Transporte em foco

Para especialista, é preciso diversificar transporte coletivo

Francisco Soares, coordenador do Observatório do Trânsito, afirma que exclusividade de uma modalidade de transporte deixa população à mercê, em caso de crise

Jock Dean

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

Na quinta-feira, dia 19, os usuários do Sistema de Transporte Coletivo de São Luís ficaram a pé, depois das 20h, por causa do recolhimento da frota de ônibus após ataques criminosos aos coletivos, ocorridos na cidade horas antes. Esta não foi a primeira vez em que a população ficou sem ter como sair ou voltar para casa este ano. No dia 23 de fevereiro, a cidade amanheceu sem ônibus nas ruas por causa de uma paralisação parcial do serviço por parte dos rodoviários, após os empresários descumprirem acordos trabalhistas. Ano a ano, o problema se repete. Em 2014, foram 16 dias sem transporte por causa da greve dos rodoviários que reivindicavam aumento salarial. Para especialista, isso demonstra que São Luís precisa investir em alternativas para o transporte público na capital.

Para Francisco Soares, que é coordenador do Observatório do Trânsito, da Fundação Professor Odilon Soares (FOS), e que já foi secretário adjunto de Transportes, da Secretaria de Estado das Cidades e do Desenvolvimento Regional Sustentável (Secid), de 2007 a 2009, é preciso quebrar a exclusividade do ônibus como meio de transporte coletivo da capital. “O monopólio modal, como se chama, tira toda a segurança do transporte, porque se fica à mercê desse tipo de veículo. Em caso de greve, ou como nesta situação de crise na segurança, cria-se uma crise nos transportes, já que o sistema para”, afirma.

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Mas Francisco Soares informa que problemas como este já poderiam estar com uma solução em andamento. “Essa crise dos transportes em que São Luís está entrando não é aguda, mas crônica. Desde 2008 temos vislumbrado essa situação. Naquele ano, abrimos um processo licitatório para implantar o VLT [Veículo Leve Sobre Trilhos] em São Luís, que sairia do Terminal de Integração da Beira-Mar, seguindo até o Tirirical, passando pela Ponte 4º Centenário. Mas o projeto foi interrompido por causa da mudança de governo”, disse.

O projeto do VLT foi retomado no último ano da gestão do ex-prefeito João Castelo, em 2012. Na época, foram construídos 800 metros de trilho, que se estendiam do ponto que segue do fundo do Terminal de Integração da Praia Gran­de até o Mercado do Peixe, mas o projeto mais uma vez não foi para a frente após a mudança na gestão municipal. “Foi um projeto que não teve o estudo de viabilidade necessário, porque não se pode implantar um sistema de VLT sem via permanente [trilhos]. Naquele ano, a Prefeitura tentou criar uma via permanente, o que era altamente complexo do ponto de vista ambiental, além de ser uma interferência mui­to grande no trânsito. Por isso, não se conseguiu ir muito além do pequeno trecho construído”, explicou Francisco Soares.

NÚMEROS
168 linhas de ônibus compõem o Sistema de Transporte Coletivo de São Luís

874 ônibus é o total da frota operante

SAIBA MAIS

Sem a continuidade do projeto, o VLT, que havia chegado a São Luís em 5 de setembro de 2012, foi retirado da estação construída no Terminal de Integração da Praia Grande, desmontado e guardado em um galpão em dezembro de 2013.

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