Atrito

PCdoB amplia espaços no Governo e neutraliza partidos da base aliada

Partido alcançou, nas últimas semanas, mais duas importantes pastas da administração: Educação e Saúde, enquanto outras siglas acabaram perdendo espaços

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48
(Mudanças no Governo)

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), comandado no Maranhão pelo secretário de Estado de Comunicação e Articulação Política, Marcio Jerry, tem ampliado os seus espaços no Governo Flávio Dino (PCdoB) nos últimos meses.

E como reflexo direto deste movimento, partidos que compõem a base da administração comunista acabaram neutralizados e/ou com redução de força na máquina pública.

Na estrutura que deu início ao Governo, o PCdoB era ‘dono’ apenas da Secretaria de Estado da Infraestrutura, da Segurança Pública, da pasta de Assuntos Políticos, Igualdade Racial e Secretaria da Mulher. Um ano e quatro meses depois, a sigla já ocupa também a Secretaria de Estado da Educação, a Secretaria de Estado da Saúde, e a Comissão Central de Licitação (CCL), pastas que ditam os rumos da administração estadual.

E foi justamente isso que evidenciou o aumento de força da legenda na estrutura do primeiro escalão do Governo Flávio Dino.

No início do mês de março, Áurea Prazeres foi substituída por Flávio Dino pelo hoje secretário de Educação, Felipe Camarão. Felipe não é filiado ao partido, mas foi a cúpula do PCdoB quem defendeu a nomeação dele, que desde então passou a ser tratado como parte da cota pessoal de Dino.

A troca de secretários, na ocasião, acabou abrindo uma crise no Governo com o PDT, comandado pelo deputado federal Weverton Rocha, uma vez que Áurea Prazeres havia sido indicada pelo comando estadual da legenda em 2015.

Antes de deixar a Educação, Prazeres acabou entrando em conflito com a direção do PDT e rompeu com Weverton Rocha. O partido passou então a pressionar o governador Flávio Dino para que houvesse a substituição da secretária.

Dino substituiu Áurea, mas não atendeu as exigências do PDT. A legenda perdeu espaços.

Saúde – Na semana passada o PCdoB ampliou ainda mais a sua base na administração estadual. O médico Marcos Pacheco, filiado ao PDT – mas que não pertencia à cota do partido -, foi exonerado do cargo. No lugar dele, entrou o advogado Carlos Lula, consultor legislativo da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Lula não é filiado ao partido, mas trata-se de um “comunista orgânico”. Atuou como advogado da legenda e do governador Flávio Dino nas últimas duas campanhas eleitorais e se manteve ligado ao projeto de poder comunista. É visto portanto, como cota do partido no primeiro escalão do Governo do Estado.

Mais

No mês de março o deputado federal Weverton Rocha (PDT), apesar da crise, rechaçou a tese de que o PDT havia perdido espaços no Governo Flávio Dino (PCdoB), após a queda de Áurea Prazeres na Educação. “Não se perde aquilo que não se tem. Faz tempo que Áurea não representava mais o partido”, justificou na ocasião. Sobre o fato de a legenda não ter indicado um substituo para o comando da pasta – cota na concepção inicial do Governo -, ele desconversou. Disse apenas que a legenda não perdeu espaço algum.

PDT e PCdoB ampliam disputas em municípios

Apesar de tecnicamente os partidos PDT e PCdoB trabalharem em prol da reeleição do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) em São Luís, a disputa entre os dois partidos apenas se amplia em alguns dos maiores colégios eleitorais do Maranhão, para as eleições municipais 2016.

Em Imperatriz, por exemplo, o PDT defende a candidatura da suplente de deputada federal Rosângela Curado, enquanto o PCdoB, do governador Flávio Dino, trabalha pela eleição do deputado estadual Marco Aurélio, vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa.

Em Paço do Lumiar, na Região Metropolitana de São Luís, o PDT trabalha pela reeleição do prefeito Josemar Sobreiro. Já o PCdoB, defende a pré-candidatura do ex-deputado federal Domingos Dutra.

Na administração municipal em São Luís, a disputa – velada -, é por ampliação de espaços. O PCdoB atuou, nos três primeiros anos da gestão de Edivaldo, como o partido de maior influência no primeiro escalão.

O cenário, contudo, mudou. Edivaldo foi convencido por Weverton Rocha a deixar o PTC, partido pelo qual foi eleito, e ingressar nas fileiras do PDT em novembro do ano passado. Desde então, a legenda passou a ditar os rumos da administração e o PCdoB acabou diminuído.

Na prática, há outra constatação feita por nos bastidores. O governador Flávio Dino, deixou de atuar como o principal articulador de uma eventual reeleição de Edivaldo. Weverton Rocha assumiu esse papel.

E todo esse movimento tem influência direta no projeto político, de ambos os lados, para as eleições de 2018 no estado.

Secretários demitidos são abrigados em cargos inferiores

Desde o início da gestão Flávio Dino (PCdoB), já foram sete os auxiliares dos escalões mais altos da administração pública, descartados de seus cargos por não terem conseguido atingir as metas propostas pelo governador.

Quase todos, a exceção de um, permanecem no Governo, mas só que em cargos inferiores, de segundo ou terceiro escalões. A oposição classifica a prática como uma espécie de “prêmio de consolação”, ou a incapacidade de Dino admitir o fracasso em determinados setores da administração pública, como definiu a deputada Andrea Murad (PMDB) na semana passada.

O último secretário demitido do cargo por Flávio Dino, foi Marcos Pacheco, até então titular da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Ele foi redirecionado para a Secretaria Extraordinária de Articulação de Políticas Públicas.

Antes de Pacheco, já haviam sido descartados por Flávio Dino, a professora Ester Marques, da Secretaria da Cultura; Paulo Guilherme, da Comissão Central de Licitação (CCL); Fortunato Macedo, da Agerp; Áurea Prazeres, da Secretaria de Educação; Delma Andrade, da Secretaria do Turismo e Ednaldo Neves da Secretaria de Infraestrutura. Todos, a exceção de Rosângela Curado, exonerada da Saúde em 2015, permanecem em assessorias especiais no Palácio dos Leões ou na Casa Civil, comandada por Marcelo Tavares (PSB).

Na semana passada, a líder do Bloco de Oposição, deputada Andrea Murad, tratou deste aspecto na tribuna da Assembleia Legislativa. Ela fez duras críticas ao governador Flávio Dino pela prática adotada na administração pública.

“Parece que falta coragem ao governador em demitir os auxiliares que não alcançaram as metas estipuladas pelo próprio Governo. Abrigar esses mesmos auxiliares em cargos menores, na administração pública, é retrato da incompetência deste Governo. É algo absurdo”, disse.

Na semana passada, ao substituir o comando Pacheco pelo advogado Carlos Lula, na Saúde, Flávio Dino afirmou que a troca ocorreu tendo por base uma estratégia de governo.

“Faço mudanças na equipe de governo sempre levando em conta novos desafios e metas que cada conjuntura oferece”, disse.

A base governista defendeu a decisão de Flávio Dino.

Mais

Ao anunciar a substituição no comando da Secretaria de Estado da Saúde, o governador Flávio Dino (PCdoB) justificou o ato, com o argumento de que as mudanças levam em conta desafios e metas na gestão. Carlos Lula, novo titular da pasta, assumiu o cargo efetivamente na última sexta-feira, em ato no Palácio dos Leões.

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