Queimadas

Identificados 5.723 focos de queimadas no 1º trimestre

Dentre os estados da região Nordeste, o Maranhão ficou com o segundo maior quantitativo de focos, sendo superado apenas pelo estado da Bahia onde ocorreram 6.789

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
O clima, segundo o Imesc, contribuiu para maior ocorrência de focos de queimadas no estado, principalmente nas áreas que apresentam longos períodos de seca
O clima, segundo o Imesc, contribuiu para maior ocorrência de focos de queimadas no estado, principalmente nas áreas que apresentam longos períodos de seca (Os focos)

No primeiro trimestre deste ano foram identificados 5.723 focos de queimadas no Maranhão, enquanto no Nordeste foram detectados 17.171 focos. Já no Brasil, o total de incidências chegou a 130.234 registros, segundo relatório do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc), que ampliou o monitoramento de incidências de focos de queimadas no Maranhão para fortalecer os mecanismos de prevenção e combate ao fenômeno.

Em dezembro de 2015, o instituto divulgou um estudo com o monitoramento das incidências de queimadas nas 21 Terras Indígenas, abrangendo cerca de 24 mil quilômetros quadrados de áreas protegidas, distribuídas em 30 municípios.

O estudo mostra que os municípios com a maior concentração de focos de queimadas no Maranhão são: Centro Novo do Maranhão, Bom Jardim, Itinga do Maranhão, Açailândia, Turilândia, Buriticupu, Caxias, Santa Luzia, Cândido Mendes e Balsas.

Segundo o Imesc, o clima contribuiu para uma maior ocorrência de focos de queimadas no estado, principalmente nas áreas que apresentam longos períodos de seca. Porém, o relatório revela que parte significativa dos incêndios são provocados por ações humanas, sejam acidentais ou criminosas.

O pesquisador Ribamar Carvalho, geógrafo do Imesc e um dos autores do relatório, explicou a necessidade de publicação do estudo. “Com o objetivo de auxiliar a geração de políticas públicas e planejamento governamentais voltados para amenizar o problema, o Imesc trouxe a distribuição desses focos por municípios”, disse.

Dentre os estados da região Nordeste, o Maranhão ficou com o segundo maior quantitativo de focos, sendo superado apenas pelo estado da Bahia onde ocorreram 6.789. Do total de focos de queimadas registrados no Maranhão, identifica-se que sua maior incidência ocorreu nas regiões Noroeste e Oeste do estado, onde localiza-se a Região da Amazônia Legal.

Tal situação coloca em risco a biodiversidade desse bioma, aumentando o problema ambiental relacionada a população local, com destaque para áreas rurais e terras indígenas. Os focos de queimadas destroem milhares de hectares dos ecossistemas no mundo, afetando a saúde das populações com grandes prejuízos econômicos e ambientais sem precedentes.

A classificação aplicada pelo Imesc dividiu o total de focos em três grupos: Baixo para as áreas de baixo risco ambiental e poucos focos; Médio para as áreas de risco moderado e alerta para esses municípios e Alto para as áreas de maior atenção, com graves alterações ambientais e sociais.

Amazônia

A região com maior quantitativo de focos concentra-se na Amazônia Legal, mas deve-se ressaltar que esta área também abrange o setor conhecido como Arco do Desflorestamento, este estende-se desde o oeste do estado, passando por Tocantins, parte do Pará e do Mato Grosso, todo o estado de Rondônia, o sul do Amazonas chegando ao Acre.

Toda essa região tem um histórico de grandes alterações da paisagem, com extensas áreas de florestas convertidas em pastagens, agroindústrias, mineradoras e madeireiras. Nota-se que no primeiro trimestre (5.723) houve um aumento superior a 140% em relação ao mesmo período de 2015 (2.382).

Esse aumento pode estar relacionado às queimadas provocadas por intervenções antrópicas que ocorreram ao final de 2015 e início de 2016 nas áreas indígenas de Turi, Awá e Arariboia, somado aos reduzidos índices pluviométricos registrados nesse período, além de maior distribuição dos focos no ano passado contra grande concentração no ano seguinte.

Fogo

No Brasil, o fogo ainda é bastante utilizado no manejo de pastagem e na “limpeza dos terrenos” para a agricultura tradicional, sendo uma forma rápida e barata de reduzir a biomassa, estimular a rebrota de forragem para a pecuária, diminuir as pragas e remover os remanescentes agrícolas.

Porém, no período seco, a vegetação está mais suscetível, e a queimada mesmo sendo feita de forma controlada pode tomar proporções desastrosas, atingindo áreas de vegetação nativa, matando animais silvestres e até mesmo avançar sobre áreas rurais e urbanas.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no primeiro trimestre deste ano no Brasil foram identificados 130.234 focos, no Nordeste 17.171, destes 33% foram registrados no Maranhão contabilizando um quantitativo de 5.723 focos de queimadas.

Mais

Municípios com mais focos

1º trimestre de 2015

Bom Jardim (94)

Codó (91)

Cândido Mendes (83)

Araioses (78)

Balsas (73)

1º trimestre de 2016

Centro Novo (377)

Bom Jardim (287)

Itinga do Maranhão (245)

Açailândia (186)

Turilândia (147)

Centro Novo no topo do ranking pela primeira vez

No município de Centro Novo do Maranhão identifica-se o maior quantitativo de focos este ano, diferentemente de 2015, onde ocorreram apenas 23 focos. Essa grande diferença pode estar relacionada ao grande número de queimadas que começaram a acontecer no fim do ano passado, que acabaram se estendendo até início de 2016, nas Terras Indígenas Awá-Guajá.

É importante frisar a finalidade da correlação dos indicadores apontados, considerando que o clima contribui para uma maior ocorrência de focos de queimadas, principalmente, em áreas com períodos de seca prolongadas. Entretanto, ressalta-se que, grande parte dos incêndios são provocados por ações humanas, sejam acidentais ou criminosas.

Esse cenário expõe a grande urgência e necessidade de se ampliar pesquisas sobre a temática levando em consideração que tal prática indiscriminada ocasiona cerca de 20% das emissões globais antropogênicas de gás carbônico (CO²), além de provocar empobrecimento dos solos, destruição de vegetação, problemas de erosão, redução na biodiversidade e alterações químicas da atmosfera.

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