Crise Política

Em novos áudios, procurador é chamado de “mau caráter”

Conversas do delator Sérgio Machado revelam também que a oposição, capitaneada pelo PMDB, tinha resistências á ascensão de Michel Temer à presidência da República

Marco D''Eça, editor de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48
(Rodrigo Janot e Renan Calheiros: "mau caráter")

Novos áudios de conversas gravadas com lideranças do Congresso Nacional pelo ex-senador Sérgio Machado revelaram, ontem, a opinião destas lideranças sobre o momento políico brasileiro.Numa das peças, por exemplo, o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), chama de “mau caráetr” o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em outro trecho, o ex-presidente José Saney (PMDB) revela a Machado que Michel Temer precisou fazer concessões à oposição para assumir o país.

As covnersas gravadas por Machado vieram à tona na segunda-feira, 24, quando o jornal Folha de S. Paulo publicou os primeiros trechos, de conversas entre Machado e o então ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR). A conversa resultou na queda de Jucá.

Nas novas conversas, que vieram à tona ontem,26, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aparece orientando uma pessoa identificada como Wandemgerg, que seria representante do senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS), sobre como fazer a defesa. A gravação aconteceu no dia 24 de fevereiro, antes da cassação. Na ocasião, Renan não sabia que Delcídio já era delator da Lava Jato.

Renan afirma que é preciso que o presidente do conselho, senador João Alberto Souza (PMDB-MA) peça diligências para não parecer que a investigação estivesse parada. Ele sugere que Delcídio faça uma carta mostrando humildade e que já pagou o preço pelo que fez. É então que Renan ataca o procurador Rodrigo Janot: "Mau caráter! Mau caráter! E faz tudo que essa força-tarefa quer."

Michel Temer

Em novos trechos das conversas de Sérgio Machado com José Saney, o ex-presidente da República revelou que a oposição no Congresso estava resistindo à ideia de apoiar uma transição com Michel Temer na Presidência da República e que um apoio só foi aceito após "certas condições", as quais ele não detalhou.

A resistência dos opositores, segundo Sarney, foi vencida após uma intervenção do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Nem Michel eles queriam, eles querem, a oposição. Eles aceitam o parlamentarismo. Nem Michel eles queriam. Depois de uma conversa do Renan muito longa com eles, eles admitiram, diante de certas condições", disse Sarney a Machado, que assinou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.

Em nota, PSDB sai em defesa do senador Aécio Neves

PSDB divulgou nota pública sobre a citação do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), em diálogos entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e os também senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL). No texto, o partido desqualifica as declarações de Machado sobre Aécio e diz que o delator não apresentou nenhuma prova que comprove as acusações contra o senador.

Fica cada vez mais clara a tentativa deliberada e criminosa do senhor Sérgio Machado de envolver em suspeições o PSDB e o nome do senador Aécio Neves, em especial, sem apontar um único fato que as justifique. As gravações se limitam a reproduzir comentários feitos pelo próprio autor, com o objetivo específico de serem gravados e divulgados”, diz a nota.

O partido informa que vai processar Machado pelas declarações e pela divulgação de áudios em que Aécio Neves é citado. “É inaceitável essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios de uma delação premiada. Por isso será acionado pelo partido na Justiça.”

De acordo com o PSDB, o diálogo em que Renan Calheiros diz ter sido procurado por Aécio, que estaria com “medo” da delação do ex-senador Delcídio do Amaral, não representa nada além da indignação do presidente tucano. “Sobre a referência ao diálogo entre os senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, o senador Aécio manifestou a ele o que já havia manifestado publicamente inúmeras vezes: a sua indignação com as falsas citações feitas ao seu nome”, diz o texto.

Em outra gravação, Jucá diz a Machado que Aécio Neves teria percebido que pode ser implicado pelas investigações da Operação Lava Jato e que teria “caído a ficha” do PSDB sobre os riscos de as investigações continuarem.

O conteúdo das gravações foi divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo.

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