Esgoto

São Luís tem apenas 8% de esgoto tratado, diz estudo

Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, aponta a capital maranhense entre as 20 piores cidades quando se trata de saneamento básico no país; capital investiu em água e esgotos apenas 17%

Gisele Carvalho / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

São Luís ocupa a 83ª posição no ranking do saneamento nas 100 maiores cidades. O estudo que considera os números oficiais de 2014 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades mostra um cenário preocupante na capital maranhense. Apenas 8% do esgoto produzido na capital é tratado, segundo o Instituto Trata Brasil.

Hoje, no Brasil, o conceito de saneamento ambiental envolve drenagem de águas pluviais, manejo de resíduos, abastecimento de água e esgotamento sanitário. Mas é comum ele ser associado principalmente a esses últimos pontos. E é justamente em relação aos serviços de água potável, à coleta e ao tratamento dos esgotos que São Luís apresenta níveis críticos.

Sem tratamento
De acordo com o estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil, São Luís oferece serviços de água tratada a 80% de seus habitantes, mas apenas 45% desses têm acesso à coleta de esgoto. A situação preocupa mais ainda quando se fala em tratamento do esgoto produzido. Somente 8% do esgoto gerado na cidade passa por algum tipo de tratamento.

O ranking mostra ainda que a capital está entre as piores cidades no critério de perdas de água. Enquanto a média entre as 100 cidades é de 38%, São Luís tem uma per­da média de volume de água pro­duzido e não efetivamente consumido pela população de 63%.
E não foi só nesse quesito que o cenário de São Luís destoou da média entre as outras cidades. São Luís investiu em água e esgotos apenas 17% do que foi arrecadado com esses serviços, enquanto a média nacional foi de 23%.

Opinião
Para o professor Lúcio Macedo, doutor em Saneamento Ambiental, o cenário atual da cidade é crítico em todos os pontos que o saneamento engloba. Ele destaca que principalmente as doenças são o reflexo dos baixos índices em relação à água tratada. “Temos 350 bairros e desses são 112 com problemas sérios de abastecimento de água para a população. Isso totaliza um contingente de qua­se 250 mil pessoas”, ressaltou.

Já em relação ao esgotamento sanitário, o professor contesta os números apresentados no estudo afirmando que eles estão aquém da realidade da capital maranhense. “Atualmente, o nível de cobertura [rede de coleta de esgoto] não chega a 30%. Não temos nem 2% de tratamento. O fato é que os esgotos são lançados a céu aberto. Principalmente os rios refletem a situação de poluição e nas praias não há condições de balneabilidade”, disse.

Lúcio Macedo frisou ainda os problemas de drenagem em algumas áreas da cidade. De acordo com ele, são apenas 10% de cobertura nas vias e 71 pontos críticos de alagamentos. Além disso, há ainda os resíduos sólidos que não têm um manejo adequado por parte do Executivo municipal, e o reflexo é a presença de pequenos lixões em praticamente todos os bairros.

Segundo o professor, a ocupação desordenada do solo é um dos obstáculos. Quando a população ocupa as áreas marginais, de mangue ou com fragilidade de solo, ela interfere no meio, causando grandes impactos ambientais. Associado a outros fatores, isso implica na contaminação dos poços, lençóis freáticos e no aumento de doenças.

Investimentos
O presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), Davi Telles, também reconhece a interferência do uso e ocupação do solo sobre o saneamento ambiental. Ele explica que os esforços aplicados são muitos, mas a participação de todos os envolvidos é fundamental para que se chegue a uma solução definitiva.

“Temos um problema de gestão de uso e ocupação do solo muito grave, e isso acaba refletindo diretamente na problemática do lançamento de dejetos nas águas, falta de coleta de lixo e em relação ao esgoto. A Caema tem feito um esforço enorme para despoluir bacias. No entanto, se a questão do uso e ocupação do solo não for encarada de maneira estratégica, chamando para o debate e ações positivas os municípios envolvidos, não chegaremos a uma solução”, afirmou Davi Telles.

Enquanto isso, a Caema investe em ações para reduzir os déficits de abastecimento de água e aumentar o serviço de coleta de tratamento de esgoto. Entre os principais investimentos da Caema nessa área estão: a implantação de 355 quilômetros de redes coletoras e interceptoras em São Luís; a instalação de 35 elevatórias de esgoto e implantação de duas novas estações de tratamento de esgoto, sendo uma delas no Vinhais.

SAIBA MAIS

Segundo o Instituto Trata Brasil, saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. bratel, percorrendo a Avenida Sarney Filho, a principal do bairro. Na Praça 1º de Maio, aconteceu a primeira parada para apresentação de grupos de coreografia, teatro, flash mob e louvores. O encerramento foi na Praça Sete Palmeiras (Viva), com mais apresentações.

Esgoto polui São Luís

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