Mudança

Dilma viaja para os EUA e Temer assume Presidência

Presidente deverá usar os cinco minutos de discurso que terá no evento da ONU para falar do processo de impeachment que enfrenta no Congresso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Dilma vou orientada por aliados a falar sobre processo de impeachment
Dilma vou orientada por aliados a falar sobre processo de impeachment (Dilma)

Brasília - A presidente Dilma Rousseff (PT) embarcou na manhã de ontem para Nova York (EUA), onde participará, hoje, da cerimônia de assinatura do acordo elaborado no ano passado, em Paris, sobre mudanças climáticas. No período em que Dilma estiver no exterior, o vice-presidente Michel Temer assumirá o cargo como presidente em exercício. Segundo a assessoria, o peemedebista, que está em São Paulo, retornou a Brasília ontem mesmo apesar de um protesto que ocorreu em frente à sua casa.

A informação de interlocutores do governo é que a presidenta foi convencida a fazer a viagem para pregar ao mundo que está sofrendo um golpe. De acordo com análises internas do Palácio do Planalto, Dilma não possui alternativa, porque a admissibilidade do processo de impeachment no Senado é dada como praticamente certa. A saída seria criar uma pressão internacional contra o processo e angariar apoio popular.

A aposta é que os movimentos sociais voltem a organizar grandes manifestações contra o processo de afastamento, e que, com o tempo, a sociedade perceba que o vice-presidente, Michel Temer, não teria apoio para assumir o poder. De acordo com o ministro-chefe do Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, em entrevista a imprensa internacional “está clara a existência um golpe dissimulado para tomar a presidência da República”.

Wagner disse que, em Nova York, a presidenta falará do momento político brasileiro. “Ela não poderá deixar de manifestar sua indignação com o golpe que se está se construindo no Brasil; que o processo em curso é artificial e falso, porque Dilma é uma mulher honesta que não cometeu nenhum crime, e o que está havendo no país é o mau uso do impeachment”, disse.

Oposição

Diante da avaliação de Dilma de denunciar o "golpe" no Brasil, parlamentares da oposição e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) criticaram a presidente e refutaram a tese. Para o ministro Celso de Mello, por exemplo, Dilma comete um "equívoco" quando fala em golpe porque a Corte já "deixou claro" que os procedimentos do processo respeitam a Constituição. A viagem da presidente da República aos Estados Unidos estava prevista desde o mês passado, mas, diante do cenário de crise política, cogitou-se a possibilidade de a viagem ser cancelada. Segundo a Secretaria de Comunicação Social, ainda não há confirmação sobre quando Dilma retornará ao Brasil.

Acordo
Inicialmente, havia a previsão de que Dilma também participasse da sessão especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o Problema Mundial das Drogas. No entanto, ela não chegará a tempo ao evento.
Nos Estados Unidos, a presidente não deverá ficar hospedada em hotel, como costuma fazer em viagens. A previsão é que ela se hospede na residência oficial do embaixador do Brasil na ONU, Antônio Patriota, que comandou o Ministério das Relações Exteriores entre 2011 e 2013.

Dilma participa de assinatura

A agenda da presidente prevê a presença dela apenas na solenidade de assinatura do acordo do clima. Esse acordo envolve metas dos países signatários para reduzir a emissão de gases do efeito estufa, ampliar o uso de matrizes energéticas limpas e reflorestar áreas verdes desmatadas.

Temer: chamar impeachment de golpe é ruim para o Brasil

O presidente em exercício do Brasil, Michel Temer (PMDB-SP), criticou a caracterização do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff como um golpe. À agência de notícias Dow Jones, ele declarou que está pronto para assumir o governo caso o impeachment vença também no Senado. O peemedebista afirmou também que tem "na cabeça" nomes para seu eventual gabinete.
Temer, que assumiu como presidente em exercício durante viagem de Dilma a Nova York, nesta quinta-feira, 21, afirmou que os procedimentos do impeachment estão em linha com a Constituição do Brasil e que falar sobre golpe de Estado prejudica a imagem do País no exterior.
"Vou retornar ao meu posto assim que ela voltar", disse durante a entrevista. O retorno de Dilma está previsto para domingo, 24. "Cada passo do impeachment está de acordo com a Constituição", acrescentou. "Como isso poderia ser chamado de golpe?"
A agência destaca que as falas de Temer vêm em um momento histórico de "profunda crise", com recessão econômica e tensão política. Um porta-voz do Planalto disse que o governo não iria comentar as declarações de Temer.

Protesto
Manifestantes do movimento Levante Popular da Juventude fizeram um ato na manhã de ontem em frente à residência do presidente em exercício Michel Temer, no Alto de Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
Carregando cartazes com imagens de Temer, instrumentos musicais, coreografias e gritos de “Não vai ter golpe”, os manifestantes protestaram entre as 8h e as 9h da manhã. Eles deixaram o local em um ônibus.
Segundo Larissa Sampaio, uma das integrantes do movimento, o ato foi destinado a chamar a atenção para o que chama de golpe contra a presidenta da República, Dilma Rousseff.
“Nesse último período, em que há um golpe em curso, a gente viu que algumas pessoas têm sido centrais na articulação desse golpe. Aproveitamos o dia 21 de abril, dia do assassinato de Tiradentes para denunciar Temer, que tem sido um dos principais articuladores do golpe”, disse.

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