro Histórico de São Luís está recebendo muitos turistas, embora o setor hoteleiro reclame da baixa ocupação para o período, em comparação a anos anteriores. A taxa de ocupação informada pelos hotéis varia de 42% a 80%. E as visitas pelos principais pontos turísticos da cidade revelam cenários nem sempre convidativos aos turistas e visitantes. O Estado esteve em alguns dos principais pontos turísticos de São Luís e constatou que, em alguns deles, a depredação afasta os visitantes. Em outros, as condições dos banheiros públicos são alvo de reclamações.

Situada à frente da Rua de São João, ladeada pelas Ruas do Mocambo e da Inveja e com fundos que se confrontam com os da antiga Fábrica Santa Amélia, a Fonte das Pedras foi a primeira a ser edificada em São Luís. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no livro de “Belas Artes volume I”, em 1963, já foi praticamente a porta de entrada da cidade. Construída durante a invasão holandesa à Ilha de Upaon-Açu (1641/1644), servindo antes de abrigo às tropas de Jerônimo de Albuquerque quando da expulsão dos franceses (1615), ela era utilizada no abastecimento de todas as embarcações que atravessavam o Atlântico ou seguiam para o interior do país, o que fazia dela um ponto estratégico.

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Mas toda essa importância histórica não condiz com o seu atual estado de conservação. Hoje, o logradouro sequer faz parte dos roteiros dos passeios realizados pelas agências de turismo da cidade. Quem mora ou trabalha nas proximidades até frequenta a fonte, mas reclama da falta de cuidado com o local. “A fonte está suja, precisando de uma reforma, mas faz tempo que ela não recebe uma obra”, conta Abílio Moreira, comerciante da área.

A fonte que abastecia a cidade continua se mostrando útil, abrigando moradores de ruas, que usam os bancos do local como camas. No entanto, a presença deles é outro fator que afasta os visitantes. “Muita gente deixa de vir aqui por causa deles, pois ficam com medo de algum crime”, comenta Abílio Moreira.

[e-s001]Praça Pedro II
Outro local da cidade cujas belezas disputam a atenção dos visitantes com os problemas é a Praça Pedro II. No local, ficam as sedes dos governos municipal e estadual, do Judiciário e a catedral da cidade. Mas a opulência do Palácio dos Leões contrasta com a ocupação desordenada da praça, transformada em estacionamento, e com os problemas de calçamento. “A gente caminha pela praça e acaba tropeçando, porque tem muitos pontos onde as pedras que revestem o chão foram retiradas. É uma praça muito bonita, mas precisa ser melhor cuidada”, afirma Zulema Mariane, turista de Franca, cidade do interior de São Paulo.

Ainda na Praça Pedro II, a Fonte Luminosa, em frente à catedral, foi desativada e a estátua da Mãe d’Água Amazonense, que ficava no meio do monumento, retirada. A fonte foi construída no século XX para mostrar a exuberância da época. Hoje, o glamour da estrutura ficou apenas na memória de quem já passou por ali.

A fonte está depredada, os azulejos estão caindo e há muita sujeira. A água do local é utilizada pelos guardadores de carro para lavar os veículos ou por moradores de rua que tomam banho na fonte.
Em sentença assinada no dia 14 deste mês, o titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, juiz Douglas de Melo Martins, condenou o Hotel Vila Rica (CTH HOTÉIS) e Município de São Luís a executarem serviços de restauração da estátua da Mãe d’Água Amazonense, obra de autoria do artista plástico maranhense Newton Sá.

Praça Gonçalves Dias
Outro cartão-postal de São Luís que serve de abrigo para moradores de rua é a Praça Gonçalves Dias. No local, há até uma rede armada. A praça é rodeada por um conjunto de prédioshistóricos, como casarões, o Palácio Cristo Rei e a Igreja Nossa Senhora dos Remédios. Da praça se avistam várias faces da cidade, o polo original de onde a cidade começou, e o novo polo urbano, construído a partir da instalação da Ponte José Sarney, mais conhecida como Ponte do São Francisco. Pode-se contemplar também o pôr do sol na Baía de São Marcos, onde se vê o encontro do Rio Anil com o mar.

Na praça, há ainda muitas palmeiras e um coreto, onde algumas apresentações artísticas em dia de festa e o festejo da Igreja dos Remédios são realizados. Famosa por ser ponto de encontro dos casais apaixonados, ela ficou conhecida também como Largo dos Amores. Atualmente, além dos namorados, o espaço é bastante visitado por skatistas, que fazem manobras nos bancos e escadarias da praça, o que causa protestos, pois os esportistas estão deixando a Gonçalves Dias bastante depredada. A ocupação por moradores de rua e o uso por skatistas, que tanto desagrada à população e turistas, reflete outros problemas da cidade, como a vulnerabilidade social de parte de sua população e a pouca oferta de locais para a prática de esportes.

[e-s001]Mercado da Praia Grande
A Casa das Tulhas ou Mercado da Praia Grande é outro ponto bastante visitado no Centro Histórico, sobretudo por concentrar diversos produtos típicos da cidade, como o artesanato, os doces, a tiquira e outros. E é outro cartão-postal da cidade que é alvo de reclamação. “Eu não consegui usar os banheiros da feira por causa do fedor e da falta de limpeza. Não sei de quem é a responsabilidade de limpar, se da Prefeitura ou dos comerciantes, mas alguém precisa melhorar a limpeza do ambiente”, diz Maria Borsário, turista de Capibaribe, cidade do interior paulistano.

SAIBA MAIS

Vandalismo

A Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, estabelece pena de seis meses a um ano de prisão e multa para quem grafitar ou outro por outro meio depredar a edificação ou monumentos urbanos ou coisas tombadas.

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