Transporte em foco

Cinco alternativas são apontadas para o transporte coletivo de SL

Além do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), São Luís poderia usar BRT para o transporte de massa de passageiros; vans e carros-lotação fariam o transporte interbairros e porta a porta; transporte hidroviário também deveria ser estudado

Jock Dean

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

[e-s001]A retomada do projeto de implantação do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) é apenas uma das alternativas apontadas por Francisco Soares para aumentar a oferta de transporte coletivo de São Luís. Se tivesse sido implantado, o VLT transportaria 200 mil pessoas por dia na capital. Segun­do o coordenador do Observatório do Trânsito, da Fundação Professor Odilon Soares (FOS), é pos­sível implantar serviços de transporte interbairros e porta a porta sem custos elevados para os cofres públicos.

Para Francisco Soares, a Prefeitura poderia retomar o projeto de instalação do VLT, colocando-o para fazer o transporte de passageiros da Estiva para o Maracanã. “Poderia colocá-lo para cir­cular até um pouco mais longe, chegando ao Terminal de Integração do São Cristóvão. Nessa área, há três estações antigas, que poderia ser remodeladas: a Estação Mandubé, próximo à Estiva; a de Piçarra, que tem até um trecho para guardar material combustível; e a de Araracanga, no Ma­racanã. Estas três poderiam atender perfeitamente a população com o VLT em funcionamento”, sugere.

BRT
Soares aponta também a implantação do sistema BRT (Bus Rapid Transit ou trânsito rápido de ônibus) como alternativa para melhorar o transporte coletivo de São Luís. No entanto, a frota de ônibus da capital teria de ser adaptada, pois, a rigor as portas para embar­que e desembarque de passageiros no sistema BRT ficam ao lado esquerdo do veículo, pois as estações são instaladas no canteiro central das avenidas, que também teriam de ser requalificados, além das calçadas, com a mudança dos postes de energia elétrica.

Em São Luís, duas avenidas poderiam ser as primeiras a receberem este sistema. A Holandeses serviria como piloto do projeto. “Essa avenida quase toda admite uma caixa específica para o VLT. Por ser uma via onde o fluxo de coletivos é menor, ela serviria de teste para a Prefeitura, que, tendo domínio do sistema, poderia expandi-lo para outra área”, comenta Soares. “Caixa” é o espaço na faixa de rolamento das avenidas para a circulação do BRT.

Após isso, seria possível implantar o BRT ao longo da Jerônimo de Albuquerque, onde o tráfego de ônibus é maior, além da demanda de passageiros do transporte coletivo já que a via corta diversos bairros da cidade. “Na Jerônimo de Albuquerque, haveria um problema nas proximidades do Elevado da Cohama, por causa dos engarrafamentos na área, que poderia ser resolvido com melhoria na engenharia de tráfego”, explica.

[e-s001]Vans
Outra opção seria a regularização do transporte urbano de passageiros por meio de vans, como já ocorre hoje, no transporte intermunicipal, que poderia ser adaptado para o transporte urbano da capital. As vans, por serem menores, garantiriam transporte a moradores de áreas em que o aces­so do ônibus é mais difícil ou poderiam ser utilizadas ainda no transporte interbairros, evitando que um morador do Cohatrac tivesse que pegar uma linha convencional para chegar à Cohama, por exemplo. “Isso evitaria a concorrência entre os dois tipos de transportes, que poderia desequilibrar financeiramente o sistema de transporte coletivo”, explica Soares. Esse transporte seria feito pelas vias interbairros, evitando o uso das vias principais, que ficariam preferenciais para os ônibus.

A regulamentação do serviço de transporte feito por vans coibiria ainda o transporte irregular como o feito hoje pelos chamados “carrinhos”, aponta Francisco Soares. “Ainda assim, em um sistema planejado, a Prefeitura poderia manter uma frota pequena de carrinhos para fazer o transporte por­ta a porta [individual] de passageiros com dificuldades de lo­comoção, como deficientes físicos, idosos e pessoas em tratamento médico que não têm condições de enfrentar o transporte coletivo. Seria um serviço social da Prefeitura”, comenta.

Propostas em estudo
A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) informa que o projeto do BRT já foi apresentado em audiências públicas. A implantação do Novo Corredor de Transporte, que interligará as principais avenidas da cidade por meio do sistema BRT beneficiará cerca de 600 mil pessoas e proporcionará descongestionamento do trânsito nas principais avenidas e o deslocamento mais ágil por meio do sistema de transporte coletivo.


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Sobre a proposta de implantação do VLT, a SMTT informa que a implantação do veículo pela gestão anterior não foi antecedida de planejamento ou estudo. A atual administração apresentou projeto ao Governo Federal com a finalidade de viabilizar um novo traçado para o VLT, projeto este que está sob análise. Enquanto isso, com o objetivo de preservar o bem público, mantém as composições do VLT em galpão apropriado, respeitan­do todos os trâmites legais.


SAIBA MAIS

HIDROVIAS
Francisco Soares sugere ainda a utilização do transporte hidroviário pelas margens dos rios Anil e Bacanga. Mas para isto seria necessário fazer uma pequeno obra para uma barragem semissubmersa que garantisse a lâmina d’água necessária para que as embarcações pudessem navegar. Nessa modalidade de transporte seria utilizado um veículo chamado “hovercraft”, também chamado de aerobarco, veículo que se apoia num colchão de ar e é capaz de atravessar diversos tipos de solo e também pode deslocar-se na água. Esse tipo de transporte integraria o rodoviário com o hidroviário por meio do Terminal da Praia Grande, que já tem acesso para o mar. Outra sugestão seria o uso de teleféricos da região do Sítio do Tamancão ou Colônia do Bonfim, no Anjo da Guarda. O trecho, estimado por Francisco Soares em cerca de 800 metros integraria a área Itaqui-Bacanga ao Terminal da Praia Grande, diminuindo o tráfego de ônibus pela barragem, reduzindo os engarrafamentos na Avenida dos Portugueses.

SUPER LEVE
O especialista de trânsito Francisco Soares está estudando ainda o desenvolvimento de um tipo de veículo chamado de “Superleve”, que é um meio de transporte de massa de pequenas dimensões para o transporte de, no máximo, 20 passageiros, que andaria em um monotrilho instalado nos canteiros centrais, evitando desapropriações, que encarecem o sistema, circulando nas principais avenidas de São Luís, ao custo de R$ 1 milhão o quilômetro, o que é considerado baixo por Francisco Soares. Esse veículo atenderia cerca de 70 quilômetros. A tecnologia poderia ser totalmente desenvolvida em São Luís por engenheiros locais, montando os veículos na capital, evitando a compra. A estrutura do monotrilho poderia ser semelhante ao do Aerotrem de Porto Alegre (RS).

VLT: ÚNICA VIAGEM
No dia 20 de setembro de 2012, a Prefeitura fez um teste que foi a única “viagem” feita pelo veículo em São Luís. Foram realizados testes estáticos (via permanente) e dinâmicos (veículo). Cerca de 100 passageiros escolhidos entre os usuários que estavam no Terminal de Integração da Praia Grande embarcaram no veículo para percorrerem o trecho implantado. O passeio durou cerca de 8 minutos (ida e vinda) e o VLT chegou a uma velocidade de 30km/h.

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