Executivo

Procuradores buscam diálogo com governo antes de ir à Justiça contra alterações na PGE

Em reunião no Palácio, líderes da categoria decidiram apresentar proposta formal de alteração de pontos considerados “mais graves” de lei aprovada pela Assembleia

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48
(Procuradores tentam abrir diálogo com o governo)

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do DF (Anape), Marcello Terto, e o presidente da Associação dos Procuradores do Maranhão (Aspem), Augusto Brandão, decidiram ontem, após reunião com membros do Governo do Estado, que apresentarão na próxima segunda-feira, 9, uma proposta formal de alteração de pontos considerados “mais graves” da lei aprovada pela Assembleia Legislativa com mudanças à Lei Orgânica da Procuradoria-Geral do Estado (PGE).

Entre as principais alterações questionadas estão a proibição do exercício da advocacia liberal pelos procuradores do Estado que ingressarem na carreira a partir deste ano, a prevalência de membros ocupantes de cargos comissionados no Conselho Superior da PGE, e a retirada, desse mesmo colegiado, de um representante dos procuradores aposentados.

A reunião ocorreu no Palácio dos Leões, onde os representantes da categoria foram recebidos pelo secretário-chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares (PSB), e pelo procurador-geral do Estado, Rodrigo Maia. A agenda deveria ter ocorrido com a presença do governador Flávio Dino (PCdoB), que não participou do encontro. O procurador Daniel Blume também acompanhou a comitiva das associações.

Apesar de apontar inconstitucionalidade da nova lei – e vícios ao processo legislativo que culminou com sua aprovação –, os procuradores acreditam que podem conseguir avanços a partir do diálogo. Mas não descartam judicializar a questão.

“Entregaremos nossa proposta formal na segunda-feira, porque acreditamos nesse diálogo. De todo modo, as ações judiciais já estão autorizadas pelo Conselho Deliberativo da Anape”, disse Marcello Terto, após a reunião.

Como é que o governador veda a advocacia para os procuradores, se ele determina que os procuradores advoguem para os policiais?”Daniel Blume, procurador do Estado
Imposição - Em entrevista exclusiva a O Estado, o presidente da Anape argumentou que as alterações feitas à Lei Orgânica da PGE refletem “a imposição de posições pessoais do governador”.

“Nós não podemos nos conformar com a imposição de posições pessoais do governador, alterando a estrutura da Procuradoria sem que isso seja objeto de um diálogo mais profundo, no que diz respeito à avaliação da carreira, à avaliação do gabinete do procurador-geral e do Conselho, que até poucos dias atrás era proporcional e perdeu essa proporcionalidade”, defendeu.

Terto aponta, ainda, vícios formais no processo de aprovação da matéria pela Assembleia, e critica a necessidade de urgência da tramitação.

“Afora isso tudo, temos algumas questões de ritual legislativo que foram desrespeitadas e que nós vamos levantar para questionar a validade da aprovação dessa lei: em 24 horas alterar questões estruturais de um órgão constitucional como a PGE, sem um diálogo, sem a oportunidade de se fazer um contraponto, é no mínimo questionável”, ponderou.

Uma decisão sobre a necessidade de judicialização do caso só será tomada após resposta oficial do Executivo aos pleitos da categoria.

MAIS

O processo que culminou com a aprovação das alterações à Lei Orgânica da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) já está sendo questionado na Justiça pela deputada Andrea Murad (PMDB). Ela alega irregularidade após ter sido impedida pelo presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Rafael Leitoa (PDT), de pedir vistas da matéria, que tramitou em regime de urgência.

Anape aponta contrassenso de veto a advocacia privada

Ao questionar o veto do governo Flávio Dino (PCdoB) ao exercício da advocacia liberal pelos procuradores do Estado que ingressarem na carreira a partir deste ano, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do DF (Anape), Marcello Terto, aponta contrassenso da medida.

Segundo ele, o Executivo não pode impedir os procuradores de advogar quando já os obriga a atuar como defensores de servidores do Sistema de Segurança Pública.

“Não adianta você atribuir a competência à Procuradoria [para defender agentes públicos], principalmente agora que o governador diz que os procuradores não poderão exercer a advocacia privada”, destacou.

Segundo ele, no Estado de Goiás essa mesma questão foi resolvida a partir da criação de um fundo por meio do qual o Estado garante a defesa do servidor, desde que atendidos determinados critérios, arca com a despesa com o custeio do patrocínio da causa e, caso ele venha a ser condenado, tem condições de mensurar e ser ressarcido do valor despendido.

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