Lava Jato

Renan nega acordo para impedir prisão de acionados por Janot

Jornal O Estado de S. Paulo afirmou ontem haver articulação para que o plenário derrube eventual ordem de prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
(Renan Calheiros nega articulação no Senado)

BRASÍLIA

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou ontem que haja uma articulação de senadores para barrar uma eventual ordem de prisão contra ele e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Na manhã, o jornal O Estado de S. Paulo disse que líderes da base aliada e da oposição no Senado articulam um grande acordo para barrar no plenário da Casa eventual ordem de prisão provisória do presidente do Senado e do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Se a Corte determinar, os senadores só podem ser mantidos presos após aprovação do Senado.

Renan argumentou que não existem interferências nas investigações, porque "o Senado pratica sempre a separação de poderes".

"Isso não existe e não existirá porque o Senado praticará sempre a separação dos poderes, eu já disse isso e queria repetir. Nós não sabemos nem o conteúdo das delações, imagina fazer acordo? Quem está dizendo isso é porque quer mais uma vez deturpar as coisas. Eu já fiz da minha parte, o que era preciso fazer: compareci, fiz depoimento, entreguei todos os meus sigilos e estou à disposição para continuar colaborando, de modo que, da nossa parte, tenho conduzido tudo isso com tranquilidade, com serenidade e sabendo, definitivamente, que o esclarecimento é bom para todo mundo, mas é especialmente bom para mim", afirmou, em rápida entrevista, o senador.

Os pedidos de prisão feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, serão avaliados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas parlamentares só podem ser mantidos presos com a aprovação do Senado, o que aconteceu com o senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido) em novembro do ano passado. Com a possibilidade da delação premiada da Odebrecht atingir muitos outros políticos, um grande pacto começaria a tomar corpo na Casa.

Para líderes no Senado consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo, o conteúdo das gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com Renan e Jucá não seria suficiente para levar um parlamentar à prisão. O pedido de Janot, contudo, não teria base apenas nas gravações, mas também em documentos que comprovariam repasses financeiros. A imprensa, além disso, divulgou apenas parte dos áudios em poder da PGR.

Eu já fiz da minha parte, o que era preciso fazer: compareci, fiz depoimento, entreguei todos os meus sigilos e estou à disposição para continuar colaborandoRenan Calheiros, presidente do Senado
Temer nega arrticulação pró-Cunha

O presidente interino Michel Temer disse, em encontro com deputados nesta quinta-feira (9), que seu governo não está fazendo interferências no processo de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética.

Segundo o líder da bancada do DEM, deputado Pauderney Avelino, Temer afirmou que "não há qualquer interferência do governo no caso do deputado Eduardo Cunha. Meu governo não é ação entre amigos", disse Temer, segundo Avelino.

A resposta de Temer foi dada a parlamentares que o procuraram nesta quinta-feira, após informações de que o Planalto estaria articulando a renúncia de Cunha da Presidência da Câmara para evitar a perda do mandato.

As suspeitas sobre a operação para salvar Cunha aumentaram depois que o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) afirmar, na reunião de terça-feira (7) do Conselho de Ética, que Temer havia jantado com Marcos Pereira, presidente do PRB, partido da deputada federal Tia Eron (BA), cujo voto é considerado essencial para a cassação de Cunha. A deputada não apareceu na sessão para a votação do parecer.

Segundo Molon, o possível encontro entre Temer e o presidente do PRB é "extremamente preocupante". “Pode ser uma mera coincidência, mas é muito ruim para um governo que abriga tantos aliados de Eduardo Cunha que mais essa suspeita paire sobre ele". Molon classificou como “história da carochinha” a tese da defesa de que os recursos no exterior não sejam de Eduardo Cunha.

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