BRASÍLIA - Pelo menos três países determinaram aos seus embaixadores que deixem o Brasil, em protesto ao governo provisório do presidente Michel Temer (PMDB). Os presidentes da Nicarágua, da Venezuela e de El Salvador classificam de golpe a destituição de Dilma Rousseff (PT) e chamaram de volta seus representantes no Brasil.
A crise diplomática gerada pelo governo Temer é mais forte entre os países da União de Nações Sul-Americanas e da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Cooperação dos Povos, para os quais o impeachment foi um golpe.
"Tomamos uma decisão de não reconhecer esse governo provisório, porque há uma manipulação política, e vamos mandar chamar nossa embaixadora para que volte ao país", disse o presidente de El Salvador, Sánchez Cerén. Ainda na sexta-feira, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, também anunciou a retirada de seu embaixador do Brasil.
O presidente Michel Temer segue sem congratulações de nenhum chefe de estado ou de governo de todo o mundo. O impeachment da presidente Dilma é visto no mundo inteiro como uma medida dura, embora alguns prefiram tratar o tema como questão interna brasileira.
Quatro dias após a posse, Temer segue criticado em seu continente.
José Serra aumenta tom das respostas às críticas
O ministro das Relações Exteriores do governo Michel Temer, senador José Serra (PSDB), endureceu o discurso em relação ás críticas de países latino-americanos contra a destituição da presidente Dilma Rousseff.
“A nossa preocupação é esclarecer as inverdades que têm sido ditas a respeito do processo brasileiro [de impeachment]. Mas o tom das notas corresponde às falsidades que estão sendo debatidas. Quanto maiores as falsidades, mais forte será o tom. Quanto menores, menos forte é o tom”, declarou.
Diversos países têm se manifestado contra o novo governo Michel Temer. Alguns já chegaram a chamar o embaixador de volta, em protesto.
Chefiado por Serra, o Itamaraty já havia divulgado dois comunicados contrários às manifestações dos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua e entidades da América do Sul contrárias ao impeachment.
Como as críticas aumentaram, o ministro tucano decidiu também aumentar o tom das respostas. Mas a crise tem incomodado o novo governo brasileiro, que tenta se legitimar internacionalmente.
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