Assembleia

Base governista rejeita requerimento por explicações sobre “emprego fantasma” de Maranhão

Presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA) recebeu irregularmente mais de R$ 360 mil da Uema, instituição da qual é professor de carreira

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48
Andrea quer explicações para pagamentos da Uema a Waldir
Andrea quer explicações para pagamentos da Uema a Waldir

A base do governador Flávio Dino (PCdoB) na Assembleia Legislativa sinalizou ontem, em plenário, com mais um veto a requerimento da oposição relacionado ao caso dos “empregos fantasmas” ligado ao presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA).

Numa votação que acabou anulada ao final – por falta de quórum regimental –, os governistas rejeitaram a convocação do reitor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Gustavo Pereira da Costa, para esclarecer as providências que foram tomadas quanto aos salários pagos indevidamente a Maranhão.

O parlamentar é professor do quadro da instituição e, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, de lá recebeu pelo menos R$ 368 mil irregularmente quando já estava no exercício do mandato.

O requerimento apreciado em plenário é de autoria da deputada Andrea Murad (PMDB) e teve 15 deputados contrários e apenas cinco favoráveis, mas como 21 parlamentares estavam ausentes – o presidente Humberto Coutinho (PDT), nesse caso, não vota -, a apreciação da matéria acabou sobrestada para hoje.

Waldir Maranhão foi blindado pela base do governo
Waldir Maranhão foi blindado pela base do governo

Em discurso antes da votação, Andrea Murad já antecipava o resultado.

“Eu não sei por que o governo insiste em não deixar as coisas esclarecidas. Eu quero saber qual é o problema de o reitor da Uema vir nos esclarecer por que que Waldir Maranhão recebeu dois anos de salário na Uema. Nós queremos respostas para isso. Eu quero saber qual é o crime de uma deputada querer saber e o Brasil inteiro querer entender por que Waldir Maranhão recebeu e embolsou esse dinheiro da Uema”, declarou.

Inquérito – O recebimento irregular dos salários já é alvo de investigação por parte do Ministério Público do Maranhão (MPMA). Na semana passada, os promotores João Leonardo Pires Leal e Zanony Passo Filho, respectivamente titulares da 29ª e 31ª Promotorias da Defesa do Patrimônio de da Probidade Administrativa, instauraram um inquérito contra o deputado Waldir Maranhão.

O parlamentar terá que explicar ao Ministério Público em que condições recebeu os R$ 368.140,09, referentes a cerca de R$ 16 mil por mês, entre fevereiro de 2014 e janeiro de 2016, como professor da Uema.

Maranhão é professor de carreira da instituição de ensino superior, mas deveria haver-se licenciado do cargo para assumir o mandato de deputado. Não existe previsão legal para o recebimento simultâneo dos salários como professor e deputado.

Em nota, a universidade informou, também na semana passada, que que já cobrou do deputado a devolução de dinheiro. Segundo a instituição, o próprio parlamentar chegou a solicitar informações sobre o montante a ser devolvido. Mas ainda não fez a devolução dos recursos.

Filho de Maranhão diz que devolverá dinheiro ao TCE

Em uma carta encaminhada ao presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Maranhão, conselheiro Jorge Pavão, o médico Thiago Cardoso Maranhão, filho presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA) se disse arrependido de ter ocupado emprego fantasma na Corte e se comprometeu a devolver dinheiro recebido irregularmente.

No documento, ele afirma que, inicialmente, não teve "a capacidade de avaliar o grau de sua complexidade" e que não cometeu danos ao erário “com dolo ou má-fé”.

Segundo apuração de O Estado, divulgada com exclusividade na semana passada, o médico recebeu, como funcionário fantasma do TCE, pelo menos R$ 235 mil. Durante o período em que esteve nomeado, ele atuava na medicina em São Paulo – onde também cursa pós-graduação.

"Este requerente vem repetidamente manifestar o seu arrependimento e o interesse de reparar os danos causados ao erário, com a devolução dos valores. Infelizmente, o fato aconteceu, o que cabe agora é reparar os danos porventura causados, tendo em vista que não o cometi com dolo ou má-fé", declarou.

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