opiniao

Instabilidade agravada

editorial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

Brasília é agora, mais do que nunca, o centro das atenções do Brasil. Lá estão sendo tomadas decisões jurídicas - nas mais altas cortes judiciais do país - que complicam ainda mais o já conturbado ambiente político. E a temperatura na capital brasileira deve aumentar ainda mais na próxima semana, quando o Senado Federal decidirá se afasta ou não a presidente Dilma Rousseff do cargo, dando ao atual vice-presidente Michel Temer e seus novos aliados o comando do país.
A instabilidade política, que já atingiu níveis perigosos, aumentou ontem com o afastamento do então presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), que julgou ser necessário afastá-lo do mandato de deputado e, consequentemente, do comando da casa legislativa para assegurar que ele não usará a instituição para atrapalhar as investigações da operação Lava Jato, em que é um dos réus.
O entendimento do Supremo, embora tenha atendido ao clamor dos que questionavam a legalidade da permanência de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, não contribuiu para a redução da instabilidade política no Congresso Nacional. É que seu substituto, o deputado maranhense Waldir Maranhão, também é um dos investigados na operação Lava Jato e assumiu o cargo de forma interina, pois só será realmente efetivado se Cunha tiver seu mandato cassado pela própria Câmara. Nesse contexto, o ambiente está longe de ser pacificado naquela Casa do Congresso Nacional.
Paralelamente, os senadores dão andamento ao processo de julgamento da presidente Dilma Rousseff, hoje com a votação do relatório na comissão especial, e depois no plenário do Senado, provavelmente na próxima quarta-feira, dia 11. Dirão se ela cometeu ou não crime de responsabilidade fiscal, e se deve ou não ser punida com o impedimento.
Por outro lado, a defesa da presidente reforça o argumento de que ela é vítima de um golpe orquestrado por Eduardo Cunha, agora embasada na decisão do Supremo Tribunal Federal. E é com essa argumentação que, mais uma vez, recorrerá às instâncias cabíveis para tentar barrar o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Esse turbilhão jurídico e político que toma conta dos três poderes em Brasília tem gravíssimo reflexo na vida de todos os brasileiros, pois, se não paralisa, no mínimo adia as já urgentes medidas que precisam ser tomadas para retomar a estabilidade econômica do Brasil. Enquanto não se decide, em definitivo, quem comanda o Legislativo e o Executivo federais, não se aprova as medidas administrativas, políticas e financeiras que precisam ser aplicadas para recolocar o país nos trilhos.
Os milhões de desempregados, os profissionais recém-formados, os produtores rurais, os pequenos e grandes empresários, estudantes e beneficiários de programas sociais esperam ansiosos que, em Brasília, seja estabelecido o tão desejado e necessário equilíbrio na condução das instituições que decidem o futuro do país.

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