Medo

Clima é de apreensão, após incêndio no Mercado Central

Comerciantes que trabalham no local estão preocupados com falta de infraestrutura no prédio antigo; espaço está no cronograma de reformas do projeto do PAC Cidades Históricas, mas obras ainda não foram iniciadas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Um dos estabelecimentos que foram destruídos pelo fogo estava sendo limpo ontem
Um dos estabelecimentos que foram destruídos pelo fogo estava sendo limpo ontem (MERCADO22041601H)

SÃO LUÍS - Após o incêndio que atingiu um dos boxes do Mercado Central, na manhã da última quarta-feira, 20, os comerciantes estão ainda mais preocupados com o estado do prédio. Os problemas de infraestrutura no mercado são antigos e uma grande reforma era esperada há muitos anos por eles. Com o incêndio, um clima de apreensão se instalou no local.

O incêndio começou por volta das 6h e foi controlado por homens do Corpo de Bombeiros. As chamas atingiram cinco estabelecimentos, destruindo completamente um deles. Na manhã de ontem, os proprietários deste box limpavam o espaço e faziam os primeiros reparos emergenciais.

De acordo com eles, onde eram comercializados animais, ração, artesanato e ferragens, o prejuízo ainda era incalculável. Além das mercadorias perdidas, eles teriam que arcar com a expedição de novas licenças do Ibama e, principalmente, com a reforma total da estrutura do estabelecimento, incluindo a laje que ficou destruída.


Preocupação
O incidente chamou a atenção para os problemas de falta de infraestrutura no local e a necessidade de uma reforma no prédio. Os comerciantes contam que estão temerosos por causa das condições em que se encontra o mercado. A fiação elétrica e a própria cobertura do prédio preocupam ainda mais depois do incêndio.

Cleonice Matos, uma das comerciantes do local, contou que a família trabalha no mercado há mais de 50 anos e foram poucos os reparos realizados nesse período. “Meu pai conta que já são quatro governos que entram, fazem projeto e maquete e a reforma nunca sai do papel. Com esse incêndio, corre o risco de comprometer a estrutura”, disse.

Lucinete dos Santos, que vende refeições no mercado, também teme que novos incêndios aconteçam. “Se fosse de madrugada, teria queimado tudo. Tenho medo de cair a laje também porque ela está destruída. É o jeito a gente se arriscar para trabalhar. Já estamos há muito tempo esperando que façam alguma coisa. Talvez, finalmente, façam”, afirmou.


Intervenção
A reforma do espaço está prevista no rol de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas. Contudo, os serviços ainda não foram iniciados e ainda não há uma previsão para o começo das obras. A Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é responsável pela coordenação do programa no estado. A obra está orçada em R$ 8 milhões.

O Ministério Público já acompanha o problema de feiras e mercados da capital. Desde 2001, a então Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Cidadão (hoje, 11ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa dos Direitos Fundamentais), ingressou com uma Ação Civil Pública por reforma e adequação de 27 feiras e mercados, entre eles o Mercado Central.

A ação foi sentenciada, inicialmente, em junho de 2012, favorável ao pedido do MP. A Prefeitura de São Luís, no entanto, ingressou com diversos recursos, todos vencidos pelo Ministério Público. A última confirmação da sentença, de agosto de 2015, dava prazo de 120 dias para a realização das obras, sob pena de multa diária de R$ 15 mil.

O Tribunal de Justiça do Maranhão, porém, acatou um Agravo Regimental proposto pela Prefeitura de São Luís. Apesar de todos os esforços do Ministério Público do Maranhão, o Poder Judiciário manteve a decisão que suspendeu a necessidade de cumprimento da sentença até fevereiro de 2017.

Saiba Mais

Em 2012 foi aprovado o orçamento de R$133 milhões para restaurar prédios públicos de São Luís pelo PAC Cidades Históricas. Estavam previstas 44 obras, entre elas a reforma do Mercado Central.

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