Efeito dominó

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

Não há, na história política brasileira, queda tão vertiginosa quanto a experimentada pelo - ainda - vice-presidente da Câmara Federal, o maranhense Waldir Maranhão (PP). De uma hora para outra, Maranhão saiu do mais obscuro baixo clero da Casa para a condição de estrela de noticiários até internacionais e capas de todos os principais jornais do país e do mundo, embora com notícias nada lisonjeiras.
E a reação a este atrapalhado protagonismo do parlamentar - que na verdade começou ainda na votação do impeachment, na Câmara, no mês passado, quando mudou o voto em cima da hora, a pedido do governador Flávio Dino (PCdoB) - também veio com a mesma contundência de suas ações.
Waldir Maranhão já havia perdido o comando do PP maranhense e agora corre o risco de perder também o próprio mandato, ameaçado que está por um grupo que supera os 350 deputados.
Mas a estripulia do presidente interino da Câmara Federal não expôs apenas o próprio Maranhão, mas teve uma espécie de efeito dominó em todos os seus aliados.
O governador Flávio Dino, por exemplo - tido como mentor de suas ações -, foi classificado até de “pateta”, nas palavras do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Os conselheiros Edmar Cutrim e Jorge Pavão, do TCE, ganharam a mídia nacional com notícias fortemente negativas, e o próprio filho do deputado, Thiago Augusto Maranhão, médico que atua como anestesista em São Paulo, foi descoberto em uma sinecura no TCE e atraiu para si os holofotes.
Além de responder a uma sindicância interna do próprio tribunal, para devolver os mais de R$ 235 mil que recebera sem efetivamente trabalhar, o médico filho de Waldir vai ser investigado pelo Ministério Público, que quer saber as circunstâncias de sua nomeação - que, agora revelado, remontaria aos idos de 2003 e não apenas de 2013, como se acreditava.
E o efeito dominó da ascensão e queda de Waldir Maranhão deve atingir ainda prefeitos e candidatos a prefeito e vereador filiados ao PP, que agora já não têm a quem recorrer na instância partidária.

Ridicularizado
A avalanche de manchetes, charges, memes e destaques na mídia tradicional e nas novas mídias sobre o governador Flávio Dino superaram tudo o que se falou sobre ele nos últimos anos.
Tido como o mentor intelectual das ações do presidente interino da Câmara Federal, Waldir Maranhão, Dino foi ridicularizado em notícias no Brasil e no mundo.
O que mais surpreendeu a mídia foi a informação de que a orientação a Maranhão partiu de um ex-juiz federal.

Jogado fora
Em 2015, o governo Flávio Dino fechou contrato de cerca de R$ 6 milhões com uma empresa da mulher do jornalista Ricardo Noblat.
O trabalho da empresa era dar destaque às ações do governador, em jornais, TV, sites, portais e blogs nacionais e internacionais, projetando a imagem do comunista.
O que se viu nos últimos dois dias mostra que nem os R$ 6 milhões conseguiram controlar até mesmo o próprio Noblat nas críticas à ação de Dino em Brasília.

Estarrecidos
Principais líderes do projeto de poder desenvolvido por Flávio Dino a partir de 2010 mantêm silêncio sobre os últimos episódios protagonizados por ele.
José Reinaldo Tavares (PSB), Humberto Coutinho (PDT), Sebastião Madeira (PSDB) e Roberto Rocha (PSB) mostram-se estarrecidos, ainda que nos bastidores, com a atitude do governador.
Nem mesmo seu principal auxiliar e amigo pessoal, jornalista Márcio Jerry, parece ter concordado com a ação envolvendo o impeachment.

Não colou
O líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Rogério Cafeteira (PSB), tentou desvincular Flávio Dino do ato de Waldir Maranhão na Câmara.
Ele afirmou que a oposição quer ligar Dino ao ato de Waldir, que acabou se transformando em motivo de chacota por parte dos críticos no âmbito nacional.
Cafeteira só esqueceu que foi o próprio governador quem admitiu ter aconselhado Waldir a respeito da decisão de nulidade do processo de impeachment.

Desgaste
Foi de grandes proporções o desgaste do governador após a manobra perpetrada na Câmara Federal por Waldir Maranhão.
Dino embarcou num avião da FAB de São Luís a Brasília, ao lado de Waldir, horas antes da decisão que chocou e parou o país.
Depois disso, fez questão de colocar-se no centro da polêmica, como o personagem que teria influenciado o parlamentar. Acabou “massacrado” pela mídia nacional.

Déficit
As contas do Governo do Estado relativas a 2015 apresentam déficit de R$ 231 milhões, denunciou ontem o deputado Adriano Sarney (PV), na tribuna da Assembleia.
"Houve aumento de receita e de despesa. O governo extrapolou as metas", disse.
O deputado vinha analisando o orçamento desde fins de abril, quando técnicos da Secretaria de Planejamento prestaram esclarecimentos à Comissão de Orçamento sobre o cumprimento das metas fiscais referentes ao terceiro quadrimestre de 2015.

Ausências
A Câmara Municipal de São Luís continua em um ritmo lento, típico de ano eleitoral.
Os vereadores têm faltado às sessões ordinárias. Eles estão mais envolvidos com os trabalhos em suas bases. Tudo para tentar garantir a reeleição.
Para barrar esse recesso branco, bastaria colocar em prática a proposta de desconto salarial dos parlamentares que faltarem às sessões.

E MAIS

• A governadora Roseana Sarney afirma que sempre avalizou a candidatura do vereador Fábio Câmara a prefeito de São Luís.

• O pré-candidato a prefeito João Bentivi (PHS) quer formar um pool de candidatos da oposição num pacto de aliança e não-agressão na campanha em São Luís.

• Os empresários do setor de transporte lutam para barrar administrativamente a Licitação no Transporte, com uma ação judicial contra o projeto do prefeito Edivaldo Júnior.

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