Balanço de maio

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

A palavra balanço, rezam os dicionários, pode ter vários significados, como abalo, agitação, efeito de balançar e até o exame de uma situação. Se o brasileiro - e, naturalmente, o maranhense - expandir o foco das suas elucubrações para além de si mesmo, verificará que muitos desses fatos aconteceram no Brasil e no Maranhão neste maio que findou: abalo financeiro e agitação de toda ordem, principalmente nos meios políticos.

Vejamos. A titular da presidência da República deu tropeções na economia, pretendeu, com a sua ideologia de esquerda, forçar o nosso povo a seguir por mares “nunca dantes navegados” e foi substituída. O marxismo/leninismo não deu certo em nenhum país. Teimar, se não é fanatismo é pouca inteligência. O seu substituto, principal responsável pela condução da nave chamada Brasil, tem tido dificuldade para escolher seus auxiliares mais diretos. São prova disso aqueles dois ministros que se demitiram: o primeiro, cujo sobrenome é o nome de uma árvore de “madeira extremamente dura” que, apesar disso, não resistiu à dureza de certas palavras levadas a público na delação premiada. O outro nem chegou a assumir o cargo: foram apontados pontos obscuros no seu desempenho de homem público. Faltava-lhe total transparência.

Mas o balanço de maio, que agitou o dia a dia dos brasileiros com atos e fatos que tiraram o sono de muitos e, como indica o significado da palavra, ainda balança e agita, continua fazendo história. Temos uma presidente da República que, embora não o sendo de fato, continua dando palpites e fazendo críticas; o cabeça de uma casa legislativa que, embora afastado do cargo, permanece movendo os seus fantoches; um substituto atrapalhado na dita casa legislativa que, como era de esperar, mais atrapalha do que ajuda; um senador cassado que continua a assustar muitos dos que permanecem no poder; um Senado e uma Câmara que - aleluia! - atravessam madrugadas a trabalhar; o cantor Cauby Peixoto que nos deixou e foi soltar a sua bela voz em outros níveis da existência e, por fim, em terras maranhenses, o genial Papete (José de Ribamar Viana) que foi mostrar a São João e a São Pedro, ao vivo e em cores, o vigor do seu batuque e a beleza das suas tiradas juninas.

Tem mais: vândalos atearam fogo em muitos ônibus de São Luís, como se os usuários tivessem culpa por todas as mazelas da cidade, as estradas maranhenses continuam em mau estado de conservação e a poluição ainda é a marca registrada das praias da ilha.

Como a palavra balanço significa também, segundo o Aurélio, verificação de receita e despesa, a equipe das finanças no atual governo federal descobriu, sem muita surpresa, que a úlcera (perda de substância) em que afundaram as nossas economias, anunciada pelos que saíram em torno de noventa bilhões, é, na verdade, uma cratera que se aproxima dos duzentos bilhões. Isso mesmo: duzentos bilhões.

Junho chegou, e com ele os sons das matracas e dos pandeirões. Os festejos juninos pipocam aqui e ali, e com eles a alegria de um povo que quase não tem do que se alegrar. A esperança nas coisas boas, porém, não morre. Afinal, como diz aquele ingênuo personagem da novela, “tudo de ruim que acontece é pra melhorar”.
OBS.- Em artigo anterior, por um erro de digitação foi escrito Academia Maranhense de Letras. Corrijo agora: Academia Vianense de Letras.

ALDIR PENHA COSTA FERREIRA
Médico, ex-professor da UFMA, membro da Academia Maranhense de Medicina, da SOBRAMES e da Academia Vianense de Letras

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