A culpa é da crise

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

A palavra crise é hoje uma das mais pronunciadas entre os brasileiros. Para qualquer situação as pessoas têm na crise a justificativa. Se está endividado, a culpa é da crise. Se não compareceu ao encontro com a namorada, culpa da crise.
Que crise é essa que muda tudo, que traz tantas dificuldades? No passado, a palavra crise era comumente utilizada na medicina como um momento crítico para o paciente que determinava sua cura ou a morte. Hoje, é utilizada com várias conotações, como crise de riso, crise existencial, crise de relacionamento, crise da adolescência, crise dos 40 anos, entre outras.
Mas, nos últimos dois anos a crise que mais se fala no país é a econômica, agravada pela instabilidade política. Entretanto, essa é uma situação que não é exclusividade do Brasil e muito menos do mundo contemporâneo. Desde o século XIX o sistema capitalista já convivia com essas dificuldades financeiras, quando em 1873 houve a quebra do setor ferroviário inglês, sistema que à época era a locomotiva (sem trocadilhos) do desenvolvimento.
O impacto disso foi que das 364 ferrovias inglesas, 89 foram à falência, num efeito dominó que derrubou preços e lucros e 23% das exportações. Países como Alemanha, França e Itália também foram afetados pela crise e, ainda os Estados Unidos, com a quebra do banco Jay Cooke, levando a Bolsa de Valores a fechar por 10 dias. E olha que o mundo não era globalizado.
A crise mais lembrada no mundo é a de 1929, nos Estados Unidos, que foi chamada de a “Grande Depressão”, que se originou da quebra de 40% da Bolsa de Valores de Nova York, resultando em falência de empresas e por deixar um terço da população americana desempregada.
Já ali o Brasil fora afetado pela crise, uma vez que os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. As exportações caíram assim como o preço do produto. Sem mercado e desvalorização do produto, o governo brasileiro foi obrigado a comprar e queimar toneladas de café no Porto de Santos, abalando a economia.
Outras desestabilizações na economia ocorreram, como a crise do petróleo nos anos 1970; a moratória mexicana em 1982; queda no índice Down Jones, em 1987; crise dos chamados Tigres Asiáticos em 1997; calote da dívida externa russa em 1998 o estouro da bolha das empresas.com no ano 2000; e a crise imobiliária, ou subprime, nos Estados Unidos, em 2008.
O Brasil, nesse contexto, que já passou por momentos de grandes dificuldades econômicas ao longo da sua história, especialmente a mais recente, e que se submeteu a tantos planos de salvação, encontra-se hoje mergulhado numa crise moral, política e econômica, longe de acabar.
Uma situação complexa e de tamanha gravidade que levou ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, mas cujo cenário ainda é de incertezas diante da bomba que se tornou a operação Lava-Jato.
Os números da economia ainda são negativos e ainda não se sabe ao certo se Dilma será afastada definitivamente ou se retornará, ou mesmo se ocorrerão novas eleições.
E enquanto esse quadro não se definir, o país continuará paralisado, os investidores desconfiados e o desemprego batendo à porta dos brasileiros. E quem é o culpado? A tal da crise.

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